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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Pamela Brooks

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Coração derretido, n.º 1206 - Agosto 2014

Título original: A Moment on the Lips

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5348-5

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Volta

Capítulo Um

 

Foram os sapatos que a delataram.

O seu saia-casaco era de boa qualidade. Muito profissional, tal como a pasta de cabedal e o simples mas elegante rabo-de-cavalo do seu longo cabelo louro. Mas os saltos eram demasiado altos e finos. Não eram sapatos de escritório e Dante Romano tinha conhecido demasiadas princesas para saber como podiam ser caros. Era o tipo de calçado que só uma mulher rica e mimada se podia permitir.

Fechar aquele contrato ia ser muito mais rápido do que receara quando as suas fontes lhe tinham revelado que Carenza Tonielli pensava tomar conta do negócio da sua família.

– Obrigado por vir ver-me, signorina Tonielli – disse-lhe enquanto se levantava. – Apetece-lhe tomar algo? Café, água? – indicou-lhe a garrafa e os copos que estavam na mesa.

– Água, por favor. Muito obrigada.

– Sente-se, por favor – esperou até ela se sentar na outra ponta e serviu dois copos de água.

Ela agarrou o seu e deu um pequeno gole. Tinha umas mãos muito bonitas, pensou ele, mas afastou rapidamente aquela imagem da cabeça. Carenza Tonielli era muito bonita. Possivelmente, a mulher mais bela que já tinha conhecido. Mas também era muito consciente disso e ele não tinha a menor intenção de tentar algo com uma princesinha mimada e vaidosa.

«Mentiroso», a libido acusou-o. «Estás a pensar como seria ter aquelas mãos e boca na tua pele».

Bom, talvez estivesse a pensar naquela boca perfeita e sensual, mas não daria rédea solta às suas fantasias de modo algum.

Não tinha tempo para satisfazer os seus desejos carnais até aquele projeto empresarial arrancar.

– Por que desejava ver-me? – perguntou-lhe ela.

Não fazia mesmo ideia? Pobre Gino... Tinha cometido um gravíssimo erro ao deixar o negócio nas mãos da neta na esperança de ela o levar a bom porto. A rapariga saíra de Nápoles para correr mundo e demorara dez anos a voltar a casa. Ia mesmo abdicar da dolce vita pelos negócios?

Pelo que as suas fontes em Londres lhe tinham contado, Carenza Tonielli só se interessava por gastar dinheiro em vestidos, champanhe e carros de luxo.

Não poderia fazer nada disso na atual situação financeira da família Tonielli.

Dante não pensava enganá-la. Tinha-lhe dado um preço justo, o mesmo que oferecera ao seu avô. Ela obteria o dinheiro necessário para custear o seu estilo de vida e ele conseguiria a marca que precisava para expandir o seu negócio.

Ambos sairiam a ganhar com o acordo. Só precisava que ela também tivesse a mesma opinião.

– Tenho estado a negociar com o seu avô para comprar a Tonielli’s.

– Ah...

– E como a empresa passou para as suas mãos, é consigo com quem devo negociar.

– Acho que houve um erro.

– Um erro, diz? Você não está a gerir a Tonielli’s?

– Sim, sim – cruzou os braços. – Mas a empresa não está à venda.

 

 

Dante Romano ficou petrificado na sua cadeira.

E não lhe faltavam motivos, pensou Carenza. Aquele tubarão de fato e gravata que pensava comprar o império de gelados do avô por tuta e meia ia ficar de queixo caído.

Um tubarão realmente atraente, com o cabelo preto penteado para trás, uns lábios carnosos e uns bonitos olhos escuros. Atraente e muito sexy mas, no fim de contas, um tubarão. E ela não ia vender-lhe a empresa. Nem a ele nem a ninguém.

– Vai ficar com a Tonielli’s? – perguntou-lhe ele, ainda pasmado.

Carenza já tinha visto aquela expressão de incredulidade. Era a mesma cara que fizera o seu último chefe quando ela, momentos antes de se demitir, referira que ia tomar conta da empresa. De modo algum ia trabalhar com alguém que a tratava como uma cabeça oca que não sabia fazer outra coisa senão atender o telefone, rir como uma tonta e pintar as unhas. O mesmo que parecia pensar aquele homem que acabava de conhecer. Por que não conseguia levá-la a sério?

Talvez por ser loira? Ou porque Dante Romano era o típico italiano chauvinista que tratava as mulheres como se vivessem nos anos cinquenta?

– Sim, assim é – confirmou friamente.

Ele chegou-se para trás na cadeira.

– Como?

– Está a ofender-me – avisou-o ela, olhando para ele de olhos semicerrados.

Signorina Tonielli, você não tem nenhuma experiência e a sua empresa está numa situação precária. Precisa de uma reestruturação urgente e eu tenho os conhecimentos e o pessoal para isso.

Definitivamente, estava a fazer bluff, pensou ela. As coisas não corriam assim tão mal.

– Estamos em plena recessão económica. A situação é difícil para toda a gente.

– O seu negócio está num sério aperto e não me parece que seja apenas por causa da recessão. Como já disse, você não tem experiência nem o pessoal adequado para solucionar as coisas.

Signor Romano, você não sabe nada de mim. Como se atreve a supor que não sou capaz de dirigir o negócio que a minha família fundou há cinco gerações?

– Não se trata apenas de dirigi-lo. Há que adaptá-lo aos novos tempos e torná-lo um negócio próspero.

– E acha que sou demasiado estúpida para poder fazê-lo?

– Demasiado inexperiente – corrigiu ele.

– Que lhe faz pensar que sou inexperiente?

Mal perguntou, deu-se conta de como ele poderia interpretar a sua «inexperiência». Sobretudo quando o olhar de Dante Romano a percorreu, muito lentamente, da cabeça até ao nível da mesa. De cima para baixo e de baixo para cima. Examinando-a, admirando-a... Era evidente que gostava do que via.

Carenza sentiu-se corar.

Qualquer um pensaria que tinha dezasseis anos em vez de vinte e oito, e que nunca nenhum homem a tinha despido com o olhar.

Se Dante Romano a tivesse olhado assim aos dezasseis anos ter-se-ia derretido num lago de hormonas. O seu corpo começava a reagir e agradeceu em silêncio por o grosso tecido do casaco ocultar o endurecimento dos seus mamilos...

Repreendeu-se mentalmente. Estava numa reunião de negócios e nem sequer devia estar a ter pensamentos eróticos. Um ano antes teria feito algo mais do que pensar nisso, mas tinha deixado para trás essa parte da sua vida e tinha a oportunidade de começar de novo.

Então ele voltou a falar e foi como se lhe jogasse um balde de água fria para cima.

– Alguma vez trabalhou na vida?

Como? Por uns instantes ficou demasiado surpreendida e indignada para falar. Aquele homem via-a como uma mulher que só se dedicava a divertir-se e a viver às custas do avô? Bem, fora assim dez anos antes, mas desde então tinha crescido muito. E tinha trabalhado duro em Londres, até Amy ficar doente de cancro e vender a galeria.

Tentou não perder a compostura para não lhe dar a entender como tinha estado perto de atirar-lhe o copo de água à cara.

– Numa galeria de arte.

Saberia ele disso? Naturalmente que sim. Quando alguém planeava comprar um negócio informava-se a fundo antes de investir o seu dinheiro. Mas aparentemente não a tinha investigado tão a fundo a ela, porque, caso contrário, saberia que tinha voltado para ficar e que não pensava vender a empresa.

No breve segundo que decorreu antes de dissimular a sua expressão, Carenza viu o que ele estava a pensar. O trabalho na galeria de arte nem sequer lhe parecia um trabalho a sério, mas um mero passatempo para uma menina rica e mimada. O mesmo que pensara o novo proprietário da galeria.

Nada mais longe da realidade.

– Todos os negócios se gerem da mesma maneira – declarou num tom desafiante.

– Assim é – ripostou ele.

Obviamente não a achava capaz de dirigir a Tonielli’s. E ela ia provar-lhe como estava enganado. Não só ia ficar com a empresa, como a levaria a desenvolver-se.

– Acho que não temos mais que falar, signor Romano – levantou-se. – Obrigada pela água. Bom dia.

Saiu do escritório com a cabeça bem erguida.