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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Charlene Swink

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O hotel da ilusão, n.º 2279 - março 2017

Título original: Reserved for the Tycoon

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9437-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Epílogo

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Capítulo Um

 

Conseguir um emprego como organizadora de eventos no hotel Tempest Maui tinha sido fácil. Com o seu impressionante curriculum na mão, Vanessa Dupree chegou à entrevista segura e determinada e respondeu às perguntas, feitas pelo magnata do hotel, com inteligência e charme. Depois, sorriu de forma triunfal e fez o olhar promissor que levou Brock Tyler a arquear as sobrancelhas e a dar atenção às restantes qualidades da candidata.

Em silêncio, Vanessa parecia brilhar. Brock era um homem charmoso. Tinha o cabelo preto bem penteado e uns olhos escuros e sedutores. Vestia-se de forma elegante e tinha um corpo atlético. Não era de estranhar que a irmã mais nova de Vanessa se tivesse apaixonado por ele em Nova Orleães.

Ele não sabia que Melody Applegate e Vanessa Dupree eram irmãs e ela queria que continuasse assim. Vanessa tentou esquecer, por enquanto, a imagem da sua irmã destroçada, a chorar durante dias a fio com o coração partido.

Levantou-se e disse:

– Obrigada por esta oportunidade, senhor Tyler. Não se vai arrepender de me ter contratado.

A mentira fluiu dos seus lábios com facilidade.

Ele levantou-se e aproximou-se para lhe apertar a mão.

– É muito importante para mim que este hotel seja um sucesso. Escolho pessoalmente todos os meus empregados. Bem-vinda à equipa, menina Dupree.

Vanessa retorceu-se um pouco sob o seu olhar. Era um homem alto e dominador e manifestava o seu atractivo sexual a cada movimento, tanto que aquele simples aperto de mão a deixou com um nó no estômago.

– Obrigada.

– Vemo-nos esta noite ao jantar.

– Jantar? – perguntou Vanessa.

– Todas as quartas-feiras fazemos um jantar com os empregados. Às sete em ponto na sala de conferências Aloha.

– Muito bem – disse ela, acalmando-se um pouco. – Lá estarei.

Brock assentiu e acompanhou-a à porta, reparando no seu rabo-de-cavalo, no seu cabelo platinado, no vestido azul-escuro, no seu peito, na bainha do vestido…

– Aqui vestimo-nos de forma casual. Queremos que os clientes estejam descontraídos. Nada de fatos completos. E pode deixar o cabelo solto.

Ela enrolou uma madeixa de cabelo que se tinha soltado do rabo-de-cavalo e disse:

– É natural. Refiro-me à cor.

«Por favor, Vanessa. Comporta-te».

Ele arqueou as sobrancelhas outra vez, mas não disse nada.

– A minha mãe dizia-me sempre que era um curioso fenómeno da natureza. Ninguém da minha família tem esta cor de cabelo.

Ele reparou de novo no seu cabelo e assentiu.

– É muito bonito.

– Oh, não estava à procura de um elogio, senhor Tyler.

– Não. Aliás, duvido que tenha de procurar muito, Vanessa.

A suavidade com que pronunciou o nome dela deixou-a outra vez com um nó no estômago.

Ele era sexy. Rico. Poderoso.

Mas Vanessa não permitiria que isso a distraísse da sua missão. Lembrou-se da dor que ele causara a Melody no mês anterior. A sua irmã tinha ficado desfeita. Apaixonara-se pelo chefe em Nova Orleães e Brock rejeitara-a como se fosse um trapo velho. Vanessa nunca tinha visto a sua irmã chorar tanto. Estava num poço e ele nem queria saber se lhe tinha partido o coração depois de andar com ela durante semanas.

Vanessa tinha alguma experiência com aquele tipo de homens. Tinham-na abandonado mais do que uma vez e sabia como era. Aprendera a rejeitar e a evitar os homens que não eram sinceros. No entanto, Melody, seis anos mais nova, ainda não tinha experiência suficiente para lidar com homens como Brock Tyler.

Vanessa sempre tomara conta da sua irmã, e até assumira o papel de mãe quando esta adoecera. E uma vez assumido esse papel, era muito difícil abandoná-lo.

Movida pela raiva e por uma forte sede de vingança e de justiça, Vanessa não podia deixar passar a oportunidade de dar a provar do seu próprio veneno a Brock Tyler. O lugar de organizadora de eventos caíra do céu. Ela sempre quisera visitar o Havai, e finalmente, ia poder passar algum tempo lá, numa casa pequena alugada na ilha. Tudo estava a correr muito bem.

No entanto, depois de conhecer Brock Tyler, Vanessa percebeu que a prova não seria nada fácil. Ele ia ser um adversário duro, mas isso não ia pará-la. Tinha ido até à ilha por um único motivo.

Arruinar Brock Tyler.

 

 

– A Vanessa Dupree vai dar a aula? – perguntou Brock Tyler ao ver a sua funcionária deitada numa esteira com uma perna esticada no ar, sobre a areia da praia do Tempest Maui.

– Sim, senhor – confirmou Akamu Ho, o encarregado do hotel. – Pilates. Não queria que os clientes perdessem a aula, porque a Lucy ligou a dizer que está doente.

– Uma mulher pró-activa.

A nova funcionária tinha sangue na guelra e um currículo excelente. Desde que a vira, Brock tinha ficado muito intrigado com ela. Até tinha hesitado em contratá-la porque se tinha sentido imediatamente atraído por ela. Não que tivesse problemas em misturar os negócios com prazer, mas não podia pôr em perigo o sucesso do Tempest Maui. Tinha de dar toda a sua atenção ao hotel que acabava de renovar.

Brock dirigiu-se à praia onde os clientes do hotel estavam a ter a aula. Ao vê-lo, Vanessa levantou três dedos em jeito de cumprimento.

O seu sorriso e o seu cabelo ao estilo de Marilyn Monroe eram mais do que suficientes para ele se deter a olhá-la, mas ao ver que trazia umas bermudas justas e que tinha o ventre bronzeado à mostra, Brock teve de fazer um esforço para conter o desejo.

Apoiou-se numa palmeira e esperou que a aula terminasse. Depois, aproximou-se dela, ajudou-a a apanhar as esteiras e empilhou-as na areia.

– Quer dizer que também és especialista em Pilates? Não vi isso no teu currículo.

O som do seu riso levou-o a imaginar cenas de sexo escaldante na praia.

– Não sou especialista. Gosto de fazer exercício. Sempre tive muita flexibilidade.

Brock pigarreou, mas não conseguiu esquecer as cenas sexuais com ela na praia.

– Quando Lucy ligou a dizer que estava com febre, não quis que os clientes ficassem desiludidos. Disse-lhes que não era especialista, mas que podia dar-lhes a aula.

Agarrou numa toalha e limpou o suor da testa.

– Agradeceram-me – acrescentou ela, encolhendo os ombros. – Acho que, apesar de tudo, gostaram.

– Tenho a certeza que sim – disse Brock, tentando concentrar-se no assunto que o levara ali. – Em menos de uma semana de trabalho aqui, já causaste muito boa impressão. O facto de teres ocupado o lugar da Lucy mostra que tens espírito de equipa e que tens em conta os interesses do hotel.

Ela olhou-o nos olhos.

– Está a dizer-me que fica contente por me ter contratado?

Ele ficou surpreendido ao ouvir as suas palavras.

– Tenho bom olho para as pessoas.

Abordou, então, o motivo que o levara a ir falar com ela, tentando esquecer que a tinha estado a observar a fazer os exercícios de flexibilidade por puro deslumbramento.

– Na verdade, tenho que falar contigo sobre uns eventos de grande relevância para o hotel.

– Está bem. Vou tomar um duche, mudo de roupa e falamos no seu escritório?

– Não, vamos dar um passeio pela praia. Hoje tenho a agenda cheia e duvido que possa sair outra vez antes do pôr-do-sol.

Era verdade. Brock não passava muito tempo ao ar livre. Sempre que podia, saía com o iate que tinha em Tranquility Bay, para se escapar dos montes de papéis que era obrigado a enfrentar desde que, há alguns meses, iniciara o projecto de recuperação. Fazia tudo parte de uma aposta com o seu irmão Trent, mais por razões de ego do que outra coisa. Consistia em conseguir ser mais bem sucedido com o seu hotel do que Trent com o seu empreendimento no Arizona, o Tempest West. Ambos tinham sido sempre muito competitivos e o facto de o prémio ser o Thunderbird do seu falecido pai, levava Brock a esforça-se ao máximo para ganhar.

Brock e Vanessa passearam sob o sol da manhã, pisando a areia quente.

Ele foi directo ao assunto.

– Os primeiros eventos vão ditar a fama futura do hotel. Como sabes, este hotel esteve fechado durante mais de um ano devido a uma má gestão. Como é óbvio, não foi pela sua localização geográfica. Eu e os meus irmãos percebemos que o hotel tinha grande potencial para a celebração de casamentos, congressos, desfiles de moda e grandes festas. Acabámos as obras de recuperação e agora depende de nós todos, de ti também, conseguirmos ser bem-sucedidos, Vanessa.

Vanessa assentiu e baixou a cabeça.

– Compreendo, senhor Tyler.

Ele fez um esgar ao ouvi-la responder com um tom tão sério. Estava habituado a que os seus empregados o tratassem com respeito, mas não lhe soava bem que Vanessa o tratasse por «senhor».

– Trata-me por Brock.

Ela olhou para ele e sorriu.

– A partir de agora, vamos trabalhar juntos. Será melhor esquecermos as formalidades.

– Muito bem… Brock – dedicou-lhe um sorriso tímido.

– Na próxima semana temos um casamento. É um evento muito caro e já reservaram quartos para mais de trezentos convidados. Presumo que já tenhas estado a trabalhar com o coordenador dos casamentos?

– Sim, desde o primeiro momento. Tenho todos os detalhes controlados, senhor… quero dizer, Brock.

– Óptimo.

– Já organizei outros casamentos antes. Está tudo sob controlo.

– Conto com a tua experiência para que tudo corra bem.

– Sou boa a conseguir que as coisas corram bem – disse ela, suavemente.

Brock deteve-se para olhá-la nos olhos.

– Boa como? – perguntou, pensando em tudo menos no trabalho.

– Oh, muito boa – sussurrou ela, e pousou o olhar nos lábios de Brock.

Brock esteve quase a apertá-la nos braços e a dar-lhe um beijo na boca, mas ela deu um passo para trás.

– E quanto a outros eventos?

– Falaremos disso mais tarde – disse ele, tentando controlar a sua frustração. Estivera quase a beijá-la. Diabos, desejava fazê-lo, mas Vanessa retirara-se a tempo.

– Há mais alguma coisa que queira falar comigo?

– Não. Concentra-te unicamente no casamento.

– Está bem. Bom, é melhor ir tomar um duche. Tenho trabalho para fazer.

Vanessa afastou-se a correr, deixando-o com uma impressionante vista do seu traseiro e perguntando-se o como reagiria ela se a acompanhasse nesse duche.

 

 

Vanessa conduziu o seu Mini Cooper até à casa de Lucy, na parte residencial da ilha. Saiu do carro e tirou uma panela com canja de galinha caseira e um saco de laranjas. Bateu à porta e esperou que Lucy abrisse.

– Olá, apanhei-te a dormir a sesta?

Lucy estava com um aspecto terrível. Estava despenteada e com os olhos chorosos.

– Não, estava acordada. Tens a certeza que queres entrar, Vanessa? Não sei o que tenho, mas é horrível.

– Não te preocupes, nunca fico doente. Trouxe-te um remédio caseiro. Canja de galinha e laranjas com muito sumo. Eu sou o espremedor – acrescentou, rindo-se.

Lucy abriu um pouco mais a porta e Vanessa entrou na casa.

– És uma querida, mas lembra-te que te avisei.

– Corro o risco, não te preocupes.

Lucy abanou a cabeça e suspirou.

– Substituíste-me na aula de Pilates hoje de manhã e agora trazes-me comida. Como posso agradecer-te?

– Podes começar por dizer-me onde posso deixar tudo isto.

– Oh, segue-me.

Entraram na cozinha. Era um espaço grande, que servia também de sala de jantar, com uma grande janela através da qual se via o oceano Pacífico para lá dos telhados. Vanessa deixou o saco de laranjas sobre a bancada de mármore branco e entregou a panela com a canja a Lucy.

– Este lugar é maravilhoso.

– Obrigada – disse ela com uma ponta de orgulho no olhar, antes de pôr a panela no lume. – É pequena, mas não pude resistir à vista. Aqui, qualquer lugar que tenha vista custa uma fortuna, portanto, considero-me uma sortuda.

– Como estás?

– Já não tenho febre. Agora só me sinto estafada – Lucy sentou-se numa cadeira e fez um gesto para que Vanessa se sentasse também.

– Não, deixa-me aquecer-te a sopa e fazer o sumo. É num instante.

– És muito amável – disse Lucy.

– Tu foste muito simpática comigo durante toda a semana no hotel e… bom, ainda não tenho amigos na ilha. Além disso, sou uma espécie de enfermeira. A minha irmã mais nova pode confirmar-te isso. Expulsa-me quando quiseres ir descansar.

– Está bem.

Vanessa ligou o fogão no mínimo e pegou numa faca que estava na bancada.

– Tens espremedor?

– Há um manual na gaveta atrás de ti.

Vanessa tirou o espremedor e começou a fazer o sumo.

– Como é que correu a aula?

– Depois de dizer aos clientes do hotel que estavas doente? Acho que bem. Não resmungaram muito – respondeu Vanessa, sorrindo. – Não esperava era que aparecesse o grande chefe.

– O senhor Tyler foi ver-te?

– Sim. Esteve a observar-me durante toda a aula, provavelmente para garantir que não assustava nenhum cliente.

– Está muito empenhado no hotel – disse Lucy. – Tem uma espécie de aposta com o irmão. Contou a todos os empregados quando nos contratou. Vamos receber um bom prémio se o hotel for bem sucedido.

Vanessa arqueou uma sobrancelha.

– E isso é verdade?

Brock tinha feito Melody sentir-se destroçada com um piscar de olhos, abandonando-a quando ela mais precisava dele. Deixara-a por outra mulher e, por isso, Vanessa mal podia esperar para colocar o seu plano em acção e acabar com o projecto do seu querido Tempest Maui.

E pensar que ele estivera prestes a beijá-la! E que ela quase deixara! Sentia-se atraída pelos seus olhos escuros e pelo seu sorriso sensual. Era evidente que Brock também se sentia atraído por ela, o que lhe dava uma certa vantagem.

Talvez para a próxima permitisse que a beijasse.

– Sim. Até agora, tem sido um bom chefe. Deu-me liberdade para gerir o ginásio à minha maneira e tenho de lhe agradecer o facto de confiar em mim. Acho que todas as empregadas que têm entre dezasseis e sessenta anos estão loucas por ele.

Vanessa ficou boquiaberta.

– A sério?

Lucy mordeu o lábio inferior com cara de culpa e assentiu. Portanto, Lucy também estava incluída no grupo de mulheres apaixonadas…

– A sério – confessou. – Não te sentes ligeiramente atraída por ele?

– Eu? – Vanessa tossiu para esconder o tom de desdém que havia na sua voz. – Mal o conheço.

– Estás aqui há pouco tempo. Espera um pouco e verás.

– Espero que não – sussurrou.

– Porquê?

– Por nada. O sumo está pronto – disse ela, servindo-o num copo alto. – Bebe – entregou-o a Lucy e voltou para junto do fogão para mexer a sopa.

– Vais ficar boa num instante.