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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Catherine George

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Destinos cruzados, n.º 2089 - octubre 2016

Título original: The Millionaire’s Runaway Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9173-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Kate fechou o carro e correu para a casa, a sentir-se horrivelmente culpada. A festa estava no seu apogeu… uma festa em sua honra e ela chegava atrasada!

Quando estava a subir os degraus do alpendre a porta abriu-se, mas antes que Anna Maitland pudesse repreendê-la, Kate abraçou-a com expressão contrita.

– Lamento – desculpou-se, ofegando.

– Olha a menina Durant! – exclamou Ben Maitland, abraçando-a.

Anna afastou o seu marido com uma cotovelada.

– Quando telefonei disseste que estavas a sair de casa. Onde demónios te meteste?

– Pus-me a pintar e atrasei-me. Depois, no último momento, lembrei-me que tinha a roupa para a festa guardada na mala, portanto tive de procurar algo que já estivesse engomado – respondeu Kate, apontando com um dedo acusador para o vestido de lantejoulas da sua amiga. – Olha para esse vestido! Disseste que era uma festa informal.

– Informal elegante – corrigiu Anna, olhando para as calças de ganga de Kate com o sobrolho franzido.

– Vamos ficar à porta toda a noite? – protestou Ben.

– Não, claro que não. Anda, vamos. Leva as tuas coisas para o quarto… e arranja-te um pouco!

Kate subiu a escada a correr e atirou a mala de viagem sobre a cama. Depois substituiu as botas por uns sapatos pretos de salto alto, tentou esticar a camisola de cetim prateado como conseguiu e com uma mão arranjou um caracol que lhe caíra do coque, enquanto com a outra punha um pouco de brilho nos lábios. Depois de pôr uns brincos longos de prata e olhar pela última vez para o espelho, desceu a correr para se juntar aos seus amigos.

– Já estava na hora, Cinderela – suspirou Anna, aliviada.

– Pronta? – brincou Ben.

Kate sorriu.

– Sempre. Leva-me para o champanhe.

Anna puxou-a para a levar de grupo em grupo, apresentando-a aos seus amigos antes de a deixar com um rapaz loiro muito atraente, a quem ordenou que cuidasse dela. Richard Forster ficou encantado e Kate ficou a conversar alegremente sem saber que estavam a vigiá-la.

Na estufa, meio escondido entre as plantas, havia um homem a responder a perguntas sobre o seu último projecto de construção. As suas respostas eram breves e amáveis, mas só tinha olhos para a recém-chegada. Ao contrário do resto das mulheres, usava calças de ganga com algo brilhante que parecia roupa interior… Era alta e magra, mas agora tinha mais curvas e o seu cabelo brilhava como os tostões que costumavam esconder sob a nogueira na casa do seu pai. E em vez de parecer deslocada, fazia com que as outras mulheres parecessem exageradamente vestidas.

– É a amiga de Anna Maitland, Kate Durant – explicou o homem que estava ao seu lado. – Queres que ta apresente?

– Não é preciso, obrigado.

Sem saber que estavam a vigiá-la, Kate bebeu um gole de champanhe. Mas quando virou a cabeça teve de apertar o copo com força ao reconhecer o homem que se aproximava. Tinha o cabelo mais curto, os seus ombros pareciam mais largos e os seus traços mais duros. Ao vê-lo sentiu o seu coração apertar-se.

– Olá, Katherine – cumprimentou ele, como se só não se vissem há meses e não há anos.

– Conheces Jack Logan? – perguntou Richard Forster.

Kate tentou sorrir.

– Sim, conhecemo-nos. Olá, Jack. Que curioso encontrar-te aqui.

– Kate e eu somos velhos amigos – explicou Jack, segurando-a pelo braço. – Perdoam-me se a levar um pouco?

– Lamento não te ter apresentado aos outros. A verdade é que não sabia todos os nomes…

– Conheço-os quase todos.

– E todos te conhecem, é claro.

– Sim, suponho que sim – murmurou Jack, olhando para ela nos olhos. – Estás muito bonita, Kate.

– Obrigada – agradeceu ela, olhando em redor. – Onde está a tua mulher?

– Na Austrália.

– De férias?

– Dawn foi viver para Sidney com a sua irmã depois do divórcio. Casou-se com um australiano há anos.

Estava divorciado? Kate disfarçou a sua estupefacção com um sorriso.

– Não sabia.

Jack sorriu também, mas com frieza.

– Não pode ser fácil seguir a vida de todos os teus ex-namorados.

Ela arqueou uma sobrancelha, surpreendida.

– Não tive assim tantos.

– E agora acho que não tens nenhum.

– Tens algum informador?

– A vizinha dos Maitland, Lucy Beresford. A empresa do seu marido faz muitos trabalhos para mim.

– Ah, sim?

– Mudaram-se para cá quando tu foste para Londres. Mas não lhe disse que eu estou na lista dos teus ex-amantes.

– E porque havias de lhe dizer? – Kate sorriu, tentando mostrar-se despreocupada. – Dás-me licença? Fico muito contente por voltar a ver-te, mas tenho de ir ver se Anna precisa de ajuda.

Kate entrou na cozinha, maldisposta.

– Posso falar contigo, Anna?

– Sim, claro, diz.

– Pode saber-se porque convidaste Jack Logan?

– E porque não havia de o convidar? Ainda que, na verdade, não o tenha convidado. Pelos vistos, levou George Beresford a casa e a sua mulher, Lucy, convenceu a celebridade local de que eu ficaria encantada de o receber na minha casa. Na verdade, fiquei gelada. Jack Logan nunca vai a festa nenhuma.

– Veio por curiosidade – Kate suspirou. – Fui noiva dele e…

– O quê?

– Não o vejo desde que acabámos. E é estranho encontrá-lo aqui esta noite.

– Ias casar-te com Jack Logan? – perguntou Anna, atónita.

– Sim.

– Não posso acreditar nisso. Mas a verdade é que é muito agradável, não é? Ben apresentou os convidados, mas ele não precisa de apresentação. A sua construtora é conhecida por todos – explicou Anna, olhando para a sua amiga com curiosidade. – Devias ter continuado com ele. É rico!

– Não saía com ele por causa do dinheiro.

– Imagino. Mas enfim, fosse qual fosse a razão, não deixes que te estrague a festa. É em tua honra.

– Eu sei e agradeço. Bom, deixa-me ajudar-te com os convidados.

Kate ajudou a sua amiga a fiscalizar enquanto os empregados do catering se encarregavam de servir a comida e conversou com todos para tentar evitar Jack Logan. No final, doíam-lhe os pés e agradeceu que Anna lhe pusesse um prato na mão.

– Vai comer para o escritório… se é que consegues comer alguma coisa com essas calças de ganga tão justas.

Kate fugiu a toda a pressa para o escritório, mas esteve prestes a virar-se quando Jack Logan se levantou, com o prato na mão.

– Estás à procura da casa de banho? Maitland salvou-me de um grupo de gente que queria fazer negócios, mas posso ir para outro lugar.

Ela encolheu os ombros.

– Podes ficar se quiseres.

– Muito bem. Tens fome?

– Sim, é que hoje não tive tempo para comer.

Ambos ficaram em silêncio. E Kate jurou a si própria que ia comer algo, mesmo que se engasgasse.

– Vais ficar o fim-de-semana todo? – perguntou Jack depois, como se fosse um estranho e não o homem que lhe partira o coração.

– Não, na verdade, saí de Londres. Agora vivo cá.

Ele olhou para ela, incrédulo.

– Sozinha?

– Não, com a minha sobrinha.

– Ah, estou a ver. Lamento o que aconteceu à tua irmã.

– Obrigada.

– Um acidente trágico, certamente. Mas sinto curiosidade, Kate… Porque voltaste para cá?

– A minha tia deixou-me a casa dela em Park Crescent. Quando Elizabeth e Robert morreram…

– Estive no funeral.

Kate olhou para ele, surpreendida.

– Ah, sim? Não te vi.

– Não me pareceu uma boa altura para me aproximar. Mas estive lá.

– Obrigada, Jack – murmurou ela. – Enfim, depois da morte dos seus pais Joanna disse-me que queria viver cá, portanto deixei o meu trabalho, vendi o meu apartamento e mudei-me para Park Crescent.

– Espantoso!

– Porque dizes isso?

– Porque há uns anos a única coisa que te importava era a tua carreira. Dizias que eu estava louco por ficar aqui para trabalhar com o meu pai.

Kate encolheu os ombros.

– Essa foi a tua decisão. A minha foi outra.

– Evidentemente – concordou Jack, sem parar de olhar para ela nos olhos. – E parece que foi a correcta. Disseram-me que tiveste muito sucesso na tua profissão. É por isso que me parece estranho que tenhas decidido voltar. Só o fizeste pela tua sobrinha?

– Na verdade, já andava a pensar nisso há algum tempo. A cadeia de lojas onde trabalhava fundiu-se com outra há algum tempo e com a nova direcção não era o mesmo. Portanto, quando Liz e Robert morreram decidi aceitar uma indemnização generosa e voltei para cá.

– E o que vais fazer agora, procurar um trabalho?

– Já tenho trabalho – respondeu Kate, levantando-se. – Queres que te traga sobremesa?

Jack levantou-se também.

– Não, obrigado. Queres que ta traga?

– Não, Jack. Tenho de voltar para a sala. Para o caso de não teres percebido, esta festa é em minha honra… uma espécie de boas-vindas para a filha pródiga.

– Eu sabia. Lucy Beresford disse-me.

– E mesmo assim vieste? – Kate sorriu.

– É a única razão. Não costumo vir a festas e muito menos quando não me convidaram. Contudo, esta noite a curiosidade ganhou. E fico contente. Fico contente por voltar a ver-te.

– Eu também – murmurou ela, antes de sair do escritório.

– Ah, estás aqui – Anna sorriu, enquanto punha molho de arandos sobre uns merengues. – Toma, leva isto. Prometi a Richard que lho levaria.

– Richard – repetiu Kate.

– Richard Forster, o homem que convidei por tua causa!

– Estás outra vez a fazer de casamenteira? – perguntou Kate, exasperada. – Esquece, Anna. Não é nenhum pecado estar solteira aos trinta e picos.

– Trinta e quatro, se bem me lembro. E não estou a pedir-te que te cases, só que fales com ele um pouco.

– Está bem.

Kate encontrou a sua presa na estufa, a olhar para a luz da lua.

– Olá! Anna pediu-me que te trouxesse isto. Acho que gostas de merengue.

Na verdade, Richard Forster odiava doces, mas não tencionava recusar nada que Kate Durant lhe oferecesse.

– Obrigado – ele sorriu, provando o merengue enquanto lhe perguntava como se estava a dar na cidade depois de tantos anos a viver na capital.

– Ainda estou a habituar-me, mas cresci aqui portanto não me sinto estranha. E tenho tantas coisas para fazer entre o trabalho e arrumar a casa que não consegui sentir saudades da minha vida em Londres. Dos amigos e colegas sim, mas não da quantidade de horas que trabalhava nem das reuniões intermináveis.

– Entendo – replicou Richard. – Até recentemente eu trabalhava num escritório de advogados em Londres.

– E porque voltaste?

O rosto do homem entristeceu-se.

– A saúde do meu pai está a deteriorar-se. Saí de Londres para lhe tirar um peso de cima no escritório.

– Ah, claro, bem me parecia que conhecia o teu apelido. O teu pai era o advogado da minha tia. Ajudou-me muito, na verdade.

– É um homem óptimo – Richard sorriu. – Portanto, já temos algo em comum, menina Durant, ambos somos quase novos por aqui.

– Está a custar-te muito?

– Receio que sim. A minha mulher não veio comigo.

– Ah! – Kate sorriu, compreensiva. – Lamento muito.

– Eu também. Caroline queria conservar o seu trabalho em Londres, portanto tornámo-nos uma estatística, outro casamento com problemas – Richard tentou sorrir. – Enfim, desculpa, suponho que isto não te interessa nada.

Kate entendia o que ele estava a passar. Há anos recusara-se a ficar na vila com Jack pelas mesmas razões.

– Queres outro merengue? – perguntou, com um sorriso.

– Não, obrigado. É a minha vez, vou procurar o café.

Kate ficou atrás de um feto gigante, meio escondida. Ver Jack Logan novamente fora uma surpresa. E mais ainda saber que estava divorciado há anos. Richard parecia verdadeiramente afectado com o divórcio, mas duvidava que Jack tivesse demorado a encontrar outra mulher. Certamente, não lhe custou nada encontrar alguém quando ela foi para Londres, enquanto ela demorou anos para o esquecer.

Kate olhou para a lua com nostalgia. Nessa altura, era tão jovem e estava tão loucamente apaixonada…

– Porque estás escondida?

Ela virou-se, assustada, ao ouvir a voz de Jack.

– Estou à espera que me tragam um café – respondeu, sorrindo ao ver que Richard se aproximava.

– Disseram-me que bebes simples e com açúcar, Kate. Queres um café, Logan?

– Não obrigado, vou-me embora. Só vim para me despedir – respondeu ele.

– Adeus. Prazer em voltar a ver-te – despediu-se Kate, tentando sorrir.

Jack fez um gesto de despedida antes de sair da estufa e ela ficou a olhar para a sua figura alta a perder-se entre as pessoas, antes de se virar para Richard.

– Jack e eu fomos amigos há muito tempo.

– Foi o que me disseram – ele sorriu.

Evidentemente, sabia que entre eles houvera muito mais que uma amizade. E, aparentemente, Jack Logan continuava a querer que houvesse.

 

 

Jack podia tê-lo confirmado. Quando saiu da festa, sentiu o impulso louco de ir a Park Crescent para esperar por Kate… mas o bom-senso disse-lhe que um brandy antes de ir para a cama era melhor que sentar-se à espera até às tantas, para verificar que algum outro homem a acompanhava a casa, Forster provavelmente. Ou podia ficar a dormir em casa dos Maitland.

Além disso, era improvável que Kate caísse nos seus braços, mas a reacção do seu corpo ao pensar nisso deixava claro que continuava a desejá-la. Sempre a desejara, desde a primeira vez que a vira…

Kate estava na praça, a vender papoilas para as festas da localidade. Perseguira-o com um sorriso, a abanar a lata de moedas à frente da sua cara. Jack comprou a papoila maior e, por impulso, ofereceu-lha com uma reverência. Kate corou, como uma menina…

De volta ao presente, Jack carregou no botão do comando que abria o portão de ferro da sua casa. Naquele momento da sua vida, com um noivado acabado, um casamento apressado e mais um divórcio apressado, tomara a decisão de se afastar das mulheres. A partir daquele momento, todos os seus esforços seriam dirigidos a ampliar a construtora familiar.

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