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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2014 Andrea Laurence

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

As cartas em cima da mesa, n.º 1260 - Agosto 2015

Título original: Back in Her Husband’s Bed

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-7102-1

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

– Senhor Reed, as nossas câmaras localizaram a Barracuda na mesa três, junto às slot machines.

Nate sorriu. Annie tinha caído na sua armadilha. Não tinha conseguido resistir a ir ao grande campeonato, mesmo que isso significasse regressar à cena do crime. Como proprietário e diretor do Casino Desert Sapphire, tinha ordenado à sua equipa de segurança para o avisarem quando ela lá estivesse.

– Está a jogar com o senhor Nakimori e com o senhor Kline – informou Gabriel Hansen, o seu chefe de segurança, depois de ouvir o que lhe diziam pelo auricular que o ligava aos agentes de cada um dos pisos.

– Típico dela – disse Nate, e preparou-se para ir até às mesas. O empresário japonês e o velho magnata do petróleo texano iam perder toda a sua fortuna se ele não a levasse dali para fora rapidamente. Por alguma razão lhe chamavam Barracuda.

– Queres que te acompanhe? – perguntou Gabe.

Nate suspirou. Além de ser seu chefe de segurança, Gabe era um dos seus melhores amigos e sabia que não tinha Annie em muito alta estima depois do que ela lhe tinha feito.

– Não, eu trato disto sozinho.

Endireitando a gravata, Nate apanhou o elevador e desceu os vinte e cinco andares que separavam a sua suíte do hall principal do casino.

Depois de tantos anos, por fim ia poder vingar-se dela. No entanto, não era capaz de sentir toda a excitação que pensava que ia sentir. Tinha a boca seca e o pulso acelerado. Como era possível que ele, Nathan Reed, um dos mais bem-sucedidos empresários de Las Vegas, estivesse nervoso por causa de uma mulher? A verdade era que Annie sempre tinha sido o seu calcanhar de Aquiles.

Da porta, viu-a imediatamente. Estava sentada de costas para ele, com as pernas cruzadas e o longo cabelo preto caído pelos ombros. A seu lado, o senhor Nakimori chegou-se para trás na cadeira, atirando as cartas para cima da mesa, entristecido.

Quando Nate parou atrás dela e lhe pôs uma mão no ombro, Annie nem se mexeu. Tinha estado à espera da sua chegada.

– Cavalheiros – cumprimentou Nate, sorrindo para os outros jogadores. – Fico feliz por tê-los de novo no Sapphire. Está tudo bem?

Jackson esboçou um amplo sorriso.

– Estava tudo bem, até aparecer esta beldade.

– Então, tenho a certeza de que não se importam que vos prive da sua companhia – disse Nate com um sorriso.

– Estamos a meio de um jogo.

Eram as primeiras palavras que ela lhe dirigia desde que se tinha ido embora. Não o tinha cumprimentado e a única coisa que lhe ocorria era queixar-se porque ele estava a interromper o jogo, pensou ele.

Inclinando-se, Nate aproximou os lábios da sua suave orelha. Cheirava a champô de jasmim, um aroma que lhe recordava o seu delicioso sabor entre os lençóis. No entanto, nunca mais se ia deixar enfeitiçar por ela.

– Temos que falar. Larga o jogo – ordenou ele em tom taxativo.

– Bom, cavalheiros, acho que já terminei – disse ela com um suspiro. Pousou as suas cartas na mesa e tirou a mão de Nate do ombro antes de se levantar.

– Boa tarde – responderam os outros dois homens. Pareciam ambos aliviados de prescindirem da sua presença.

Annie agarrou na sua mala vermelha de couro e dirigiu-se para a saída. Rapidamente, Nate alcançou-a e agarrou-a com firmeza pelo cotovelo, guiando-a até ao elevador.

– Tira as mãos de cima de mim – gritou ela com os dentes cerrados, tentando libertar-se dele sem sucesso.

– Nada disso – respondeu ele com um sorriso. – Sabemos bem os dois o que aconteceu da última vez que fiz isso. Se preferires, posso fazer com que um agente de segurança te escolte até lá acima.

Annie parou imediatamente e virou-se para ele.

– Nem te atrevas.

Meu Deus, era muito bonita, pensou Nate, sentindo que, novamente, era invadido pelo desejo de estar com ela. Mesmo que o irritasse que o seu corpo continuasse a reagir daquela maneira quando a via, apesar de tudo o que ela lhe tinha feito.

– Não me atrevo? – replicou ele. Annie não o conhecia de forma alguma. Inclinou a cabeça até estar a uns milímetros da sua cara. – Queres ver? – desafiou-a, agarrando-a com mais força.

Annie não disse nada. Limitou-se a parar de resistir. E ele só a soltou quando entraram na sua suíte.

Furiosa, foi direta para o escritório e deixou-se cair sobre o sofá de couro.

– O que é que se passa? – perguntou ela. – Por me teres feito vir até aqui, perdi uma jogada de cinco mil dólares. O que é que queres?

Nate apoiou-se na grande secretária de mogno que tinha pertencido ao seu avô e cruzou os braços.

– Tenho uma proposta para ti, Barbara Ann.

Annie franziu a testa com desconfiança.

– Não tens nada que eu possa querer, Nate. Se não, o meu advogado já to teria pedido.

– Isso não é verdade. Posso dar-te aquilo de que estás à espera desde há três anos: o divórcio.

– Tu e o teu advogado têm andado a dificultar o processo há anos – observou ela, tentando adivinhar qual era a sua jogada. – Já me custou uma fortuna em advogados. E agora queres dar-me o divórcio com um lacinho?

– Não exatamente – respondeu ele com um sorriso, enquanto se servia um copo de uísque. Não tinha pressa nenhuma por saciar a sua curiosidade, depois dos três anos que ela o tinha feito esperar. Sirvo-te um copo? – ofereceu, mais por educação que pelo desejo de agradar.

– Tu sabes que eu não bebo.

Nate ficou tenso. Tinha-se esquecido. Annie odiava que o álcool lhe fizesse perder o controlo. Era surpreendente como se esqueciam as coisas com o tempo. Que outras coisas teria ele esquecido?

– Um refresco? Água?

– Não, eu estou bem, obrigada.

– Muito bem – disse ele, pondo dois ou três cubos de gelo no seu copo. Com calma, deu um longo trago ao uísque, com a esperança de que aquilo o ajudasse a adormecer o desejo que sentia por ela.

Annie tinha algo que sempre o tinha excitado. Não era apenas a sua exótica beleza, nem a sua aguda inteligência. Ainda conseguia sentir o contacto do seu cabelo sedoso e preto no peito quando faziam amor. Ou o musical som do seu riso. Tudo junto formava uma mistura embriagadora. E, só de tê-la perto de si o seu sangue entrava em efervescência.

Então, Nate lembrou-se a si mesmo que o que ela queria era o divórcio. E que o tinha abandonado a meio da noite sem qualquer explicação.

Pelo menos, Annie tinha-se dado ao trabalho de pedir o divórcio perante o tribunal. A sua mãe, pelo contrário, tinha-se ido embora sem dar qualquer explicação, afundando o seu pai numa espiral de depressão que tinha estado a ponto de destruir o negócio familiar. Mas ele era mais forte que o seu pai, disse para si mesmo. Tinha reconstruído o seu hotel, o Desert Sapphire, e tinha-o levado até ao topo da indústria turística. Não era o tipo de homem que se deixava afundar por uma mulher.

Mesmo que fosse uma mulher tão incrível como Annie.

Ela observou-o com desconfiança sentada no sofá.

– Sei que não podes ter mudado de opinião de repente. Diz-me lá, o que é que está a acontecer?

Tinha razão. Nate não tinha mudado de ideias e continuava a incomodar-lhe dar a Annie o que ela queria, mas o campeonato era mais importante. A organização que patrocinava o torneio de póquer mais prestigioso do mundo tinha mantido durante anos uma parceria com outro casino.

Para fazer com que naquele ano assinassem com o Desert Sapphire, ele tinha tido de fazer-lhes algumas promessas irresistíveis. E necessitava que Annie o ajudasse a cumpri-las.

– Estou a trabalhar num projeto relacionado com o campeonato e tenho um trabalho perfeito para ti – referiu ele, e fez uma pausa para dar um trago. – Se assinar os papéis e te der o divórcio, ajudas-me?

– Não estou a compreender. Como é que eu vou…?

– Tenho a certeza de que já ouviste dizer que o grande torneio de póquer é um ninho de batoteiros – interrompeu-a ele. – E a reputação dos organizadores está em xeque por causa disso.

– Há sempre rumores de batota – disse ela com um suspiro. – Mas nunca se demonstrou nada de importante. A mão cheia de batoteiros que apanham rouba uma quantidade de dinheiro insignificante comparada com o que se move neste tipo de eventos. O que é que isso tem de especial?

– Organizar o torneio é um grande desafio para o meu hotel. Como bem sabes, foi organizado pelo Tangiers durante os últimos vinte anos. Para convencer os organizadores a apostarem em nós, tive de dar-lhes garantias de que qualquer pessoa que faça batota será detida e julgada, para que sirva de exemplo.

– E por que é que tu pensas que podes fazer melhor o trabalho que o Tangiers?

– Porque tenho uma das melhores equipas de segurança do ramo e os empregados mais qualificados. Além das medidas habituais que a maioria dos casinos usa.

– De todas as maneiras, acho que não serve para nada. Não me parece possível impedir que as pessoas façam batota.

– Este hotel estava à beira da falência quando eu comecei a dirigi-lo. Antes disso, o meu pai não se encontrava bem e as pessoas aproveitaram-se disso. O nosso maior problema eram os vigaristas que defraudavam o casino, sobretudo os nossos próprios empregados. Eu investi na tecnologia mais avançada para impedi-lo e, durante os últimos cinco anos, as nossas perdas por batota desceram oitenta por cento.

– Então para que é que precisas de mim? – perguntou Annie cruzando os braços.

Nate ficou enfeitiçado vendo como os peitos dela se apertavam sob os seus braços. As suas suaves e femininas curvas eram únicas na eficácia com que incendiavam o seu desejo.

– Porque suspeito que está em andamento uma operação em grande escala com caras novas e sem antecedentes. Mas temos de apanhá-los. Se tivermos sucesso, os organizadores garantem-me um contrato de dez anos com o nosso casino. Isso é uma coisa com que o meu avô nem sequer teria sonhado.

– E então? Achas que sei quem é que está envolvido?

– Acho que podes ter as tuas suspeitas – adivinhou ele. – Há vários anos que estás dentro da comunidade de jogadores profissionais e deves ter ouvido rumores – acrescentou, e olhou para ela nos olhos. – Também acho que podes desmascará-los, se tiveres a motivação adequada.

Annie levantou-se de um salto do sofá, nervosa.

– Não sou uma delatora – defendeu-se. Não tencionava arruinar a sua reputação denunciando os colegas. Nem pelo divórcio, nem pelos encantos de um homem tão bonito como Nate. A honra era o mais importante na sua profissão.

– Se fizermos bem as coisas, ninguém tem que saber que és tu a pessoa infiltrada.

– O quê? Há câmaras por todos os lados. O mais provável é que os vigaristas contem com a ajuda de alguém de dentro, provavelmente com alguém da tua equipa de segurança. Por acaso achas que não se vão aperceber que eu partilho informação contigo?

– Não têm que saber.

Nate não lhe tinha revelado todo o seu plano. Annie era especialista em póquer, mas ele era um mestre em xadrez e estava três movimentos à sua frente. E ela odiava que a manipulassem.

– Explica-me lá isso.

– Não há câmaras aqui dentro – referiu com um sorriso.

Annie olhou à sua volta para o escritório e para o corredor que dava para a sua suíte. Esperava verdadeiramente que não houvesse câmaras, porque se não, alguém se teria divertido muito com a sua noite de núpcias.

– E não lhes parecerá suspeito que eu esteja contigo na tua suíte? É um pouco estranho que me reúna a sós com o diretor do casino, não achas?

– O que é que é assim tão estranho que passes tempo com o teu marido?

Annie ficou gelada. Desejava do fundo do coração que ninguém soubesse o erro que tinha cometido ao casar com ele. O casamento tinha sido um segredo que só tinha partilhado com a sua irmã, Tessa, e com a sua mãe. Além disso, tinha acabado tão rapidamente que não tinha tido tempo para contar a mais ninguém.

– Não achas que lhes pode parecer estranho que, de repente, anunciemos que estamos casados? Como é que vamos explicar que estamos juntos de novo passados três anos?

– Diremos a verdade – respondeu ele, encolhendo os ombros. – Casámos há três anos. Não funcionou. Separámo-nos. Tu voltaste para o torneio e reconciliámo-nos.

– Mas essa não é a verdade.

– Todas as mentiras têm a sua parte de verdade – referiu ele. – E não lhes daremos razão para duvidarem de nós – acrescentou com um amplo e sedutor sorriso.

A que é que se estava a referir com aquilo?, perguntou-se ela, assustada.

– É que… Esperas que… Nós…? – balbuciou Annie com pele de galinha. De forma instintiva, cruzou os braços à laia de proteção.

– Não – respondeu ele, rindo. – Será apenas uma farsa. Terás que ficar comigo na suíte. Comeremos juntos em público, mostrar-nos-emos afetuosos. Pode ser até que tenhas que aguentar algum beijo. Assim, ninguém vai suspeitar do que nós estamos a tramar.

Annie corou imediatamente, como uma adolescente. Não era comum nela, pois tinha aprendido a camuflar os seus sentimentos, algo que tinha feito dela uma excelente jogadora de póquer. Por alguma razão, Nate era a única pessoa capaz de trespassar a sua armadura de aço.

Ao pensar nos seus beijos, recordou como costumava andar com a cabeça à roda quando estava entre os seus braços. Aqueles beijos tinham sido o que a tinha convencido a casar com ele. Por isso, não era boa ideia. Na verdade, era uma péssima ideia. Espiar os seus colegas, fingir que estava apaixonada por Nate… Era brincar com o fogo. Não seria um peão no jogo de xadrez do seu ex-amante.

– E se eu me negar?

Annie observou como o marido dava um longo trago ao seu copo e cruzava os braços, apoiando-se na secretária. O seu caro fato cinzento realçava uns ombros largos e um corpo pecaminoso. Ele não parecia nada afetado pela ideia de beijá-la. Aparentemente, era ela a única que padecia dessa fragilidade. A única coisa que Nate queria era utilizá-la para fazer com que o seu conceituado hotel tivesse ainda mais sucesso.

Apesar de tudo, Annie não se tinha esquecido por que motivo se tinha apaixonado por ele. Ele era tudo o que era suposto ela procurar num homem: forte, inteligente, bonito, alto, atento e muito rico. O mau era que não estava acostumada a que ninguém lhe dissesse o que podia ou não podia fazer. As expectativas de Nate tinham sido maiores do que ela tinha conseguido suportar.

As mulheres da família Baracas não eram peritas em ficarem com os seus companheiros. O seu casamento, embora tivesse sido curto, fora o primeiro de várias gerações da sua família. Magdalena Baracas tinha ensinado às filhas que os homens podiam ser um bom entretenimento ao princípio mas que, no final, causavam demasiados problemas.

Nesse momento, olhando para o seu marido, Annie estava de acordo com a mãe. Nate era irritante. Tinha-lhe negado o divórcio durante três anos só para chateá-la. Agora, dava-lho de bandeja.

– Se não cooperares, não haverá divórcio. Tão simples como isso – afirmou ele, olhando fixamente para ela.

Incomodada, ela afastou a vista e suspirou, completamente frustrada.

– Ora, Nate, sê honesto. Não se trata do póquer. O que queres é humilhar-me e castigar-me por eu te ter deixado. Não posso acreditar que queiras estar casado comigo depois de tudo o que se passou.

Annie não fazia a mínima ideia de se a sua diatribe ia servir a favor da sua causa ou contra. No entanto, não conseguiu conter as palavras, após três anos de silêncio.

– Lamento que tivéssemos confundido o desejo com o amor e que nos tivéssemos metido nesta confusão. Mas quero fechar este capítulo da minha vida e deixá-lo para trás. Não quero mais jogos, por favor – acrescentou ela.

Nate deu um passo atrás com um sorriso gozão no rosto.

– Pensas que vai ser assim tão fácil? Achas que só de olhar para os teus olhos azuis vais fazer com que eu mude de ideias?

Annie ficou tensa. Queria acabar com aquilo o mais depressa possível. E nunca mais queria voltar a ter nem uma única razão para estar no mesmo espaço que Nate. Era perigoso. Ela era demasiado vulnerável aos seus encantos, por isso, quanto mais longe estivessem, melhor.

– Quanto ganha o teu advogado por hora, Annie? Se recusares a minha oferta, veremos quem é que fica sem dinheiro primeiro.

Annie sabia que tinha todas as possibilidades de perder, apesar dos seus fabulosos lucros como jogadora profissional.

– Por favor, Nate – rogou ela, com o olhar baixo. – Não posso mudar o que aconteceu entre nós no passado, mas não me obrigues a pôr em xeque o meu futuro. Se alguém descobrir que estou a espiar para ti, a minha carreira termina. Serei a mulher mais odiada do mundo do póquer.

Annie ficou à espera, sem levantar a vista. Não podia dizer mais nada. Tinha posto as suas cartas em cima da mesa, mas não tinha muita esperança de conseguir nada com isso. Intuía que Nate tinha proposto a si mesmo vingar-se e arruinar-lhe a vida, quer em tribunal, quer na mesa de jogo. Passados três anos, ele tinha-a exatamente onde a queria.

– Estas são as minhas condições – afirmou ele com voz fria. – Queres o divórcio ou não?

Claro que queria. Mas…

– É chantagem.

Nate sorriu. Era óbvio que estava a desfrutar de vê-la encurralada.

– Não gosto dessa palavra. Prefiro chamar-lhe um acordo de mútuo benefício. Eu apanho os vigaristas e asseguro o torneio durante dez anos. Tu consegues o divórcio sem te arruinares.

Muito fácil. Para Annie, não tinha nada de fácil.

– Porquê eu?

– Preciso de alguém do mundo deles. Tu és uma excelente jogadora. Tens muitas probabilidades de chegares à final. É perfeito.

Não era assim tão perfeito, pensou ela, e respirou fundo por um momento. Queria desaparecer dali quando terminasse o campeonato e nunca mais voltar a ver Nate. Ainda assim, o preço final era alto. Tinha que espiar para ele e, para cúmulo, fingir que eram felizmente casados.

Mas o torneio só duraria uma semana. Se tudo corresse bem, podia jogar, dar a Nate duas ou três pistas e, com um pouco de sorte, sair dali como uma mulher livre e solteira.

– Posso confiar que tu manterás a tua palavra se eu cumprir a minha parte do acordo?

– Annie, sabes bem que eu sou de confiança – assegurou ele, franzindo a testa. – Se aceitares, ligo ao meu advogado e digo-lhe para ele enviar os papéis.

Não tinha mais opções, pensou ela, olhando-o nos olhos.

– Muito bem, Nate. Negócio feito.