Editado por Harlequin Ibérica.
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© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Destinos cruzados, n.º 2089 - octubre 2016
Título original: The Millionaire’s Runaway Bride
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2006
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
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I.S.B.N.: 978-84-687-9173-9
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Se gostou deste livro…
Kate fechou o carro e correu para a casa, a sentir-se horrivelmente culpada. A festa estava no seu apogeu… uma festa em sua honra e ela chegava atrasada!
Quando estava a subir os degraus do alpendre a porta abriu-se, mas antes que Anna Maitland pudesse repreendê-la, Kate abraçou-a com expressão contrita.
– Lamento – desculpou-se, ofegando.
– Olha a menina Durant! – exclamou Ben Maitland, abraçando-a.
Anna afastou o seu marido com uma cotovelada.
– Quando telefonei disseste que estavas a sair de casa. Onde demónios te meteste?
– Pus-me a pintar e atrasei-me. Depois, no último momento, lembrei-me que tinha a roupa para a festa guardada na mala, portanto tive de procurar algo que já estivesse engomado – respondeu Kate, apontando com um dedo acusador para o vestido de lantejoulas da sua amiga. – Olha para esse vestido! Disseste que era uma festa informal.
– Informal elegante – corrigiu Anna, olhando para as calças de ganga de Kate com o sobrolho franzido.
– Vamos ficar à porta toda a noite? – protestou Ben.
– Não, claro que não. Anda, vamos. Leva as tuas coisas para o quarto… e arranja-te um pouco!
Kate subiu a escada a correr e atirou a mala de viagem sobre a cama. Depois substituiu as botas por uns sapatos pretos de salto alto, tentou esticar a camisola de cetim prateado como conseguiu e com uma mão arranjou um caracol que lhe caíra do coque, enquanto com a outra punha um pouco de brilho nos lábios. Depois de pôr uns brincos longos de prata e olhar pela última vez para o espelho, desceu a correr para se juntar aos seus amigos.
– Já estava na hora, Cinderela – suspirou Anna, aliviada.
– Pronta? – brincou Ben.
Kate sorriu.
– Sempre. Leva-me para o champanhe.
Anna puxou-a para a levar de grupo em grupo, apresentando-a aos seus amigos antes de a deixar com um rapaz loiro muito atraente, a quem ordenou que cuidasse dela. Richard Forster ficou encantado e Kate ficou a conversar alegremente sem saber que estavam a vigiá-la.
Na estufa, meio escondido entre as plantas, havia um homem a responder a perguntas sobre o seu último projecto de construção. As suas respostas eram breves e amáveis, mas só tinha olhos para a recém-chegada. Ao contrário do resto das mulheres, usava calças de ganga com algo brilhante que parecia roupa interior… Era alta e magra, mas agora tinha mais curvas e o seu cabelo brilhava como os tostões que costumavam esconder sob a nogueira na casa do seu pai. E em vez de parecer deslocada, fazia com que as outras mulheres parecessem exageradamente vestidas.
– É a amiga de Anna Maitland, Kate Durant – explicou o homem que estava ao seu lado. – Queres que ta apresente?
– Não é preciso, obrigado.
Sem saber que estavam a vigiá-la, Kate bebeu um gole de champanhe. Mas quando virou a cabeça teve de apertar o copo com força ao reconhecer o homem que se aproximava. Tinha o cabelo mais curto, os seus ombros pareciam mais largos e os seus traços mais duros. Ao vê-lo sentiu o seu coração apertar-se.
– Olá, Katherine – cumprimentou ele, como se só não se vissem há meses e não há anos.
– Conheces Jack Logan? – perguntou Richard Forster.
Kate tentou sorrir.
– Sim, conhecemo-nos. Olá, Jack. Que curioso encontrar-te aqui.
– Kate e eu somos velhos amigos – explicou Jack, segurando-a pelo braço. – Perdoam-me se a levar um pouco?
– Lamento não te ter apresentado aos outros. A verdade é que não sabia todos os nomes…
– Conheço-os quase todos.
– E todos te conhecem, é claro.
– Sim, suponho que sim – murmurou Jack, olhando para ela nos olhos. – Estás muito bonita, Kate.
– Obrigada – agradeceu ela, olhando em redor. – Onde está a tua mulher?
– Na Austrália.
– De férias?
– Dawn foi viver para Sidney com a sua irmã depois do divórcio. Casou-se com um australiano há anos.
Estava divorciado? Kate disfarçou a sua estupefacção com um sorriso.
– Não sabia.
Jack sorriu também, mas com frieza.
– Não pode ser fácil seguir a vida de todos os teus ex-namorados.
Ela arqueou uma sobrancelha, surpreendida.
– Não tive assim tantos.
– E agora acho que não tens nenhum.
– Tens algum informador?
– A vizinha dos Maitland, Lucy Beresford. A empresa do seu marido faz muitos trabalhos para mim.
– Ah, sim?
– Mudaram-se para cá quando tu foste para Londres. Mas não lhe disse que eu estou na lista dos teus ex-amantes.
– E porque havias de lhe dizer? – Kate sorriu, tentando mostrar-se despreocupada. – Dás-me licença? Fico muito contente por voltar a ver-te, mas tenho de ir ver se Anna precisa de ajuda.
Kate entrou na cozinha, maldisposta.
– Posso falar contigo, Anna?
– Sim, claro, diz.
– Pode saber-se porque convidaste Jack Logan?
– E porque não havia de o convidar? Ainda que, na verdade, não o tenha convidado. Pelos vistos, levou George Beresford a casa e a sua mulher, Lucy, convenceu a celebridade local de que eu ficaria encantada de o receber na minha casa. Na verdade, fiquei gelada. Jack Logan nunca vai a festa nenhuma.
– Veio por curiosidade – Kate suspirou. – Fui noiva dele e…
– O quê?
– Não o vejo desde que acabámos. E é estranho encontrá-lo aqui esta noite.
– Ias casar-te com Jack Logan? – perguntou Anna, atónita.
– Sim.
– Não posso acreditar nisso. Mas a verdade é que é muito agradável, não é? Ben apresentou os convidados, mas ele não precisa de apresentação. A sua construtora é conhecida por todos – explicou Anna, olhando para a sua amiga com curiosidade. – Devias ter continuado com ele. É rico!
– Não saía com ele por causa do dinheiro.
– Imagino. Mas enfim, fosse qual fosse a razão, não deixes que te estrague a festa. É em tua honra.
– Eu sei e agradeço. Bom, deixa-me ajudar-te com os convidados.
Kate ajudou a sua amiga a fiscalizar enquanto os empregados do catering se encarregavam de servir a comida e conversou com todos para tentar evitar Jack Logan. No final, doíam-lhe os pés e agradeceu que Anna lhe pusesse um prato na mão.
– Vai comer para o escritório… se é que consegues comer alguma coisa com essas calças de ganga tão justas.
Kate fugiu a toda a pressa para o escritório, mas esteve prestes a virar-se quando Jack Logan se levantou, com o prato na mão.
– Estás à procura da casa de banho? Maitland salvou-me de um grupo de gente que queria fazer negócios, mas posso ir para outro lugar.
Ela encolheu os ombros.
– Podes ficar se quiseres.
– Muito bem. Tens fome?
– Sim, é que hoje não tive tempo para comer.
Ambos ficaram em silêncio. E Kate jurou a si própria que ia comer algo, mesmo que se engasgasse.
– Vais ficar o fim-de-semana todo? – perguntou Jack depois, como se fosse um estranho e não o homem que lhe partira o coração.
– Não, na verdade, saí de Londres. Agora vivo cá.
Ele olhou para ela, incrédulo.
– Sozinha?
– Não, com a minha sobrinha.
– Ah, estou a ver. Lamento o que aconteceu à tua irmã.
– Obrigada.
– Um acidente trágico, certamente. Mas sinto curiosidade, Kate… Porque voltaste para cá?
– A minha tia deixou-me a casa dela em Park Crescent. Quando Elizabeth e Robert morreram…
– Estive no funeral.
Kate olhou para ele, surpreendida.
– Ah, sim? Não te vi.
– Não me pareceu uma boa altura para me aproximar. Mas estive lá.
– Obrigada, Jack – murmurou ela. – Enfim, depois da morte dos seus pais Joanna disse-me que queria viver cá, portanto deixei o meu trabalho, vendi o meu apartamento e mudei-me para Park Crescent.
– Espantoso!
– Porque dizes isso?
– Porque há uns anos a única coisa que te importava era a tua carreira. Dizias que eu estava louco por ficar aqui para trabalhar com o meu pai.
Kate encolheu os ombros.
– Essa foi a tua decisão. A minha foi outra.
– Evidentemente – concordou Jack, sem parar de olhar para ela nos olhos. – E parece que foi a correcta. Disseram-me que tiveste muito sucesso na tua profissão. É por isso que me parece estranho que tenhas decidido voltar. Só o fizeste pela tua sobrinha?
– Na verdade, já andava a pensar nisso há algum tempo. A cadeia de lojas onde trabalhava fundiu-se com outra há algum tempo e com a nova direcção não era o mesmo. Portanto, quando Liz e Robert morreram decidi aceitar uma indemnização generosa e voltei para cá.
– E o que vais fazer agora, procurar um trabalho?
– Já tenho trabalho – respondeu Kate, levantando-se. – Queres que te traga sobremesa?
Jack levantou-se também.
– Não, obrigado. Queres que ta traga?
– Não, Jack. Tenho de voltar para a sala. Para o caso de não teres percebido, esta festa é em minha honra… uma espécie de boas-vindas para a filha pródiga.
– Eu sabia. Lucy Beresford disse-me.
– E mesmo assim vieste? – Kate sorriu.
– É a única razão. Não costumo vir a festas e muito menos quando não me convidaram. Contudo, esta noite a curiosidade ganhou. E fico contente. Fico contente por voltar a ver-te.
– Eu também – murmurou ela, antes de sair do escritório.
– Ah, estás aqui – Anna sorriu, enquanto punha molho de arandos sobre uns merengues. – Toma, leva isto. Prometi a Richard que lho levaria.
– Richard – repetiu Kate.
– Richard Forster, o homem que convidei por tua causa!
– Estás outra vez a fazer de casamenteira? – perguntou Kate, exasperada. – Esquece, Anna. Não é nenhum pecado estar solteira aos trinta e picos.
– Trinta e quatro, se bem me lembro. E não estou a pedir-te que te cases, só que fales com ele um pouco.
– Está bem.
Kate encontrou a sua presa na estufa, a olhar para a luz da lua.
– Olá! Anna pediu-me que te trouxesse isto. Acho que gostas de merengue.
Na verdade, Richard Forster odiava doces, mas não tencionava recusar nada que Kate Durant lhe oferecesse.
– Obrigado – ele sorriu, provando o merengue enquanto lhe perguntava como se estava a dar na cidade depois de tantos anos a viver na capital.
– Ainda estou a habituar-me, mas cresci aqui portanto não me sinto estranha. E tenho tantas coisas para fazer entre o trabalho e arrumar a casa que não consegui sentir saudades da minha vida em Londres. Dos amigos e colegas sim, mas não da quantidade de horas que trabalhava nem das reuniões intermináveis.
– Entendo – replicou Richard. – Até recentemente eu trabalhava num escritório de advogados em Londres.
– E porque voltaste?
O rosto do homem entristeceu-se.
– A saúde do meu pai está a deteriorar-se. Saí de Londres para lhe tirar um peso de cima no escritório.
– Ah, claro, bem me parecia que conhecia o teu apelido. O teu pai era o advogado da minha tia. Ajudou-me muito, na verdade.
– É um homem óptimo – Richard sorriu. – Portanto, já temos algo em comum, menina Durant, ambos somos quase novos por aqui.
– Está a custar-te muito?
– Receio que sim. A minha mulher não veio comigo.
– Ah! – Kate sorriu, compreensiva. – Lamento muito.
– Eu também. Caroline queria conservar o seu trabalho em Londres, portanto tornámo-nos uma estatística, outro casamento com problemas – Richard tentou sorrir. – Enfim, desculpa, suponho que isto não te interessa nada.
Kate entendia o que ele estava a passar. Há anos recusara-se a ficar na vila com Jack pelas mesmas razões.
– Queres outro merengue? – perguntou, com um sorriso.
– Não, obrigado. É a minha vez, vou procurar o café.
Kate ficou atrás de um feto gigante, meio escondida. Ver Jack Logan novamente fora uma surpresa. E mais ainda saber que estava divorciado há anos. Richard parecia verdadeiramente afectado com o divórcio, mas duvidava que Jack tivesse demorado a encontrar outra mulher. Certamente, não lhe custou nada encontrar alguém quando ela foi para Londres, enquanto ela demorou anos para o esquecer.
Kate olhou para a lua com nostalgia. Nessa altura, era tão jovem e estava tão loucamente apaixonada…
– Porque estás escondida?
Ela virou-se, assustada, ao ouvir a voz de Jack.
– Estou à espera que me tragam um café – respondeu, sorrindo ao ver que Richard se aproximava.
– Disseram-me que bebes simples e com açúcar, Kate. Queres um café, Logan?
– Não obrigado, vou-me embora. Só vim para me despedir – respondeu ele.
– Adeus. Prazer em voltar a ver-te – despediu-se Kate, tentando sorrir.
Jack fez um gesto de despedida antes de sair da estufa e ela ficou a olhar para a sua figura alta a perder-se entre as pessoas, antes de se virar para Richard.
– Jack e eu fomos amigos há muito tempo.
– Foi o que me disseram – ele sorriu.
Evidentemente, sabia que entre eles houvera muito mais que uma amizade. E, aparentemente, Jack Logan continuava a querer que houvesse.
Jack podia tê-lo confirmado. Quando saiu da festa, sentiu o impulso louco de ir a Park Crescent para esperar por Kate… mas o bom-senso disse-lhe que um brandy antes de ir para a cama era melhor que sentar-se à espera até às tantas, para verificar que algum outro homem a acompanhava a casa, Forster provavelmente. Ou podia ficar a dormir em casa dos Maitland.
Além disso, era improvável que Kate caísse nos seus braços, mas a reacção do seu corpo ao pensar nisso deixava claro que continuava a desejá-la. Sempre a desejara, desde a primeira vez que a vira…
Kate estava na praça, a vender papoilas para as festas da localidade. Perseguira-o com um sorriso, a abanar a lata de moedas à frente da sua cara. Jack comprou a papoila maior e, por impulso, ofereceu-lha com uma reverência. Kate corou, como uma menina…
De volta ao presente, Jack carregou no botão do comando que abria o portão de ferro da sua casa. Naquele momento da sua vida, com um noivado acabado, um casamento apressado e mais um divórcio apressado, tomara a decisão de se afastar das mulheres. A partir daquele momento, todos os seus esforços seriam dirigidos a ampliar a construtora familiar.
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