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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Chantelle Shaw

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Castigo e prazer, n.º 1310 - junho 2018

Título original: Proud Greek, Ruthless Revenge

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-305-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

– Estás linda, Tahlia – Crispin Blythe, proprietária da galeria de arte contemporânea Blythe of Bayswater recebeu Tahlia Reynolds efusivamente. – Essas quinquilharias devem valer uma pequena fortuna.

– Uma grande fortuna – replicou Tahlia, enquanto apoiava a mão no colar de safiras e diamantes que usava ao pescoço. – Estas quinquilharias são safiras Kashmiri de primeira.

– Deixa-me adivinhar. Um presente do papá? Suponho que os lucros da Joalharias Reynolds não parem de aumentar – Crispin deixou de sorrir. – É bom saber que, pelo menos, alguns negócios não se viram afectados por esta recessão horrível.

Tahlia tinha ouvido rumores de que a galeria estava a sofrer os efeitos da crise e, por um instante, sentiu a tentação de revelar que as coisas também não estavam a correr precisamente bem nas Joalharias do seu pai, mas não disse nada. Os problemas financeiros da Joalharias Reynolds tornar-se-iam públicos se o negócio fosse abaixo, mas ainda não tinha chegado a esse ponto. Talvez não estivesse a ser realista, mas recusava-se a renunciar à esperança de que a empresa em que o seu pai tinha investido tanto esforço durante trinta anos pudesse salvar-se. Não seria por não ter tentado, certamente. Os seus pais tinham utilizado todas as economias para manterem a Reynolds à tona, ela estava a trabalhar há três meses sem receber e tinha trocado o desportivo que o seu pai lhe tinha oferecido quando fizera vinte e um anos por um Mini em segunda mão.

Vendera tudo, inclusive as poucas jóias que possuía, para além da roupa de marca que pudera permitir-se noutros tempos. O vestido que usava naquela noite fora emprestado por uma amiga, proprietária de uma butique, e o colar de diamantes e safiras não era dela, embora fosse uma das peças mais valiosas da Joalharias Reynolds. O seu pai pedira-lhe que o usasse naquela noite, com a esperança de que ajudasse a melhorar os negócios, mas estava aterrorizada com a possibilidade de o perder e sabia que passaria a noite a certificar-se de que ainda o tinha ao pescoço.

Seguiu Crispin até à galeria, aceitou um copo de champanhe que um empregado lhe ofereceu e olhou distraidamente para os grupos de convidados que estavam a admirar as pinturas de Rufus Hartman. Cumprimentou alguns conhecidos com a cabeça e depois o seu olhar parou bruscamente num homem que estava do outro lado da sala.

– Quem é aquele? – murmurou, com curiosidade, sentindo que o coração pulsava violentamente dentro do seu peito. Numa sala cheia de homens atraentes e bem-sucedidos, a virilidade intensa que emanava daquele em particular fazia com que se distinguisse de todos os outros.

– Referes-te ao grego bonito que usa um fato Armani? – perguntou Crispin, seguindo a direcção do olhar de Tahlia. – É Thanos Savakis, dono multimilionário das empresas Savakis. Comprou a agência de viagens Blue Sky há alguns anos e é dono de vários hotéis de cinco estrelas. Cuidado, querida, estás a babar – murmurou Crispin, com atrevimento, enquanto Tahlia continuava a olhar para ele. – Uma advertência: Savakis tem fama de ser mulherengo. As suas aventuras são discretas, mas numerosas… e curtas. A palavra «compromisso» não se associa a Thanos Savakis, a menos que se trate de um compromisso que lhe permita somar mais dinheiro à sua fortuna invejável – concluiu, com um suspiro teatral.

– Os mulherengos viciados no trabalho não são o meu tipo – murmurou Tahlia, antes de beber um gole de champanhe. Mas o seu olhar sentia-se inexoravelmente atraído para aquele homem e alegrou-se por ele estar a olhar para a loira primorosa que lhe agarrava o braço, porque lhe dava a oportunidade de o observar.

Alto e magro, de ombros largos e um casaco feito à medida, era hipnótico e Tahlia deu-se conta de que não era a única mulher na galeria que se sentia fascinada. Com os seus traços clássicos, a sua pele morena e o seu cabelo preto, era tremendamente bonito. Mas, para além do seu encanto sexual evidente, Thanos Savakis possuía uma qualidade indefinível, um magnetismo e uma segurança em si mesmo que o diferenciava dos outros homens. Tahlia sentiu a sua arrogância inata e, embora parecesse estar a prestar toda a sua atenção à loira com quem estava, notou que estava a impacientar-se com a conversa dela.

A loira parecia demasiado ansiosa. O instinto revelou a Tahlia que um homem tão seguro de si mesmo como Thanos Savakis não receberia com agrado nenhum indício de necessidade e, enquanto o observava, viu como se libertava com firmeza delicada do braço da loira e entrava na galeria adjacente.

Era um homem muito bonito, mas estava fora do seu alcance. Estava estupefacta com o efeito que o grego atraente tinha produzido nela. Não recordava alguma vez ter sido tão consciente de um homem. Nem sequer de James.

A sua relação com James Hamilton tinha chegado a um fim repentino e explosivo seis meses antes e, desde então, estava a esforçar-se para voltar a recompor o seu coração destroçado. Mas a amargura que sentia ainda ardia tão corrosivamente no seu peito como na noite em que descobrira a traição.

– Tahlia, querida, estás a beber um Krug da melhor colheita, não água – o tom lacónico de Crispin fez Tahlia voltar ao presente. – Queres outro copo?

Tahlia fez uma careta ao ver que bebera o champanhe todo sem se dar conta.

– Não, obrigada. É melhor não.

Crispin olhou para ela, com impaciência.

– Vá lá, querida, vive um pouco por uma vez na vida! Uns quantos copos de champanhe farão com que relaxes.

– Farão com que comece a rir-me como uma tola – disse Tahlia, com desalento. – E depois das últimas notícias que saíram sobre mim na imprensa, não seria bom que algum repórter começasse a tirar-me fotografias.

Crispin olhou para ela, com expressão divertida.

– A imprensa cor-de-rosa superou-se. O título «Tahlia Reynolds, a rapariga das jóias, culpada do fim do casamento do actor Damian Casson» chamava particularmente a atenção.

Tahlia corou.

– Não é verdade – disse, tensa. – Foi uma armadilha. Só tinha visto Damian uma vez, quando nos encontrámos na festa de apresentação de um livro num hotel. Esteve a beber toda a noite e não parou de me chatear. Disse-lhe que me deixasse em paz. Na manhã seguinte, aproximou-se da mesa onde estava a tomar o pequeno-almoço para se desculpar. Pusemo-nos a conversar e contou-me que se embebedara na noite anterior depois de discutir com a sua esposa e que ela se recusara a ir à festa com ele. Quando me fui embora, ofereceu-se para levar a minha mala de viagem até ao carro. Daí a fotografia em que nos vêem a sair juntos do hotel. Nenhum dos dois esperava que os meios de comunicação andassem a farejar por ali, num domingo de manhã, ou, pelo menos, eu não esperava. Fiquei chocada quando um jornalista me perguntou pela nossa relação, mas Damian disse-me que não me preocupasse, que ele se encarregaria de explicar que éramos só amigos.

Em vez disso, o jovem actor contara uma série de mentiras sobre a «noite maravilhosa de sexo que tinham tido». Se a intenção de Damian era deixar a esposa ciumenta, obviamente, tinha resultado. Beverly Casson declarara que estava arrasada pelo facto de Tahlia lhe ter roubado o seu homem. A história era uma verdadeira delícia para a imprensa e não preocupara ninguém que não fosse verdadeira, nem que a reputação de Tahlia estivesse em jogo.

– Esse tipo de publicidade adversa é uma das desvantagens de ter de me expor ao público. A imprensa retrata-me como uma jovem bonita e tola que aparece em todo o tipo de eventos sociais. Foi o preço que tive de pagar para promover a Joalharias Reynolds.

Tahlia mordeu o lábio. Três anos antes, quando se licenciara, o seu pai tornara-a sócia da empresa e oferecera-lhe o cargo de relações públicas. Mas a recessão global atingira a Reynolds com dureza e, numa tentativa de melhorar as coisas, Tahlia aceitara protagonizar uma campanha publicitária de promoção. Aparecera nas revistas, assistira a inúmeros eventos sociais e usara diamantes fabulosos da colecção Reynolds.

Mas, antes de ir para a galeria naquela noite, tinha descoberto que os seus esforços tinham sido inúteis.

O seu pai tinha-lhe explicado que, apesar da campanha, os lucros da Joalharias Reynolds tinham continuado a cair.

– A verdade é que enfrentamos a bancarrota. Fui a vários bancos e instituições financeiras para pedir ajuda, mas já não querem emprestar-nos dinheiro – Tahlia sentira um aperto no coração ao ver que o seu pai apoiava a testa nas mãos num gesto de desespero. – Não há dinheiro para me livrar dos nossos credores. A única esperança é uma empresa chamada Vantage Investments, que expressou o seu interesse em comprar o nosso negócio. Tenho uma reunião com o director na semana que vem.

Tahlia não conseguia esquecer a expressão tensa do rosto do seu pai, mas obrigou-se a voltar ao presente e a olhar à sua volta, consciente de que estar preocupada com a situação financeira da Reynolds não ajudaria. Tinha-a assustado a perspectiva de assistir à exposição naquela noite, quando a sua suposta vida amorosa estava em todos os jornais, mas Rufus Hartman era um bom amigo da época universitária e não podia perder a primeira exposição importante dele.

– Pergunto-me quantos dos presentes pensarão que sou uma quebra-corações sem escrúpulos… – murmurou, com amargura.

– Ninguém acredita numa palavra do que aqueles jornalecos publicam – garantiu Crispin, animadamente.

Tahlia gostaria de acreditar, mas, por um instante, sentiu a tentação de permanecer escondida num canto toda a noite. Mas a verdade era que não tinha feito nada do que se envergonhar. Levou a mão até ao colar. Não tinha vindo à galeria naquela noite apenas para apoiar Rufus. Tinha um trabalho para fazer.

Crispin tinha mencionado que um xeque árabe rico viria à exposição. Aparentemente, o xeque Mussada gostava de oferecer presentes à esposa e, se conseguisse captar a sua atenção, esperava que ficasse impressionado com o colar e quisesse ver mais jóias da Reynolds. Se a Reynolds conseguisse o patrocínio de um xeque árabe, talvez não se vissem obrigados a vendê-la.

Tahlia estava tão ensimesmada nos seus pensamentos que só se apercebeu de que Crispin a tinha levado para a segunda sala da galeria quando reparou que se dirigiam para um homem que estava a contemplar uma das pinturas.

– Thanos, espero que estejas a gostar da exposição. Gostaria de te apresentar uma apreciadora de Arte – Crispin puxou Tahlia com suavidade para que avançasse. – Esta é Tahlia Reynolds. A empresa do seu pai, a Joalharias Reynolds, patrocinou Rufus ao longo da carreira dele.

Thanos experimentou um choque intenso enquanto olhava para a mulher que estava junto de Crispin. Aquela mulher tinha dominado os seus pensamentos durante tanto tempo que precisou de toda a sua força de vontade para forçar uma expressão de interesse educado em vez de raiva assassina.

Tinha chegado a Londres há três dias e alguns amigos tinham-lhe apresentado Crispin num jantar. Ela tinha-o convidado para a inauguração da exposição na sua galeria. Thanos não sentia especial interesse por Arte, mas aquele tipo de eventos era útil para fazer contactos. «Nunca se sabe quem se pode encontrar», pensou, enquanto olhava para Tahlia Reynolds.

Reconheceu-a imediatamente, o que não era surpreendente, já que o seu rosto aparecia com frequência na imprensa cor-de-rosa. Mas as fotografias não faziam justiça à sua beleza deslumbrante. Deslizou o olhar pelo vestido azul de seda, que condizia com as safiras do seu colar e tinha um decote que deixava entrever a curva tentadora dos seus seios.

Era deliciosa. Enquanto olhava para ela, sentiu como o ódio se acumulava no seu interior, mas também experimentou outra sensação. Nada o tinha preparado para o impacto de ver Tahlia em carne e osso e, muito para seu pesar, sentiu uma atracção sexual inconfundível por ela.

– Menina Reynolds – murmurou, com suavidade, enquanto lhe oferecia a mão. Reparou que ela hesitava antes de reagir e sentiu o ligeiro tremor da mão dela quando aceitou a sua. Os dedos eram muito magros e pálidos. Só teria necessitado de uma fracção mínima da sua força para lhos partir. Apertou-lhe a mão com mais um pouco de força do que a necessária e, quando ela olhou para ele, devolveu-lhe o olhar com expressão impassível.

A leve pressão que aqueles dedos frágeis tinham sofrido não podia comparar-se com a dor que a sua irmã suportava diariamente. Melina tinha passado seis meses no hospital e teria de suportar muitas sessões de fisioterapia para voltar a andar sem ajuda. Thanos não culpava o condutor que tinha atropelado Melina. A polícia tinha-lhe assegurado que não tinha tido possibilidade de evitar atropelar a jovem que atravessara a estrada sem olhar.

Responsabilizava outras duas pessoas pelo acidente que quase tinha acabado com a vida da sua irmã. As mesmas que lhe tinham partido o coração. Tahlia Reynolds era uma prostituta desprezível que estava a ter uma aventura com o marido de Melina, James Hamilton. Melina tinha ficado consternada quando os tinha encontrado juntos no quarto de um hotel e, ao sair, atravessara a estrada sem olhar.

Thanos largou a mão de Tahlia, mas continuou a olhar intensamente para ela. Segundo a imprensa, tinha voltado a envolver-se com outro actor casado. Careceria por completo de escrúpulos? Como se atrevia a olhar para ele com os seus olhos azuis deslumbrantes e a boca curvada num sorriso hesitante?

Muito em breve deixaria de ter motivos para sorrir. Thanos já se encarregara do seu ex-cunhado. Depois do acidente, o actor fora para Los Angeles, mas não tinha demorado a descobrir que nenhum realizador de Hollywood queria trabalhar com ele depois de Thanos ter ameaçado retirar o seu apoio financeiro a qualquer projecto que incluísse James Hamilton. A carreira de James como actor estava morta, acabada, e Thanos estava decidido a não permitir que ressuscitasse. E, finalmente, tinha chegado o momento de se vingar.

A mão de Tahlia ainda tremia como se tivesse recebido uma descarga eléctrica. Tinha sentido uma força incrível quando tinha apertado a de Thanos Savakis e sentia-se estranhamente enjoada. O champanhe devia ter-lhe subido à cabeça.

– É um prazer conhecê-lo, senhor Savakis – disse, educadamente. – Veio a Londres por negócios ou por…? – interrompeu-se ao ver o sorriso de Thanos, que fez com que os seus traços passassem de atraentes a incrivelmente maravilhosos.

– Por negócios… e por prazer – murmurou Thanos, aliviado ao sentir que voltava a controlar as suas hormonas. Contemplou novamente Tahlia. Estava muito bonita com o vestido, os sapatos e a mala de marca, para não falar do colar fabuloso que usava. Era evidente que aquela mulher estava habituada a desfrutar das coisas boas da vida e ele gostaria muito de pôr fim àquele estilo de vida.

Esperara que mostrasse algum tipo de reacção ao ouvir o apelido Savakis, mas nem se alterara. Provavelmente, não saberia o apelido de solteira da esposa de James Hamilton. Uma raiva intensa pulsou no seu interior. Gostaria de libertar a sua raiva e denunciá-la como a fulana miserável que destruíra a vida da sua irmã, mas conseguiu conter-se. Teria tempo para lhe dizer o que pensava dela quando a tivesse de joelhos diante dele.

– Earl Fullerton acaba de chegar – disse Crispin. – Deixo-vos a sós para que se divirtam. Sugiro-te que deixes que Tahlia te mostre a galeria, Thanos. Tem uma relação especial com o pintor e conhece muito bem o seu trabalho.

– Mas… – Tahlia ia protestar, mas Crispin já se afastava, deixando-a a sós com o grego sensual. O brilho ligeiramente depreciativo que tinha visto no olhar dele deixava-a nervosa e, por algum motivo, intuía que a sua presença lhe desagradava. – Não devo monopolizar a sua companhia, senhor Savakis – murmurou, olhando desesperadamente à sua volta, com a esperança de ver algum conhecido.

– Qual é exactamente a natureza da sua relação especial com Rufus Hartman? – perguntou Thanos. – É um dos seus amantes?

Por um instante, Tahlia ficou demasiado surpreendida para responder. O mais provável era que Thanos tivesse lido na imprensa cor-de-rosa sobre a sua suposta relação com Damian Casson.

– Não creio que isso lhe diga respeito – replicou, evidentemente incomodada, – mas a verdade é que Rufus não se sente atraído por mulheres – acrescentou. Não sabia porque tinha baixado a voz, pois Rufus nunca tinha tido nenhum reparo em manifestar que era homossexual. – É um bom amigo, com um grande talento.

Thanos olhou-a de cima a baixo, como se estivesse a despi-la mentalmente, e Tahlia sentiu-se exposta. Não conseguiu evitar reparar na curva sensual da sua boca. De certeza que os seus beijos não seriam precisamente delicados. Corou ao imaginar que se inclinava para a beijar e sentiu que um calor intenso lhe percorria as veias.

Inquieta, voltou a olhar à sua volta, à procura de algum conhecido.

– Procura alguém em particular? – perguntou Thanos. A atracção inusitada que estava a sentir por aquela mulher era muito irritante, mas, depois de ver o rubor que lhe cobrira as faces, pelo menos, teve a satisfação de ver que estava a acontecer-lhe o mesmo.

– Procuro um príncipe árabe, o xeque Mussada – replicou Tahlia. – Conhece-lo?

– Já ouvi falar dele, como quase toda a gente, já que comprou recentemente um dos principais bancos da cidade.

– Ouvi dizer que é o quinto homem mais rico do mundo – murmurou Tahlia, distraidamente.

– Não se casou recentemente? – perguntou Thanos.

– Sim, mas a sua mulher odeia andar de avião e nunca viaja com ele para o estrangeiro. Oh, deve ser ele! – Tahlia sentiu uma pontada de animação ao reparar que os presentes se afastavam para darem passagem a um homem vestido com roupas árabes. Aquela era a sua oportunidade de salvar o negócio da sua família. O colar de safiras que usava naquela noite era realmente espectacular e o xeque Mussada tinha reputação de ser um coleccionador entusiasta de jóias. Só tinha de conseguir chamar a atenção dele.

– Não se vá embora.

Tahlia sentiu o fôlego quente de Thanos no pescoço e, ao virar a cabeça, surpreendeu-se ao ver como estava perto.

– Desculpe? – por alguns segundos, vira-se tão imersa no seu sonho de conseguir o xeque como cliente que quase se esquecera de Thanos. Mas só quase. Aquele homem não era fácil de esquecer. O brilho de sensualidade que lhe viu no olhar deixou-a sem fôlego.

– A nossa anfitriã garantiu-me que é uma grande conhecedora do trabalho de Rufus Hartman e eu gostaria que me guiasse pela exposição.

– Garanto-lhe que não sou nenhuma perita – respondeu Tahlia, rapidamente, sentindo que se afundava nos olhos escuros de Thanos. As suas pestanas eram muito compridas para um homem e a sua pele brilhava. Parecia ter-se apropriado dos sentidos dela e o coração bateu-lhe descontroladamente quando viu que levantava uma mão para lhe deslizar um dedo pelo rosto.

– A tua pele é suave como a seda – a voz rouca de Thanos fez com que um formigueiro agradável percorresse o corpo de Tahlia. – Devo admitir que me sinto cativado pela tua beleza.

«Deve estar a brincar», pensou Tahlia, enquanto se esforçava para respirar. O desejo que brilhava nos seus olhos não podia ser real. Apenas alguns segundos antes, tinha sentido com clareza a sua hostilidade. Aquela mudança de atitude era desconcertante.

– Eu… – começou, mas, aparentemente, tinha perdido a capacidade de pensar. Humedeceu os lábios com a ponta da língua e, ao ver a atenção que Thanos prestava ao gesto, sentiu fogo líquido a percorrer-lhe as veias.

– Porque não começamos pela paisagem do canto? – sugeriu Thanos, enquanto a agarrava pelo cotovelo e a conduzia com firmeza pela sala, afastando-a do campo de visão do xeque Mussada.

«Gostará de seduzir os maridos das outras mulheres?», questionou-se Thanos, furioso. Tinha visto o brilho de determinação no seu olhar quando tinha visto o xeque. Sob o seu exterior belo, Tahlia Reynolds possuía um coração frio e calculista. James Hamilton não era precisamente inocente, mas Thanos estava cada vez mais convencido de que Tahlia o tinha seduzido deliberadamente e de que planeava voltar a utilizar as suas artimanhas com o xeque Mussada.

«Não se puder evitá-lo», pensou. Não pensava afastar-se de Tahlia o resto da noite, mesmo que isso implicasse fingir que tinha caído sob o seu feitiço.