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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2004 Anne Marie Rodgers

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Pelos serviços prestados, n.º 1240 - Abril 2015

Título original: For Services Rendered

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado originalmente em português em 2005

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6906-6

Editor responsável: Luis Pugni

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

– Por favor, diz-me que é o último.

Sam Deering levantou os seus poderosos braços acima da cabeça para se espreguiçar. Doíam-lhe as costas por estar sentado há tantas horas e era mais que certo que o seu terapeuta lhe iria dar um raspanete; mas precisava mesmo de contratar alguém, por isso tinha mesmo de acabar com as entrevistas de uma vez por todas. Suspirou e pousou os óculos em cima de um monte de papéis, levantando-se, depois, para esticar a perna esquerda. Nunca mais voltou a ser o mesmo desde que tinha sido alvejado, mas tinha recuperado bem melhor do que imaginara, por isso não se podia queixar.

– Estás bem? – Del Smith, a subdiretora da empresa Serviços de Proteção Pessoal, S.A., levantou o olhar do curriculum a que estavam a dar uma vista de olhos, cravando nele os seus grandes olhos castanhos.

– Sim – suspirou Sam, voltando a pôr os óculos. – Vamos acabar com isto de uma vez.

Tinham sido uns tempos emocionantes, pensou. A SPP tinha começado por ser uma pequena agência, mas rapidamente começou a crescer. Um mês antes, tinham chegado à conclusão de que era necessário um ajudante para o Doug, o chefe do departamento de investigação, porque havia demasiado trabalho. Agradava-lhe que a sua empresa, sedeada na Virgínia, pudesse dar resposta a tantos pedidos, desde sequestros em casos de custódia a análises de segurança em residências familiares ou serviços de guarda-costas, mas, para isso, era obrigado a trabalhar doze horas por dia.

Ele e Del Smith, claro. Sem ela, não teria conseguido chegar onde chegara.

– Este é o último – Del parecia tão aliviada como ele, enquanto pousava uma última pasta sobre a sua secretária.

– O que é que achas? – perguntou Sam, dando uma vista de olhos ao curriculum.

Del encolheu os ombros. Como habitualmente, trazia uma camisa de homem e, por baixo, uma camisola da SPP, certamente para o tamanho de Sam. Suspeitava que, por debaixo de todo aquele tecido, haveria um par de peitos interessantes mas, em sete anos, jamais a tinha visto com outra coisa que camisas largas e calças de ganga ou o casaco preto que usava quando tinha que receber clientes. E, definitivamente, não era algo que pudesse perguntar: «Ouve lá, Del, que tamanho de sutiã usas?» Não, de certeza que não seria uma boa ideia.

Sem fazer ideia do que ele estava a pensar, Del abanou a cabeça enquanto arrumava uns papéis.

– Sanders pode ser bastante competente, mas, se queres a minha opinião, não vi nele nada de especial.

Sam assentiu, tentando concentrar-se nos potenciais empregados que tinha passado a tarde a entrevistar.

– Concordo contigo. Talvez tenhamos mais sorte com o próximo.

Sorrindo, Del dirigiu-se para a porta.

– É possível.

Sam observou-a, em silêncio. Sabia que debaixo daquelas calças de ganga descaídas e da enorme camisa havia uma mulher esbelta, mas a roupa larga impedia que visse com mais detalhe. E durante os sete anos de trabalho juntos, tinha começado a ficar obcecado em vê-la sem roupa… ou melhor, vê-la com uma roupa que distinguisse a sua silhueta.

Naquele dia, como sempre, o seu longo cabelo castanho estava apanhado numa trança que saía por fora do boné de basebol com que sempre andava, e que, ao mover-se, prendia o seu olhar como se o estivesse a seduzir. Como seria esse cabelo solto, caindo em cascata sobre as suas costas? Era difícil de acreditar que, depois de tantos anos a trabalharem juntos todos os dias, jamais a tivesse visto com o cabelo solto.

Sam deixou-se cair na cadeira novamente. Duvidava que algum dos seus empregados soubesse o quanto gostava da sua subdiretora, e era melhor que assim fosse. Além disso, não tinha intenção de fazer alguma coisa nesse sentido.

Não, a última coisa que queria era uma relação amorosa. E muito menos com alguém que trabalhava com ele. A SPP era a única amante para a qual tinha tempo. Uma mulher de carne e osso jamais se contentaria com o tempo livre que lhe restava depois do trabalho, com as chamadas urgentes e com a resposta imediata que certos casos requeriam.

A porta do escritório abriu-se e Del voltou a entrar com uma mulher de casaco e calças escuras. O casaco era largo, sem forma, dos que são feitos para esconder uma arma. Ainda que tivesse a certeza de que naquele dia não a trazia consigo.

Del sentou-se ao lado de Sam, com o seu curriculum na mão.

– Karen Munson. Karen, apresento-lhe Sam Deering, diretor e proprietário da SPP.

A mulher assentiu com a cabeça.

– A senhora Munson tem estudos em Direito Penal – informou-o Del, olhando para o curriculum. – Começou como polícia em Miami, conseguiu entrar para o Departamento de Homicídios e depois concorreu a um lugar no FBI… A sua experiência inclui sequestros familiares e investigação criminal.

– Trate-me por Karen – sorriu ela. Não havia qualquer tipo de afetação nesse sorriso e, felizmente, parecia não o ter reconhecido.

Melhor assim. A última coisa que precisava era de uma empregada que entrasse em contactos com a imprensa. Há nove anos atrás, sofreu uma tal perseguição jornalística que decidiu desaparecer do mapa. Nem sequer Del conhecia o seu passado.

Tinha pensado em contar-lhe, sobretudo quando lhe custava fazer algum movimento. Mas ela nunca lhe perguntou porquê ou quem o tinha alvejado e, nos últimos anos, tinha melhorado tanto que, por vezes, até se esquecia que tinha duas balas dentro do corpo.

– Porque saiu do FBI, senhora Munson? – perguntou Sam, olhando para o seu curriculum.

– Porque tive um filho – respondeu ela. – Queria um trabalho com um horário normal.

– Mas aqui, nem sempre terá um horário de trabalho normal – advertiu-lhe ele.

– Eu sei. Li a informação que colocaram sobre o lugar, mas as minhas circunstâncias mudaram e já não tenho problemas com os horários.

– Não tem que cuidar do seu filho? – perguntou Del.

Karen Munson cerrou os lábios, afastando o olhar.

– O meu filho morreu – disse em voz baixa. – Por isso, senhor Deering, quanto mais trabalho houver, melhor – acrescentou, erguendo-se na cadeira. – Como pode verificar, tenho experiência em várias áreas.

A entrevista durou meia hora, mais do que estiveram com os outros candidatos. Quando terminou, Sam tinha contratado Karen Munson como ajudante do chefe do departamento de investigação.

Depois de um aperto de mãos, Del acompanhou-a à receção para lhe dar a documentação que tinha de preencher durante o fim de semana. Quando Sam estava a fechar a porta, o intercomunicador tocou.

– Que se passa, Peg?

Peg Doonen era rececionista e secretária, encarregue, sobretudo, de filtrar as chamadas e visitas.

– Está na hora de ir embora, é isso que se passa! – respondeu ela, com o seu habitual sentido de humor. – Pensei que tinhas dito que iríamos ter um fim de semana tranquilo.

– E assim será. Que aconteceu? – sorriu Sam. Não costumava brincar com os empregados, mas Peggy era uma força da natureza. Para além de tomar conta do telefone e da receção, era também a brincalhona de serviço e a que organizava as festas. Inclusivamente, um par de anos atrás, tinha incluído no seu relatório de atividades: «Alegrar a vida dos empregados». E tinha valido a pena ter-lhe dado um aumento de salário, pensou Sam. O escritório tinha um ambiente estupendo e os seus empregados formavam uma boa equipa, com um relacionamento ótimo apesar de terem personalidades diferentes.

– É o aniversário da Del, para o caso de te teres esquecido – continuou Peggy. – E vamos convidá-la para jantar. Por isso, a não ser que haja algo horrivelmente urgente para fazer, nós vamo-nos embora. Aliás, porque não vens connosco e descontrais um pouco?

– Não, obrigado – respondeu Sam, automaticamente. – Poderia deixar toda a gente inibida.

– Que disparate – replicou Peggy. – Se mudares de opinião, estaremos no pub O’Flaherty. Combinámos às oito.

– Divirtam-se – sorriu ele.

O aniversário de Del Smith. Sam abanou a cabeça. Trabalhava com ele há sete anos, desde que tinha aberto a empresa. Era o seu braço direito… e nem sequer sabia quando era o seu aniversário.

Sam encolheu os ombros. Isso era parte do trabalho de Peggy, lembrar-se dos aniversários de toda a gente. Enviava cartões da empresa, que ele assinava quando Peg lhos colocava debaixo do nariz, e organizava almoços ou jantares para comemorar. Ainda que ele nunca tivesse ido a nenhum…

O intercomunicador voltou a tocar.

– Diz.

– A senhora Munson já foi. Começará a trabalhar na segunda-feira, às nove – disse-lhe Del. – Se não precisares de mais nada, eu vou-me embora.

– Não, obrigado. Vemo-nos na segunda.

– Bom fim de semana. Até segunda.

– Ouve, Del.

– Sim?

– Parabéns.

– Ah – parecia surpreendida e contente e Sam agradeceu que Peggy o tivesse lembrado. – Muito obrigada.

– Poderia cantar-te o «Parabéns a Você», mas seria lamentável para ambos.

– Faremos de conta que já cantaste – sorriu Del. – Vá lá… Que bonito, obrigada pela bela serenata – riu, com aquele riso seu, tão rouco, tão sensual.

Gostava de a fazer rir, ainda que fossem raras as ocasiões em que o fazia. Del era uma das pessoas mais sérias que alguma vez conhecera. Quando havia um problema no escritório, concentrava nisso toda a sua atenção. E, no seu trabalho, era frequente haver muitos problemas.

– Diverte-te.

– Obrigada. Tu também.

Sam ficou uns instantes a olhar para o intercomunicador, desejando que Del não tivesse que se ir embora. Mas isso era um disparate.

«Deering, não sejas ridículo. Não podes estar a pensar em andar com uma empregada tua.»

Isto, partindo do pressuposto que Del estivesse interessada, claro. Que ele soubesse, nunca tinha saído com ninguém do trabalho. De facto, não se lembrava de alguma vez terem falado sobre a sua vida pessoal, por isso não sabia se saía com alguém ou não. Quando a contratou, era solteira e tinha quase a certeza que assim continuava. Nenhum marido aceitaria que trabalhasse tantas horas. Estava mais tempo com ele do que em casa.

Estava a caminho de casa quando a ideia lhe ocorreu.

Porque não?

«A Peggy convidou-te», recordou a si mesmo.

«Sim, mas não te convidou verdadeiramente, apenas o fez por uma mera questão formal.»

«Não, a Peggy é uma pessoa que diz o que sente.»

«Os outros empregados não gostariam da ideia.»

«E como é que sabes disso? Convidam-te sempre, mas nunca aceitaste.»

Muito bem. Daquela vez iria para ver por que motivo toda a gente tanto falava das festas de aniversário organizadas pela Peggy. E porque era a festa da Del. Além disso, era a segunda da empresa e, de alguma maneira, deveria reconhecer o seu bom trabalho. Decidido, Sam dirigiu-se para a avenida Fairfax, onde se situava o pub O’Flaherty.

Enquanto estava parado no semáforo, olhou para o relógio. Eram nove e um quarto. Iria chegar atrasado, mas ainda bem. Assim, os seus empregados veriam que apenas tinha passado uns instantes por ali para dar os parabéns a Del e não para lhes estragar a festa. Para mais, já deviam ter terminado de jantar.

Estacionou defronte do pub e tinha acabado de entrar pela porta quando os viu. Os empregados da SPP ocupavam três mesas.

Não, espera. Havia uma ruiva muito magra que não era sua empregada. Muito magra em todas as partes exceto numa, onde deveria ter implantes de silicone. Estava ao lado de Gerald Walker, um antigo agente federal que trabalhava com Doug, no departamento de investigação.

Walker tinha passado por um amargo divórcio há dez anos atrás. Sam sabia-o porque, numa noite, pouco depois de constituir a empresa, ligou-lhe para lhe colocar umas questões, depois do horário de trabalho, e o homem apareceu-lhe com a pior ressaca que alguma vez tinha visto.

– Hoje vi a minha ex pela primeira vez, depois de alguns anos – contou-lhe. – Tinha que escolher entre beber e começar a dar murros na parede.