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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2001 Penny Jordan

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um futuro contigo, n.º 828 - Outubro 2015

Título original: His City-Girl Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7526-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

O chefe da Secção de Casais Perfeitos coçou a asa, irritado.

– Olha que azar – queixou-se ao seu funcionário mais recente e com menos experiência. – Convocaram uma reunião com todos os anjos do Departamento do Cupido para falar do estado actual do romance. Cada vez há mais gente a negar-se a apaixonar-se e a comprometer-se. Se isto continuar assim, vamos ficar sem emprego. E, ainda por cima, tinham que a convocar logo quando estou quase sem gente e acabo de fazer uma lista de casais perfeitos. É demasiado tarde para parar e, além diso… esta temporada estou decidido a alcançar os objectivos a que nos propusemos. Não quero que o idiota da Secção da Terceira Idade me diga que conseguiu mais casais do que nós. Mas não há ninguém para fazer o trabalho.

– Eu – recordou-lhe o novo funcionário.

O chefe suspirou e estudou o sorriso esperançado do seu subordinado. Ter entusiasmo no trabalho era muito importante, mas experiência também. O problema era que tinha que juntar seis casais. Não faziam ideia de que eram feitos um para o outro, e por isso teriam que os ajudar.

Não tinha outra solução. Teria que dar o caso ao recém-chegado.

– Todos estes casais foram estudados atentamente. São cem por cento compatíveis. Nesta secção não juntamos casais se não tivermos a certeza absoluta de que serão duradouros. Nada pode correr mal. Tu tens que fazer com que todos estejam no lugar e no momento certos. Segue as minhas instruções. Não experimentes nem tomes atalhos, entendido?

Ninguém tinha nascido ensinado, mas aquele estudante tinha tido o azar de fazer com que um cão chinês de pedigree de Nova Iorque se apaixonasse perdidamente pela siamesa do seu vizinho. Felizmente, tudo tinha acabado bem. Na verdade, ele queria que a gata se juntasse com outro, mas…

 

 

– Olá, tudo bem?

O novo funcionário fez uma careta ao ver um dos zéfiros mais travessos.

– Estou ocupado, por isso vai incomodar outra pessoa – respondeu. Imediatamente, apercebeu-se de que tinha feito exactamente o que não devia fazer porque aquele zéfiro em particular gostava de saber que incomodava.

– Queres que me vá embora assim, por exemplo? – perguntou, soprando. Ao fazê-lo, os papéis que o novo funcionário levava na mão, com todos os nomes dos casais, voaram juntamente com as instruções do seu chefe.

O zéfiro arrependeu-se no momento e ajudou-o a apanhar tudo.

O novo da Secção de Casais Perfeitos tentou desesperadamente descobrir quem devia ficar com quem e, depois de algum tempo, julgou ter tudo novamente organizado.

– De que casal vais ocupar-te primeiro? – perguntou o zéfiro.

O novo funcionário respirou fundo.

– Deste – respondeu mostrando-lhe os nomes. O zéfiro franziu o sobrolho ao ver as moradas.

– E como vão conhecer-se?

– Não sei, logo me ocorrerá alguma coisa.

– Queres que te ajude? – perguntou, encantado. Aquilo era muito mais divertido do que soprar para as folhas das árvores, que era o que lhe deixavam fazer.

– Não – respondeu, mas, ao ver como ele enchia novamente os pulmões, mudou de ideias.

A primeira coisa era fazer com que se conhecessem.

Que se conhecessem… sim…

Capítulo 1

 

Maggie não podia acreditar na chuva violenta que tinha começado a cair de repente. Doía-lhe a cabeça de conduzir tão concentrada na estrada. No momento em que tinha visto o anúncio, tinha decidido comprar a casa. Tinha a certeza de que era o que a sua adorada avó necessitava para superar a sua tristeza.

Tinha consciência de que nada poderia substituir o seu avô, mas estava convencida de que voltar a viver na primeira casa que tinham partilhado, e que estava cheia de recordações do seu amor, lhe faria muito bem. Maggie era uma daquelas mulheres que a partir do momento em que tomava uma decisão, nada nem ninguém a poderiam fazer mudar de ideias. Por isso, era uma mulher de negócios de muito sucesso… o suficiente para ir ao leilão do imóvel de Shropshire onde tinham vivido os seus avós.

Tinha crescido a ouvir histórias daquele lugar, mas ela era da cidade. As terras, a lama, os animais e os agricultores não eram para ela. Gostava da sua empresa de caça talentos, o seu apartamento no centro da cidade e das suas amigas, todas solteiras e profissionais, como ela. Adorava os seus avós porque tinham estado presentes desde a altura em que os seus pais se tinham separado. Tinham-na apoiado, animado e amado. Tinha muita pena de ver a sua avó, que tinha sido uma mulher tão forte, tão frágil e perdida.

Só soube o que devia fazer quando viu o anúncio do leilão de Shopcutte, a mansão georgiana, as terras de lavoura e outros edifícios, incluindo Dower House, onde tinham vivido os seus avós. Até tinha chegado a pensar que podia perder a sua avó também. No entanto, agora sabia que tinha encontrado a forma perfeita de a fazer feliz. Tinha que conseguir a casa.

Se não fosse pelo aguaceiro que estava a cair, já teria chegado à pequena povoação onde ia realizar-se o leilão, próxima da propriedade, e em cujo hotel tinha reservado um quarto.

O céu estava negro, e não havia carros na estrada, que, curiosamente, estava a tornar-se cada vez mais estreita.

Não se teria enganado na saída? Não estava acostumada a fazer as coisas assim. Ela controlava sempre tudo.

Do último fio do seu cabelo loiro perfeitamente penteado até às unhas dos pés perfeitamente tratadas e pintadas, Maggie era a imagem viva da elegância e da disciplina femininas. O seu corpo era a inveja das suas amigas, assim como a sua pele impecável… e a sua vida pessoal impecável, sem nenhum tipo de ligação afectiva. Maggie era uma daquelas mulheres com as quais os homens não se atreviam a brincar. Depois de ver o caos dos seus pais com as suas relações sexuais e emocionais, ela tinha decidido manter-se solteira e, até ao momento, nenhum dos muitos homens que tinha conhecido a tinha feito mudar de opinião.

– Mas és demasiado bonita para estares sozinha – tinha-lhe dito um pretendente, que tinha obtido como resposta um olhar frio e depreciativo.

Às vezes, dispunha-se a deixar-se levar pela intensidade emocional e o desejo físico que outras mulheres experimentavam, mas apressava-se a afastar semelhantes pensamentos da sua mente. Para quê? Estava muito bem como estava. E ia estar melhor quando fosse a proprietária de Dower House.

Era ridículo que a tivessem feito ir até ali. Tinha tentado comprá-la antes que fosse a leilão, mas a agência não o tinha permitido. Portanto ali estava…

– Não acredito! – exclamou, ao ver que a estrada atravessava um rio pouco profundo e subia pela ladeira em frente.

Irritada, meteu-se na água. «Tem calma», pensou.

Além do barulho do motor, começou a ouvir outro barulho que, inexplicavelmente, fez com que ficasse completamente arrepiada. Em seguida, viu porquê. Uma tromba de água ia na sua direcção a grande velocidade.

Pela primeira vez na sua vida, sentiu pânico. Carregou no acelerador, as rodas viraram, mas o carro não se mexeu…

 

 

Finn não estava de bom humor. A reunião tinha durado muito mais do que esperava e ia chegar tarde a casa. Estava a pensar na sua vida, quando viu um carro no meio do rio e uma tromba de água mesmo por cima.

Não lhe apetecia ter que resgatar visitantes inesperados, a quem não lhes ocorria nada melhor para fazer do que atravessar o rio com um carro tão pouco apropriado. Reduziu a velocidade do seu Land Rover e franziu o sobrolho.

Tinha ganho a fortuna que lhe tinha permitido reformar-se graças àquele cérebro perfeito para os negócios que o seu professor dizia que tinha, mas não queria voltar para aquele mundo. Estava contente com o que tinha naquele momento e queria que durasse. O problema era que os proprietários da quinta Ryle não iam renovar-lhe o contrato, dentro de três meses, quando o anterior acabasse. Por isso, tinha decidido comprar Shopcutte. Sabia que leiloavam o imóvel em lotes, mas ele queria-o inteiro.

Era muito importante para ele preservar a intimidade e a solidão. Graças aos anos que tinha trabalhado na cidade, como um dos melhores analistas financeiros, podia permitir-se comprar tudo.

Os que o tinham conhecido quando tinha vinte e poucos anos não acreditariam no homem em que se tinha transformado. Agora estava dez anos mais velho. No entanto, na altura… Na altura, o dinheiro tinha-lhe dado acesso a um mundo de empresas, modelos e drogas, mas depressa se tinha apercebido de que era um mundo governado pela avareza e pelo cinismo. Ele não se deixou enganar pelo sexo e pelas drogas, mas outros não tinham tido tanta sorte.

Depois da morte de um companheiro por overdose, a vida que levava começou a cansá-lo. Ao ver como muitas mulheres se ofereciam a homens de negócios em troca de droga e como aquele mundo valorizava a riqueza material e não a humana, um dia acordou e decidiu que não queria continuar a pertencer a ele.

Talvez, injustamente, tenha culpado a vida da cidade de pecados que os seres humanos cometiam. Perguntou-se o que queria. Paz, uma vida mais simples, mais saudável e mais natural.

A sua mãe tinha as suas origens no campo e, obviamente, ele tinha herdado aqueles genes. Decidiu ir-se embora. Os seus chefes suplicaram-lhe que ficasse, mas ele já tinha tomado uma decisão. Queria uma quinta onde iria cultivar produtos biológicos e animais.

Maggie não tinha percebido o que ia acontecer quando ouviu o barulho. No entanto, assim que Finn ouviu o barulho da água soube o que aquilo significava e parou o carro. Não ia conseguir atravessar o rio, nem sequer com o seu 4x4. Olhou para o carro de Maggie, mal-humorado. Era um descapotável último modelo, com o qual só um parvo teria tentado atravessar o rio.

A água chegava já até ao meio da porta e continuava a subir. Em poucos minutos, a corrente poderia arrastar o carro e levá-lo juntamente com a loira que ocupava o veículo.

Voltou a ligar o carro e dirigiu-se para o de Maggie muito lentamente. A mulher continuava estupefacta, sem acreditar no que estava a acontecer-lhe.

Aquelas coisas simplesmente não aconteciam… e, muito menos, a ela. Conteve um grito quando o carro começou a mexer-se para um lado. Ia ser levada pela corrente. Podia afogar-se. Tinha visto um Land Rover atrás e disse para si que estava a ficar nervosa sem razão. Se ele podia atravessar o rio, ela também. Tentou ligar o carro.

Finn não podia acreditar. Mas aquela mulher pensava mesmo que o carro ia arrancar?

Colocou-se ao seu lado e abriu a janela.

Ao vê-lo, Maggie olhou para ele de forma desdenhosa. Finn apercebeu-se de que era uma mulher da cidade e o seu aborrecimento multiplicou-se. Fez-lhe sinais para que abrisse a janela também enquanto olhava para ela com o mesmo desprezo.

Maggie não lhe fez caso ao princípio, mas o carro começou a mexer-se novamente.

– Que raios está a fazer? É um carro, não é um submarino.

Maggie zangou-se perante o seu tom de voz. Normalmente, o seu aspecto garantia-lhe que o sexo oposto nunca lhe faltava ao respeito.

– Estou a tentar sair do rio.

– Vai ter que abandonar o carro – indicou-lhe Finn, vendo que voltava a mexer-se. Era evidente que, de um momento para o outro, podia ser levado pela água.

– E como me sugere que o faça? – perguntou ela com frieza. – Abro a porta e saio a nado?

– Isso seria perigoso… a corrente tem muita força – respondeu ele, ignorando o seu sarcasmo. – Saia pela janela e suba para o tecto. O meu carro está perto, por isso poderá chegar até ele e meter-se pela janela do passageiro.

– O quê? – perguntou Maggie. Não podia acreditar. – Tenho um fato de um estilista famoso vestido e uns sapatos muito caros. Não quero estragar a minha roupa para subir para um Land Rover cheio de lama.

Finn nunca tinha conhecido ninguém que o irritasse tanto.

– Bom, se ficar onde está, além de perder os sapatos, provavelmente perderá também a vida. Faz alguma ideia…? – interrompeu-se, ao sentir outra investida da água. – Vamos, mexa-se – ordenou-lhe. Para sua própria surpresa, Maggie, obedeceu sem olhar.

Ao sentir dois braços fortes que a puxavam para a meter no carro pela janela como se… como se fosse um saco de batatas, sentiu-se completamente ultrajada. Entrou de cabeça, sem fôlego e sem sapatos.

Sem sequer ter a decência de parar para ver se estava bem, aquele homem estava a avançar para a outra margem. Conseguiu sentar-se, olhou para trás e viu que o seu carro acabava de ser levado pela corrente, rio abaixo. Sentiu que estava a tremer, mas o condutor do Land Rover não parecia preocupado com ela. Chegaram a terra firme e começou a subir a ladeira.

«Mais uns segundos e esta idiota teria morrido», pensou Finn furioso. Até o rio descer, o local estaria isolado.

– Deixe-me no centro – disse Maggie, num tom desdenhoso. – Se puder ser, à frente de uma sapataria – acrescentou. Apercebeu-se de que não tinha sapatos, nem malas, nem bolsa, nem cartões de crédito…

– No centro de quê? – perguntou Finn, incrédulo. – Onde raios pensa que está?

– Numa estrada nacional, a uns dez quilómetros de Lampton – respondeu ela muito segura de si.

– Numa nacional? Isto parece-lhe uma nacional? – perguntou ele com ironia.

Não. Para começar, era de uma só direcção, portanto… portanto tinha-se enganado. Não podia ser, ela não se enganava nunca em nenhum aspecto da sua vida.

– No campo, as coisas são diferentes – disse. – Uma estrada velha poderia ser uma nacional.

A sua arrogância enfureceu-o.

– Para sua informação… esta estrada é privada e só leva a uma quinta… a minha.

Maggie abriu os seus olhos castanhos, surpreendida. Ficou a olhar para Finn enquanto tentava assimilar o que acabava de lhe dizer. Tinha o cabelo muito escuro, bonito, mas precisava de um bom corte. Fez uma careta de desaprovação ao ver que usava um casaco muito usado. A hostilidade que sentia por ele era evidente e ele experimentou o mesmo por ela.

– Devo ter-me enganado, então – disse, encolhendo os ombros. Só ela sabia como lhe custava admitir que tinha cometido um erro. – Se não me tivesse raptado, teria conseguido dar a volta…

– Dar a volta? – interrompeu-a Finn. – Se não tivesse aparecido, não penso que estivesse viva neste momento.

As suas palavras fizeram-na estremecer, mas disfarçou.

– Quanto tempo demora a água a descer?

– Podem ser dias – respondeu impaciente. Gente assim não deveria perder-se no campo. Sabiam que a natureza podia ser perigosa tão bem como uma criança sabe que é arriscado atravessar a auto-estrada.

– Dias…?

Finn olhou para ela e viu medo nos seus olhos. Perguntou-se o que o teria originado. E para que queria saber ele daquela mulher?

– Quantos… dias?