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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2007 Catherine George

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amor na mansão, n.º 1052 - abril 2017

Título original: The Rich Man’s Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9661-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Anna chegou a casa exausta e desejosa de se meter na cama, por isso, ao ouvir tocar o intercomunicador, suspirou com impaciência. Se fosse Sean, escolhera uma má altura.

– Ryder Wyndham – disse uma voz pelo intercomunicador. Os olhos de Anna iluminaram-se.

– Ryder? Que alegria! Sobe – disse. E foi receber ao patamar o homem que acabara de herdar a propriedade de Wyndham. Quando o viu sair do elevador com um casaco comprido por cima de um fato escuro, o cabelo mais curto do que era habitual nele e uma expressão que reflectia um grau de maturidade, sentiu uma pontada de compaixão por ele e sorriu-lhe afectuosamente. – Olá, entra!

O seu amigo entrou e olhou à sua volta sem a cumprimentar.

– Estás sozinha, Anna?

– Sim – respondeu ela, desconcertada. – Como estás, Ryder?

– Já estive melhor.

Ela assentiu, aflita.

– Lamento o que aconteceu a Edward. A sua morte deve ter sido um grande choque para todos.

– É verdade – replicou ele.

– Queres beber algo?

Em vez de responder, ele olhou para ela, de cima a baixo, de uma maneira que a inquietou.

– Pressuponho que tenha a sua lógica – disse, desconcertando-a.

– Do que estás a falar?

– Em seguida, saberás – disse ele, cortante. – Embora pareças mais jovem, calculo que devas ter trinta e três anos.

Anna franziu o sobrolho.

– Vieste falar da minha idade, Ryder?

– Claro que não! – resmungou ele. – Vim dizer-te para deixares o meu irmão em paz!

Anna esbugalhou os olhos.

– Dominic?

– Só posso referir-me a ele. Eddy está morto – disse ele, com amargura.

Anna respirou fundo para se acalmar e tentar desculpar o seu amigo.

– Ryder, compreendo que estejas a sofrer. Tira o casaco e bebe algo.

– Não quero beber, só vim descobrir a que estás a jogar.

– Vais ter de te explicar melhor – replicou ela, levantando o queixo.

Ryder olhou para ela, irado.

– Depois de Dominic ter vindo contar-te de Eddy, não parava de falar de ti, de quão sexy e bonita eras, de quão carinhosa tinhas sido com ele. Antes de voltar para Nova Iorque, visitou Londres várias vezes…

– E achas que veio ver-me? – perguntou Anna, atónita.

– Em teoria, veio ver amigos, mas é óbvio que mentia. Eu estava demasiado ocupado para me dar conta do que estava a acontecer, Anna – fez uma careta depreciativa. – Acaba de fazer vinte e três anos, portanto não é difícil adivinhar porque uma mulher da tua idade se casaria com um homem tão jovem.

– Pelo sexo? – perguntou ela, sarcástica, reprimindo a vontade de o esbofetear.

– Ou pelo dinheiro que acaba de herdar da nossa tia – disse ele, com desdém.

Anna sentiu uma onda de raiva tão violenta, que esteve prestes a descontrolar-se.

– Não podes estar a falar a sério! – exclamou, quando conseguiu falar. – Achas-me, realmente, capaz de algo do género? Para que saibas, não tenho a menor intenção de me casar com o teu irmão mais novo.

– Não acredito.

– É-me indiferente que acredites em mim ou não, senhor – Anna cruzou os braços em atitude desafiadora. – É verdade que Dominic veio contar-me de Eddy e também que veio despedir-se antes de partir. Ah! E vi-o de longe no funeral.

Ryder franziu o sobrolho.

– Foste ao funeral? Não te vi.

– Fui-me embora assim que a missa acabou.

– O teu avô deu-me os pêsames da tua parte, mas não sabia que tinhas ido – Ryder olhou fixamente para ela. – A questão é que Dominic me telefonou esta manhã de Nova Iorque para me dizer que tinhas acedido a casar-te com ele.

Anna olhou para ele, incrédula.

– Se te disse isso, mentia ou estava a pregar-te uma partida. Aí tens o telefone. Telefona-lhe. Não te cobrarei.

Ryder abanou a cabeça.

– Não responde nem no fixo, nem no telemóvel. Disse que telefonaria esta noite. Por isso, decidi vir e…

– Avisares-me para que não o fizesse. Ou pensavas comprar-me? – Anna sorriu com desdém. – Quanto se paga hoje em dia para se livrar de uma namorada indesejável, Ryder?

Ele lançou-lhe um olhar gélido.

– Sabes que nunca faria algo do género.

– Claro que não! – exclamou ela, com ironia. – Pressuponho que pensavas que te obedeceria sem pigarrear. És um pouco miserável para teres tanto dinheiro, Ryder!

Sentiu uma satisfação intensa ao ver que o fazia perder as estribeiras.

– Se estiver enganado, pedirei desculpa – disse ele, duro pela tensão.

– Sim? – Anna olhou, despeitadamente, para ele. – Não é o suficiente, senhor. Exijo um pedido de desculpas imediatamente.

Ele abanou a cabeça.

– Enquanto não falar com Dominic, não. E pára de me chamar «senhor».

– Está bem – disse ela, caminhando, com passo firme, para a porta e abrindo-a de par em par. – Agora, peço-te que te vás embora.

A incerteza reflectiu-se nos azuis olhos de Ryder quando passou junto de Anna.

– Se estiver enganado…

– Estás, Ryder – disse ela, friamente. – E insultaste-me. Talvez já não nos vejamos com frequência, mas achava que me conhecias melhor.

– Eu também – Ryder saiu para o patamar antes de se virar. – Anna…

Mas ela fechara a porta para esconder as lágrimas diante do novo dono e senhor das terras de Wyndham.

Naquela noite, Ryder Wyndham soube que quem aceitara o pedido de casamento do seu irmão mais novo fora Hannah Breckenridge, a neta do dono da casa de leilões onde trabalhava, e não Anna Morton, a neta do guarda-florestal de Wyndham, que ensinara Dominic a caçar e a pescar.

Envergonhado, Ryder telefonou imediatamente a Anna para se desculpar, mas ela desligou. No dia seguinte, mandou-lhe flores, mas foram-lhe devolvidas. Finalmente, decidiu ir vê-la pessoalmente, mas não o deixou entrar.

Passou um ano inteiro antes que um acontecimento triste os pusesse novamente em contacto.

 

 

Anna conduzia numa névoa densa pelo labirinto de intercessões que lhe era tão familiar. Ao ver as luzes de Keeper’s Cottage, a casa dos guardas, suspirou, aliviada. Assim que saiu do carro, o seu pai foi recebê-la.

– Olá, doutor Morton, vejo que as enfermeiras te deram o recado.

– Queria ter falado contigo, mas pressupus que já te terias posto a caminho – o seu pai abraçou-a. – Como te atreveste a conduzir desde Londres, sozinha e com este tempo? – perguntou, ansioso.

– Clare ia acompanhar-me, mas não se sentia bem e não queria contagiar-me.

– Fico contente que tenhas uma senhoria tão sensata – o seu pai carregou-lhe a mala. – Pus o aquecimento no máximo. Se me tivesses avisado a tempo, eu mesmo teria ido buscar-te.

– Por isso mesmo, não o fiz. Já tens bastante trabalho.

– Mas não estou a recuperar-me de uma pneumonia! – exclamou ele. – Pareces um fantasma – o seu pai sentiu-lhe o pulso e pôs água a ferver. – Comprei ovos e leite para o pequeno-almoço, e há provisões do avô nos armários. Assim que desfizeres a mala, iremos jantar ao Red Lion. Tom trar-te-á de volta.

Anna dedicou-lhe um sorriso animado.

– Não te zangues, papá, mas estou demasiado cansada. Preferiria comer algo aqui e meter-me na cama. Pede desculpas da minha parte ao meu irmão mais velho.

John Morton fez menção de se opor, mas pareceu mudar de ideias.

– Está bem, querida – disse, acariciando-lhe a face. – Mas promete-me que jantarás algo.

– Juro – disse ela, levantando a mão. – A que horas é a missa?

– Ao meio-dia. Depois, iremos ao Red Lion. Essas foram as instruções que o avô deixou para o seu funeral – disse o seu pai, com a voz cheia de emoção.

– Papá! – murmurou ela. E abraçaram-se em silêncio. Depois, o seu pai subiu a mala para o quarto. Ao descer, comentou: – Eu não gosto de te deixar sozinha. Se soubesse, Tom e eu ter-nos-íamos instalado aqui.

Ela sorriu com melancolia.

– Não te ofendas, mas apetece-me ficar sozinha, papá.

– Compreendo – disse ele, com ternura. – É melhor ir-me embora. Não hesites em telefonar-me – deu-lhe um beijo. – Venho buscar-te de manhã.

Anna acompanhou-o à porta. Ao entrar, subiu para o primeiro andar e parou na soleira do quarto do seu avô. Sobre a cómoda, havia fotografias dela e de Tom. Numa delas, estavam com Ryder Wyndham. Com cara de felicidade, seguravam uma truta enorme. Anna secou as lágrimas que afloraram aos seus olhos e foi para o seu quarto para desfazer a mala. Escolhera um fato preto. Embora já não fosse a cor oficial de luto, tinha a certeza de que o seu avô teria gostado que a sua família mantivesse a tradição. E se alguém o merecia, era Hector Morton.

Mais tarde, ao entrar na casa de banho, esbugalhou os olhos ao descobrir que fora modernizada com azulejos novos e apliques luxuosos, pelo que deduziu que o novo proprietário gostava de manter o seu património em perfeito estado.

Há alguns meses atrás, também renovara a cozinha, que ficara muito mais luminosa com os seus novos móveis brancos e a recuperação das vigas de madeira que, até então, tinham estado pintadas de preto. Anna não deixava de se espantar que se dedicasse tanto esforço e dinheiro a uma casa secundária da propriedade. Hector Morton fora o chefe da guarda-florestal de Wyndham até à sua reforma e, como tal, habitara numa casa grande. Mas, ao morrer a sua mulher, pedira para se mudar para outra mais pequena, usualmente ocupada pelos guardas. E Anna apaixonara-se imediatamente por ela, com a sua fachada coberta de glicínias e as janelas de venezianas, parecia saída de um conto de fadas.

Foi à despensa e descobriu que fora dividida em duas, para fazer outra casa de banho no andar de baixo. Correu para a sala, receando que também tivesse sido modernizada, mas ali continuava tudo igual: dois grandes sofás frente a frente, ao lado da lareira, separados por uma mesa baixa no meio, e num lado, uma mesa com quatro cadeiras. A única novidade era uma televisão.

Depois de jantar, tomou banho e foi para a cama, esperando que uma noite de sosso lhe tirasse as olheiras. Assim que se acomodou nas almofadas, tal como lhe acontecia sempre que estava em Keeper’s Cottage, sentiu-se imensamente melhor.

 

 

Fiel à sua palavra, John Morton chegou às nove horas da manhã.

– Olha, tomei o pequeno-almoço! – Anna mostrou-lhe o prato com migalhas, enquanto o beijava. – E Tom?

– Deixei-o a tomar o pequeno-almoço.

– Papá, quero pedir-te uma coisa.

– O quê? – perguntou ele, sentando-se à frente dela.

– Se Ryder Wyndham não tiver nada a objectar, eu gostaria de passar aqui a minha convalescença.

– Mas estarias isolada! – replicou ele, franzindo o sobrolho. – Não me parece uma boa ideia.

– Só de passar uma noite aqui, já me sinto melhor – disse ela, com firmeza. – Dormi como um bebé – Anna olhou para ele, implorante. – Papá, como estava no hospital, não pude vir despedir-me do avô e sinto que preciso de o fazer.

O seu pai assentiu, lentamente.

– Tenho a certeza de que Ryder estará de acordo – levantou-se. – É melhor ir receber as pessoas. Venho buscar-te às…

– Não é preciso. Vou sozinha.

– Tão teimosa como sempre! – exclamou ele, com carinho. – Esperamos-te à porta da igreja.

Anna despediu-se com um beijo e arrumou a cozinha antes de ir pentear o seu cabelo loiro, uma herança da sua mãe, que morrera quando ela era uma menina. Às dez e meia estava pronta. Ao dirigir-se para o carro, viu umas campainhas brancas delicadas e, instintivamente, fez um ramalhete.

Quando chegou à igreja não a surpreendeu descobrir que havia uma aglomeração de carros, pois toda a gente respeitava e apreciava Hector Morton. Sorriu ao seu irmão, que lhe deu um abraço forte, antes de olhar fixamente para a sua cara.

– Estás linda, embora um pouco pálida – disse. – Eu adoro o aspecto de celebridade à procura do anonimato que os óculos dão – acrescentou, em referência aos seus óculos de sol.

– São para o caso de chorar – disse ela. – Tu também não estás com mau aspecto.

O seu pai beijou-a.

– Estás linda, querida! – comentou. E agarrou os dois irmãos pelo cotovelo ao ver chegar o carro fúnebre. – Acompanharemos o caixão pela nave central até ao altar – sussurrou-lhes.

Ao ver o caixão com flores, Anna sentiu que lhe fraquejavam as pernas e agradeceu o apoio que o seu irmão lhe proporcionou ao agarrá-la pela cintura. A partir daquele momento, a cerimónia decorreu num esforço constante para manter a compostura. Cantou os hinos e conseguiu não se ir abaixo quando o seu pai falou do seu avô com uma mistura de humor e profundo afecto.

Mais tarde, no pórtico, Ryder Wyndham manteve-se afastado dos outros presentes e viu como Anna deixava algumas campainhas no túmulo do seu avô. Quando levantou a vista, trocaram uma saudação com um gesto da cabeça. Anna gostaria de voltar directamente para casa, mas cumpriu com o seu dever e foi ao Red Lion para aceitar as condolências dos seus amigos e conhecidos. À medida que o tempo passava, também aumentava a tensão que sentia. Uma das vezes em que se ocupava de que nenhum familiar idoso estivesse sozinho, viu que Ryder se aproximava.

– Obrigada por teres vindo – disse com frieza, enquanto lhe estendia a mão para evitar, deliberadamente, que a beijasse.

Ele apertou-a com expressão solene.

– Hector era um grande amigo, Anna. Vou sentir a falta dele.

– Eu também.

– Olá, senhor – cumprimentou Tom, animadamente. – Há algum tempo que não nos víamos.

– Demasiado, doutor – disse Ryder, sorridente. E apertou a sua mão. – Um dia destes, devíamos ir à pesca.

– Eu adoraria – disse Tom. – Porque não vens beber um copo esta noite e conversamos?

– Tentarei – Ryder virou-se para Anna e acrescentou: – Estás muito pálida. Vou buscar-te um brandy.

– Acabou de sair do hospital – explicou Tom. – Como te sentes, querida?

– Perfeitamente! – tranquilizou-o Anna. Virando-se para Ryder, disse: – Não quero um brandy, obrigada, mas gostaria de falar contigo. Amanhã, podias passar pela casa do guarda?

– É claro, quando quiseres.

– Às onze horas?

– Lá estarei. Agora, se me dás licença, tenho de falar com o teu pai.

Anna assentiu e disse num tom formal:

– Obrigada por teres vindo.

– Não poderia ter faltado – Ryder virou-se para Tom. – Quando decidires ir à pesca, telefona-me.

– Não duvides – disse Tom. – Obrigado.

Anna seguiu Ryder com o olhar.

– Engano-me ou reparei num certo tom de hostilidade para com o senhor? – perguntou Tom à sua irmã.

– É melhor parares de o chamar assim. Ouvi dizer que não gosta nada.

– Também não gostou da frieza com que o trataste. O que se passa?

Anna encolheu os ombros.

– Nada.

– Tinha razão ao dizer que estás muito pálida – disse Tom, observando-a com atitude profissional. – Levo-te a casa.

– Não, Tom. Prefiro que fiques com o papá.

Algumas pessoas demoraram tanto a partir, que passou uma hora até Anna conseguir despedir-se do seu pai e de Tom a acompanhar ao carro.

Embora a distância fosse curta, pareceu-lhe eterna. A casa pareceu-lhe mais escura e silenciosa do que o habitual, portanto acendeu as luzes todas. Tremia com uma mistura de frio e cansaço, portanto vestiu umas calças de veludo, uma camisola de gola alta e os chinelos de pele de cordeiro que o seu avô lhe oferecera na sua última visita. Então tinham-lhe parecido exagerados, mas, naquele momento, os seus pés agradeceram.

Depois de telefonar a Clare, fez uma trança e foi preparar um chá. Enquanto procurava nos armários, para ver o que podia jantar, o telefone tocou. Era Tom para saber se iria ao Red Lion.

– Não, obrigada. A casa está quente e, embora adorasse ver-vos, prefiro descansar.

– Está bem – disse o seu irmão, aborrecido. – Mas iremos ver-te amanhã de manhã, antes de partirmos. Boa noite. Se precisares de algo, telefona.

– Espero voltar a dormir como um bebé. Sinto-me sempre bem nesta casa.

– Eu sei. Se não, o papá não te deixaria ficar sozinha.

Anna desligou com um sorriso nos lábios. Nos últimos tempos, tinha a sensação de que ninguém a deixava fazer o que queria. Nem sequer o seu pai.

Bateram à porta enquanto estava a ver o noticiário das dez horas. Convencida de que se tratava do seu pai, que fora incapaz de reprimir o impulso de confirmar pessoalmente se estava bem, pôs a corrente de segurança, para que visse que cuidava de si mesma, e abriu a porta. Mas o sorriso apagou-se dos seus lábios ao descobrir uns olhos azuis inconfundíveis. O senhor vinha visitar o seu inquilino.

– Posso entrar, Anna? – perguntou Ryder.

senhor

– Se quiseres… – disse ele, enfurecendo-a ainda mais. – Toma o meu cartão. Se precisares de algo, telefona-me.

– Muito obrigada – disse ela, irritada. – Não creio que precise.

– De qualquer forma, guarda-o – Ryder despediu-se com um gesto de cabeça e para dirigiu-se Land Rover que estacionara junto da grade da entrada.