sab676.jpg

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2001 Catherine George

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Sua por lei, n.º 676 - julho 2020

Título original: Legally His

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1348-531-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

 

 

 

 

A velha casa era linda e imponente. A sua arquitectura remetia às páginas dos romances da famosa escritora inglesa, Jane Austen. O sistema antiquado de aquecimento, porém, tornava-se um ponto negativo aquando da chegada dos hóspedes no Inverno. O calor produzido era insuficiente para subir até ao andar superior onde ficavam os quartos vagos.

Por essa razão, foi instalado num dos quartos principais, por insistência do seu próprio dono, que não admitiu a ideia de dormir num hotel.

– É mais quente do que os outros que estão vazios. Além disso, a minha cama é de casal e você poderá enrolar-se no edredão caso sinta frio.

Não foi uma questão de cordialidade apenas, mas de sobrevivência. Como dizer não, afinal, ao simpático acolhimento com direito a doses generosas de conhaque e sacos de água quente para os pés? Depois, quando fosse para a cama, bastaria permanecer imóvel para conservar o calor do corpo até que o álcool e o cansaço da viagem surtissem efeito.

Ele acordou, de repente, à claridade do luar que entrava pela janela. E maravilhosamente aquecido. Alguém deveria ter colocado mais sacos de água quente em redor do seu corpo.

Com um suspiro de prazer, virou-se para o outro lado, espreguiçou-se e enrijeceu, assustado, ao descobrir que não estava sozinho. Como se uma rapariga não fosse suficiente, havia uma de cada lado!

Engoliu em seco e pestanejou. O seu coração pôs-se a bater acelerado. A sua primeira reacção foi protestar e expulsar as intrusas, mas a certeza de que as duas começariam a gritar e acordariam a casa inteira, fê-lo manter o silêncio e a imobilidade.

Reconheceu uma das raparigas como a filha de oito anos do dono da casa, mas a outra era-lhe desconhecida.

Não era religioso, mas na presente situação, não tinha mais ninguém a quem recorrer a não ser ao seu anjo da guarda. Precisava de alguém mais benevolente e compreensivo do que os pais das meninas porque nem sequer queria imaginar do que seriam capazes se o encontrassem, aos dezanove anos, na cama com duas miúdas!

Com aquele pensamento, quase entrou em pânico. O estômago deu uma reviravolta e as bebidas ingeridas na noite anterior provocaram uma terrível náusea. Foi preciso uma vontade férrea para não perder o controle.

Então, após o que pareceram horas infinitas de angústia, o pesadelo transformou-se num sono profundo que o deixou em paz até à manhã seguinte na qual acordou com o sol alto e afortunadamente sozinho.

Capítulo 1

 

 

 

 

 

Chovia naquele domingo e a noite já ia longa quando Sophie Marlow, com um humor que combinava com o tempo, partiu de Londres rumo a Gloucestershire.

O mau humor transformou-se em indignação quando um par de faróis incidiu sobre o espelho retrovisor do seu carro e a seguiu pelo restante trajecto até os limites de Highfield Hall, o centro empresarial onde trabalhava.

Os altos muros contavam com cinco entradas, quatro das quais davam acesso a um conjunto de prédios onde funcionavam os escritórios e o hotel que acomodava os visitantes e participantes das conferências que ali eram realizadas.

A última entrada servia a residência de Sophie há quatro anos, como parte do seu contrato na função de administradora e também de secretária do director-geral de Highfield Hall.

Sophie fez a curva e suspirou de alívio quando ficou livre da perseguição. Mas o seu alívio foi breve porque o veículo tomou o rumo da única residência particular do local. O que era estranho dado que Ewen e Rosanna Fraser ligavam sempre que tinham planos de passar alguns dias na sua casa de campo.

Intrigada, Sophie desceu do carro e correu para fugir da chuva. A alegria de chegar a casa foi tanta que sorriu ao destrancar a porta da frente, acender a luz do hall e ser recepcionada pelas paredes cor de pêssego com molduras de gesso branco que ela tinha mandado pintar semanas antes.

Glen Taylor, o seu ex-namorado, tinha insistido em que ela pintasse as paredes de cinza e as molduras de preto. Não satisfeito com isso, criticou os seus sofás coloridos em veludo e as suas aguarelas e tentou convencê-la a trocá-los por couro preto e por gravuras japonesas de estilo minimalista que significariam uma aberração ao estilo vitoriano do chalé.

Naquele dia, mais do que nunca, ela orgulhava-se da sua firmeza na decisão de não permitir que Glen se mudasse para sua casa.

A mera possibilidade de estar a viver sob o mesmo tecto que Glen fez Sophie estremecer a caminho da cozinha onde colocou uma chaleira de água a ferver antes de ligar o atendedor de chamadas para ouvir as mensagens.

– Olá, Sophie – soou a voz de Stephen Laing, o seu chefe. – Ewen Fraser pediu para a avisar que emprestou a casa a um amigo. Parece que ele está a precisar de tranquilidade para terminar o livro que está a escrever. O seu nome é Smith. Prometi a Ewen que cuidaria bem do seu hóspede. Assim que tiver uma oportunidade, por favor, passe por lá e coloque os nossos serviços à disposição, O.K.?

Na esperança de que Stephen se tivesse referido a Murray Smith, um dos seus escritores favoritos, Sophie quase deixou as outras mensagens para mais tarde. Mas, afinal, que diferença fariam mais alguns minutos?

– Olá, Sophie. É Lucy. Liga-me quando puderes. Já não conversamos há muito tempo.

– Sophie! – gritou, irado, o dono daquela voz. – Como me pudeste deixar a falar sozinho daquela forma? Estou à espera que me ligues e me peças desculpa pelo que me fizeste!

Ela não ligaria para Glen nem naquele momento nem nunca. Para a amiga, telefonaria no dia seguinte assim que resolvesse os assuntos mais urgentes no escritório. E visitar o recém-chegado estava entre esses assuntos.

Com uma chávena de chá bem quente, Sophie sentou-se no sofá e encolheu as pernas. Estava exausta. A sensação que tinha era de ter sobrevivido a um desastre. Sabia que Glen Taylor, chefe de cozinha em Highfield Hall até há poucos dias, era um homem temperamental, mas naquele dia ele tinha ultrapassado os limites.

No fundo, admitia, sempre houvera algo de estranho com Glen. Mesmo no início, quando ele se esforçava por ser calmo e atencioso, o modo como mudava subitamente de comportamento deveria ter feito com que ela abrisse os olhos.

Stephen Laing, por exemplo, não queria ver Glen nem pintado depois de ele ter pedido a demissão do seu cargo, nas vésperas de uma conferência internacional importantíssima, para abrir o seu próprio estabelecimento em Londres.

– Ele acha que vai enriquecer rapidamente depois do sucesso que teve aqui em poucos meses. O seu talento é inegável, mas trabalhar por conta própria não é tão fácil como ele pensa. O sujeito está iludido porque foi convidado para preparar uma receita diante das câmaras de televisão. Quando perceber que terá concorrência, ficará arrependido por ter aberto o negócio sem planeamento. Tem cuidado, Sophie. Fica longe dele se sabes o que é bom para ti.

Sophie sentia um grande respeito pelo homem que a contratara. Stephen era inteligente e tinha um bom sentido para dar e vender. Dessa forma, quando Glen abriu o jogo naquela tarde, ela recusou sem pestanejar. Como se não bastasse querer que ela lhe entregasse todas as suas economias para entrar na sociedade, Glen esperava contar com a sua ajuda sem nenhuma remuneração até firmarem o negócio.

Primeiro, Glen não acreditou que ela estivesse a falar a sério. Ele tinha tanta certeza de que ela estava a brincar que tentou usar a sua persuasão sexual. A partir daí a história ficou feia.

– Voltarás a correr. És louca por mim – disse Glen em altos berros quando ela fugiu dos seus avanços e se dirigiu para a porta.

Seria louca se continuasse com Glen, pensou Sophie. Ele podia ser bonito e tornar-se num sucesso em programas de culinária pela televisão, caso a promessa, feita em Highfield Hall pela equipa que o filmou, fosse cumprida.

Admitia ter sentido atracção por ele no início, mas bastou conhecê-lo melhor para preferir ficar sozinha. Glen era interesseiro. Provavelmente tinha-se sentido mais atraído pela sua capacidade administrativa, do que por ela.

Depois de tomar o chá, sem que tivesse conseguido acalmar os seus ânimos, Sophie decidiu tomar um longo banho de imersão. Estava a começar a relaxar, mergulhada até ao queixo sob a espuma perfumada, quando alguém tocou à campainha.

Levantou-se rapidamente, enrolou uma toalha nos cabelos como um turbante, outra em redor do corpo, e correu para atender.

Hesitou antes de abrir com receio de que fosse Glen. De seguida, levantou a cabeça num gesto de desafio. Desde quando ela sentia medo de Glen?

Endireitou os ombros e abriu a porta o suficiente para verificar quem era sem soltar o trinco de segurança.

– Boa noite – cumprimentou-a o desconhecido, de chapéu enterrado até aos olhos e casaco com a gola levantada no pescoço. – É a menina Marlow?

– Sim?

– Desculpe incomodá-la. O meu nome é Jago Smith. Vou estar a morar no chalé dos Fraser por uns tempos.

Portanto, não se tratava de Murray Smith. Pena. Sophie esboçou um sorriso cortês.

– Como vai? Precisa de alguma coisa?

O homem negou com um movimento de cabeça e recuou um passo ao perceber que ela estava a pingar.

– Não, obrigado. Pelo menos por agora. Só me vim apresentar por recomendação de Ewen de forma a que não pairassem dúvidas sobre estar a ocupar a casa sem a sua licença.

– Eu já sabia sobre a sua vinda, senhor Smith – tranquilizou-o Sophie. – O meu chefe deixou uma mensagem no meu atendedor de chamadas. Recebi-a assim que cheguei.

Sophie seguiu os olhos do homem até aos seus pés descalços.

– Deveria ter ligado em vez de vir pessoalmente. Perdoe-me.

– Não tem de pedir desculpa. Ewen não lhe contou que sou a administradora do condomínio? O que quer que necessite, fale comigo.

– Obrigado. Talvez possamos conversar sobre esse assunto amanhã. À sua hora e conveniência, é claro.

Engraçado, Sophie cogitou. Não conseguia ver mais nada além de um par de olhos, mas tinha a certeza de que ele era bonito.

– Costumo ficar livre por volta das seis e meia.

– Se quiser ficar mais à vontade, por causa de algum imprevisto, posso esperá-la no chalé de Ewen e oferecer-lhe uma bebida.

Sophie reflectiu por um instante e concordou.

– Está bem. Chegarei por volta das sete.

Jago Smith tocou o chapéu com a ponta do dedo num gesto de despedida, sorriu e afastou-se sob a chuva. Sophie fechou a porta, colocou novamente a corrente de segurança e, pela primeira vez desde que viera morar em Ivy Lodge, correu o ferrolho.

Culpa de Glen. Até àquele dia, jamais se tinha sentido fisicamente ameaçada. Nunca lhe deveria ter dado uma cópia da sua chave. Precisava de chamar o técnico e mudar a fechadura. Como garantia.

A primeira providência de Sophie, na manhã seguinte, foi avisar a recepcionista de que nunca mais estaria disponível caso Glen Taylor a procurasse. Depois, como de costume, trocou a cassete do circuito fechado de televisão e verificou a correspondência. De seguida, ligou o gravador para ouvir as ordens que Stephen lhe deixara.

O telefone não parava. Ela atendia as ligações enquanto realizava as demais tarefas. Uma delas relacionava-se com as providências para a aterragem do helicóptero. Era a sua função confirmar que o heliporto estava livre bem como as áreas circunvizinhas e avisar o gerente do hotel sobre os horários de chegada e de partida.

Entre as suas atribuições, figurava a supervisão do restaurante. Naquele dia, abriria uma excepção e não estaria presente porque queria escapar por uns breves momentos até sua casa com o técnico para mudar o código da porta.

Com um jogo novo de chaves, Sophie voltou para o escritório, aliviada e sorridente, e foi para a sua sala verificar os recados deixados na sua ausência.

Tinha dois de Glen e sentou-se para voltar a ouvir os outros, bem como para redigir a minuta da reunião que tinha sido realizada na sexta-feira anterior. Não se tornou a levantar até ao final da tarde. Mas embora tivesse trabalhado muito, conseguiu sair a horas.

A chuva tinha parado e ela pôde ir para casa a pé. As nuvens continuavam escuras e pesadas. Não se atreveu, portanto, a afastar-se do caminho principal que era todo iluminado.

Ao chegar a casa, Sophie encontrou mais três mensagens de Glen, que estava completamente furioso por estar a ser ignorado. O recado era o mesmo: que ele a perdoaria se ela resolvesse voltar atrás. Caso contrário, ela arrepender-se-ia da forma como o tratara.

Sophie já estava arrependida. Arrependida por ter andado com ele. Foi o que disse à sua melhor amiga, Lucy, quando lhe telefonou.

– Ainda bem que te livraste do sujeito. Confesso que nunca entendi o que viste nele. Glen pode ser um génio com as panelas, mas quanto ao resto…

– Não te preocupes. Depois de ontem nunca mais o voltarei a ver.

Com pouco tempo para se apresentar no chalé dos Fraser, Sophie tomou um duche e secou os cabelos com o secador. Escolheu umas calças pretas compridas no armário e uma camisola cor de ferrugem. Vestiu as peças e colocou um casaco preto longo por cima. Munida de um guarda-chuva e de uma lanterna, trancou a casa e pôs-se a caminho.

Jago Smith abriu a porta assim que ela tocou à campainha e recebeu-a com um sorriso ao qual ela teria correspondido caso o seu rosto, sem o chapéu e a gola levantada, não estivesse gravado na sua memória.

– Boa noite, menina Marlow. Entre – convidou, sem poder imaginar o que tinha provocado a súbita rigidez na sua visita.

Sophie acompanhou-o, como um robô, em direcção à sala idêntica à sua, sem prestar atenção à mobília, à louça de porcelana branca e azul que enfeitava as prateleiras, aos quadros que cobriam grande parte das paredes e à bandeja sobre a mesa de centro onde havia um pote com castanhas, copos e uma garrafa de vinho.

– Sente-se.

– Não, obrigada – Sophie forçou-se a reagir. – Não posso ficar. Se me disser do que está a precisar, tomarei as devidas providências.

– Nesse caso, eu poderia ter telefonado, menina Marlow, e poupado a sua caminhada até aqui.

A ideia teria sido óptima. Além de tudo, ela não teria desperdiçado o seu tempo. Mas para isso, teria de o ter reconhecido antes.

– Já que estou aqui, senhor Smith, posso adiantar que tenho quem cuide da limpeza da casa, das suas roupas e também da sua alimentação. – Sophie tirou um bloco da mala. – O nosso restaurante é excelente e as suas instalações primam pelo conforto. Mas se o senhor preferir fazer as suas refeições aqui mesmo, posso providenciar a entrega.

– Foi o que Ewen me disse. Sobre a limpeza, não estou a precisar de ajuda por enquanto. Principalmente porque estou apenas a usar o quarto de hóspedes. Mas será interessante ter alguém, uma vez ou outra, por um período de duas horas. Não mais do que isso porque não me consigo concentrar com outra pessoa em casa.

– Pedirei que uma das empregadas de limpeza venha conversar com o senhor. Sobre o serviço de lavandaria e o nosso restaurante, pode usá-los ou não, dependendo da sua conveniência.

– Prefiro providenciar as minhas refeições, mas saber que basta pedir quando não tiver tempo ou vontade de as preparar é um alívio. A menina também segue esse esquema?

– Também – concordou Sophie. – Geralmente, cozinho. – Até alguns dias antes, para ela e para Glen porque ele se recusava a esbanjar os seus dons na sua cozinha. A sua vontade era encerrar aquela conversa e ir embora, mas Stephen deixara instruções para ela cuidar do amigo de Ewen e não ficaria bem virar as costas. – Soube que está a escrever um livro.

Ele fez que sim com a cabeça.

– Mas não se trata de um livro de ficção. Sou advogado e resolvi fazer uma colectânea de processos legais. – Um franzir de olhos por parte de Sophie fez com que Jago estreitasse os olhos. – Não gosta de advogados, menina Marlow?

– Porque diz isso?

– Ocorreu-me que a sua opinião talvez seja a mesma de uma personagem de Shakespeare.

Sophie reflectiu.

– «Antes, devemos matar todos os advogados»? – Ela olhou-o. – Lembro-me dessa frase dos tempos do colégio, mas não recordo qual o livro a que pertence.

– Henrique VI – Jago respondeu com tanta facilidade que Sophie não pôde evitar um sorriso.

– Parece que o tema já veio à baila.

– Apenas com as pessoas mais eruditas do meu conhecimento – ele respondeu e encarou-a de uma maneira que a fez fechar apressadamente o bloco e guardá-lo na mala.

– Preciso de ir, senhor Smith. Se precisar de alguma coisa, é só telefonar.

– Obrigado. Acho que recorrerei à sua ajuda antes do que imagina. Tive de deixar o meu país inesperadamente. Ciente dos meus problemas, com o prazo de entrega do livro prestes a expirar, Ewen Fraser ofereceu-me gentilmente a sua casa até que eu tenha condições de procurar uma nova moradia.

Sophie ouviu em silêncio e cogitou o porquê da necessidade de socorro. Uma separação abrupta, provavelmente, ou até mesmo um divórcio, foi o que lhe ocorreu.

– Estes são os telefones da minha casa e do escritório. – Ela entregou o cartão de visita. – Agora, deixo-o com o seu livro. Boa noite, senhor Smith.

– Vou acompanhá-la até à sua casa.

– Não é necessário. – Sophie apressou-se a recusar.

– É tarde e foi para me atender que saiu. Faço questão.

-se humilde.

– O que está a acontecer, Sophie? Sabes quanto gosto de ti.

– Por favor, poupa-me! – exclamou Sophie com desprezo. – Se é verdade que gostas de mim, o teu modo de o demonstrar é muito estranho.

Ele olhou-a, suplicante.

– Ontem foi uma excepção, querida, eu juro. Não voltará a suceder.

Sophie concordou com um gesto de cabeça.

– Tens razão. Não voltará a suceder.

– Devo entender que o senhor Taylor tentou usar a violência quando a menina se recusou a atender aos seus desejos? – Jago interrompeu a conversa.

– Isso não é da sua conta – protestou Glen.

– Sou o advogado da menina Marlow, esqueceu-se?

Sophie suspirou.

– Não quero mais discussões. O assunto está encerrado. A não ser pelo vidro da minha janela. Mandar-te-ei a conta, Glen.

Pálido de ódio, Glen cerrou os punhos.

– Vais arrepender-te do que estás a fazer, Sophie.

– Está a ameaçar a minha cliente, senhor Taylor?

Glen olhou primeiro para Jago e depois para Sophie.

– Como conseguiste um advogado tão depressa?

– Por intermédio de amigos – Jago respondeu por Sophie e agiu de forma a expulsar o outro sem que precisasse de lhe tocar.

– Não perdes por esperar – resmungou Glen à saída.