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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2015 Sharon Kendrick

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O herdeiro grego, n.º 1682 - Junho 2016

Título original: Carrying the Greek’s Heir

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin

Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8300-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Desejava-a. Tanto que era quase capaz de sentir o gosto do desejo.

Alek Sarantos sentiu a força do desejo enquanto tamborilava com os dedos na toalha de linho. As velas tremeluziam com a brisa. Um perfume forte a rosas impregnava o ar. Mudou de posição, mas não conseguiu ficar à vontade.

Estava inquieto. Mais do que inquieto.

Talvez a ideia de voltar ao ritmo alucinado da sua vida em Londres tivesse aumentado o seu desejo sexual, que corria nas suas veias como mel grosso e doce. A garganta secou. Ou talvez ela fosse a responsável por tamanho desejo.

Observou quando a mulher atravessou o relvado na sua direção, esbarrando nas flores que brilhavam como discos pálidos à luz fraca do sol vespertino. A lua cheia iluminou o corpo vestido com uma camisa branca simples por dentro de uma saia escura que parecia, no mínimo, um número abaixo do dela. O avental destacava as ancas. Tudo parecia macio, pensou. Pele macia. Corpo macio. O cabelo espesso e apanhado, semelhante à seda, descia-lhe pelas costas.

A sua tensão era insistente, o seu membro estava duro, embora ela não fosse o seu tipo de mulher. Definitivamente, não era. Em geral, não ficava excitado com empregadas curvilíneas com sorrisos amáveis. Gostava de mulheres esbeltas e independentes, não ligeiramente arredondadas. Gostava de mulheres de olhares duros que tiravam as cuecas sem questionar e com facilidade. Mulheres que aceitavam os seus termos, que não deixavam margem para manobras. Termos que tinham ajudado a alcançar o seu lugar de homem influente e que lhe permitiam um estilo de vida livre de um compromisso com uma mulher ou com uma família. Porque não queria compromissos. Evitava qualquer mulher que suspeitasse ser meiga, carente ou doce. A doçura não era uma qualidade que exigia das parceiras de quarto.

Então, porque se babava por alguém que deslizava pela sua visão periférica a semana inteira, como uma ameixa prestes a cair da árvore? Tinha a ver com o avental, talvez. Algum fetiche com uniformes que despertava fantasias eróticas na sua cabeça?

– O seu café, senhor.

Até a sua voz era suave. Lembrou-se de ter ouvido a cadência baixa e musical quando ela confortara uma criança que magoara o joelho numa queda. Alek voltava de um jogo de ténis com o professor do hotel, quando a vira a ajoelhar-se ao lado do menino, emanando ternura. Enxugara o sangue com o lenço enquanto a ama, pálida como a cal, ficara parada ao lado. Ao virar a cabeça, a jovem vira Alek. Pedira-lhe que entrasse e trouxesse uma caixa de primeiros socorros com a voz mais calma que ele já ouvira. E ele obedecera. O homem habituado a dar, e não a receber, ordens voltara com a caixa e sentira um nó violento no estômago ao ver o menino a olhar para ela com os olhinhos cheios de lágrimas e um olhar de total confiança.

Agora, curvava-se enquanto punha a chávena de chá na mesa, atraindo-lhe a atenção para os seios apertados na camisa. Meu Deus, que seios! Deu por si a imaginar como seriam os mamilos espetados em direção aos seus lábios. Quando ela se ergueu, viu os olhos cinzentos emoldurados pelas pestanas claras e espessas. Usava apenas um fio de ouro ao pescoço e um crachá no qual se lia o nome, Ellie.

Para além de ser carinhosa e atenciosa com crianças, passara a semana a atender cada um dos pedidos dele e, embora isso não fosse novidade para ele, a presença dela fora surpreendentemente discreta. A jovem não tentara puxar conversa. Fora gentil, mas não comentara sobre as suas noites de folga nem se oferecera para o acompanhar. Em resumo, não se insinuara. Ela tratara-o com a mesma civilidade que demonstrava em relação a qualquer outro hóspede do discreto Hotel The Hog e talvez isso o instigasse. Cerrou os dentes. Alek Sarantos não estava habituado a ser tratado como os outros.

Contudo, não era apenas isso que lhe captava a atenção. Ela tinha algo de indecifrável. Ambição, talvez, ou apenas orgulho profissional. Isso fazia-o observá-la. Ou seria o facto de ela o fazer lembrar-se de si próprio há anos? No passado, alimentara a mesma ambição, quando começara sem um tostão e servira à mesa, como ela. Na época em que o dinheiro era pouco e o futuro, incerto. Trabalhara arduamente para escapar do passado e forjar um novo futuro e aprendera muitas lições ao longo do caminho. Achava que o sucesso era a resposta para todos os problemas e não se enganara. O sucesso tornava a vida menos amarga, embora ainda fosse preciso encará-la.

Não se apercebia disso agora, quando alcançara todos os sonhos almejados, quando acumulara dinheiro e as suas várias contas bancárias continham riquezas inimagináveis? Parecia que não importava quanto doasse a instituições de caridade, ainda continuava a ganhar mais. E, às vezes, isso fazia-o questionar-se sobre algo que o deixava constrangido, uma pergunta que não conseguia responder, mas que cada dia se tornava mais insistente.

A vida era só isso?

– Deseja mais alguma coisa, senhor Sarantos?

A voz da empregada era como um bálsamo.

– Não tenho a certeza – murmurou, erguendo os olhos para o céu. Lá no alto, as estrelas espalhavam-se no céu que escurecia, como se um artista celestial tivesse pintado uma tela. Pensou que devia voltar a Londres no dia seguinte e uma tristeza inexplicável fê-lo baixar a cabeça e observá-la. – A noite é uma criança.

Ela sorriu.

– Quando se passa o dia a trabalhar, às 23h30 da noite posso garantir-lhe que a noite não parece uma criança.

– Imagino – pôs um torrão de açúcar no café. – A que horas sai?

Ela esboçou um sorriso tímido, como se não esperasse a pergunta.

– Daqui a dez minutos.

Alek recostou-se e continuou a admirá-la. As pernas estavam levemente bronzeadas e a pele suave fazia com que quase se esquecesse de como os sapatos eram baratos.

– Perfeito – murmurou. – Os deuses devem estar a sorrir-nos. Porque não bebemos alguma coisa?

– Não posso – encolheu os ombros em resposta às sobrancelhas erguidas. – Não devo confraternizar com os hóspedes.

Alek esboçou um sorriso. «Confraternizar» não era uma palavra antiquada? Uma palavra irrelevante, pois ele nunca tivera ninguém. Quer dizer, alguém importante. Sempre estivera sozinho no mundo e era assim que pretendia viver. A não ser naquela noite estrelada, que pedia uma companhia feminina.

– Só estou a convidá-la para uma bebida, poulaki mou – indicou, baixinho. – Não tenciono arrastá-la para um canto escuro e forçá-la.

– É melhor não. É contra as regras do hotel. Lamento muito.

Alek sentiu algo estranho a percorrer a sua espinha. O seu coração batia com força em consequência do «não»? Quando fora a última vez que alguém lhe recusara alguma coisa. E a última vez que sentira aquela sensação? A sensação de que seria preciso fazer um esforço para obter algo em vez de o resultado ser previsível?

– Mas vou-me embora amanhã.

Ellie assentiu. Sabia. Todos no hotel sabiam quem era o bilionário grego que provocara um burburinho desde a chegada ao The Hog na semana anterior. Embora fosse o hotel mais luxuoso do sul de Inglaterra, habituado a hóspedes ricos e exigentes, Alek Sarantos era mais rico e mais exigente do que a maioria. Antes da sua chegada, o seu assistente pessoal enviara uma lista de itens a informar do que ele gostava ou não e todos os funcionários tinham sido alertados para observar cada item. E, embora Ellie tivesse considerado isso um exagero, seguira as instruções, pois gostava de desempenhar bem as suas tarefas.

Sabia que ele gostava dos ovos «com a gema mole» porque morara um tempo nos Estados Unidos. Que bebia vinho tinto e, às vezes, uísque. As suas roupas tinham chegado primeiro, entregues por um serviço de entregas e cuidadosamente embrulhadas. Os funcionários do hotel tinham sido convocados para uma reunião antes da sua chegada.

– O senhor Sarantos gosta de privacidade. Em nenhuma circunstância deve ser perturbado, a não ser que dê sinais de querer alguma coisa. É uma honra ter alguém como ele no nosso hotel, portanto, vamos deixá-lo à vontade, como se estivesse em casa.

Ellie seguira as instruções à letra, porque a formação no The Hog lhe dava estabilidade e esperança em relação ao futuro. Para alguém que nunca fora boa nos estudos, o hotel oferecia-lhe a possibilidade de subir na carreira, porque ela queria ser independente.

O que significava que, ao contrário das outras mulheres no hotel, tentara ver o milionário grego com uma certa imparcialidade. Não o seduzira, como as outras. Conhecia os seus limites e um homem como Alek Sarantos nunca se interessaria por alguém como ela. Muito curvilínea, muito comum… Nunca seria a escolha de um playboy internacional, portanto, para quê iludir-se?

Mas estava claro que o observara. Suspeitava que até uma freira olharia para ele de cima a baixo, porque homens como Alek Sarantos não entravam no radar de uma pessoa comum mais do que uma vez da vida.

O rosto marcado era demasiado duro para ser descrito como bonito e os lábios sensuais mostravam crueldade. O cabelo era cor de ébano e a pele parecia bronze envernizado, mas eram os olhos que capturavam a atenção e tornavam difícil esquecê-los. Olhos azuis, o que a levou a pensar naqueles mares banhados pelo sol da Grécia mostrados nos folhetos de viagem. Olhos irónicos que pareciam ter a capacidade de a fazer sentir… sentir o quê?

Ellie abanou a cabeça de leve. Não tinha a certeza. Sentir que havia algo perdido nele? Como se, incompreensivelmente, fossem almas gémeas? Que idiotice! Apertou a bandeja. Estava na hora de pedir licença e ir para casa.

Porém, Alek Sarantos ainda olhava para ela como se esperasse que mudasse de ideias e sentiu-se tentada a aceitar. Porque, afinal, não era todos os dias que um bilionário grego a convidava para uma bebida.

– Já é quase meia-noite – replicou, indecisa.

– Sou capaz de ver as horas – indicou, com um toque de impaciência. – O que acontece se ficar aqui depois da meia-noite? O seu carro transforma-se numa abóbora?

Ellie ficou surpreendida por ele conhecer a história da Cinderela. Isso significava que, na Grécia, contavam os mesmos contos de fadas? Surpreendeu-se ainda mais por ele a ter associado à famosa heroína que trabalhava como uma escrava.

– Não tenho carro. Ando de bicicleta.

– Mora no meio do nada e não tem carro?

– Não, não tenho – apoiou a bandeja na anca e sorriu, como se explicasse uma conta de subtrair elementar a uma criança de cinco anos. – Neste lugar, é muito mais prático andar de bicicleta.

– E quando vai a Londres ou para a costa?

– Não costumo ir a Londres. E existem coisas como comboios e autocarros, sabe? São chamados transportes públicos.

Ele deitou outro torrão de açúcar no café.

– Até aos quinze anos, nunca tinha usado um transporte público.

– A sério?

– A sério. Nem comboio nem autocarro, nem mesmo avião comercial.

Ela observou-o. Que tipo de vida tivera? Por um segundo, sentiu-se tentada a oferecer uma explicação sobre a sua vida. Talvez pudesse sugerir que se encontrassem na manhã seguinte e apanhassem o autocarro para Milmouth-on-Sea. Ou um comboio para qualquer lugar. Podiam beber chá quente em copos de papel enquanto admiravam a paisagem campestre pela janela. Podia apostar que ele nunca fizera isso.

Então, percebeu que estava a ultrapassar os limites. Ele era um bilionário e ela, uma empregada. Embora, às vezes, os hóspedes tratassem os funcionários de igual para igual, todos sabiam que não eram. Os ricos gostavam de se armar em pessoas comuns, mas isso não passava de uma brincadeira. Convidara-a para uma bebida, mas, falando a sério, que interesse é que um homem como ele podia ter nela? Podia ficar mal-humorado assim que ela se sentasse. Sabia que ele podia ser impaciente e exigente. O pessoal da receção não se queixara de que ele fazia um escândalo sempre que a internet caía? No entanto, ele estava de férias e, na sua opinião, ninguém de férias devia trabalhar.

Porém, Ellie lembrou-se de algo que o diretor-geral lhe contara quando ela participara no curso de formação. De vez em quando, os hóspedes importantes queriam conversar e, nesse caso, devia ouvir.

Então, olhou para os olhos azuis e tentou ignorar o arrepio na sua pele.

– Como é possível – perguntou, tentando fazer com que a voz parecesse casual e indiferente –, ter começado a andar de transportes públicos aos quinze anos?

Alek recostou-se na cadeira e pensou na pergunta, como um meio de mudar de assunto, embora ela o deixasse à vontade. Porque a verdade sobre o seu passado era algo que não discutia. Crescera num palácio, cercado de luxo. E odiara cada minuto passado naquela casa.

O lugar era uma fortaleza, cercada de muros altos e cães de guarda. Um lugar onde as pessoas eram trancadas dentro ou fora. Os empregados eram investigados antes de serem admitidos e recebiam salários astronómicos para fechar os olhos ao comportamento do pai dele. Mesmo as reuniões familiares eram arruinadas pela paranoia do homem por segurança. Ele vivia assustado, com medo de que histórias sobre o seu estilo de vida fossem publicadas nos jornais, com medo de que algo pudesse manchar a sua fachada de respeitabilidade.

Eram contratados seguranças para manter os jornalistas, ex-amantes e bisbilhoteiros afastados. Mergulhadores nadavam em missões de reconhecimento em torno de barcos estranhos, até darem autorização ao iate luxuoso para sair para o mar. Alex nunca soubera o que era viver sem a presença de um guarda-costas. Então, um dia, fugira. Aos quinze anos, deixara a casa e o passado para trás e quebrara as amarras por completo. Passara de uma vida fabulosa para a quase penúria, mas entregara-se ao novo estilo de vida com avidez. Nunca mais seria prisioneiro da fortuna do pai. Tudo o que possuísse seria ganho com o próprio esforço. Era uma das poucas coisas da vida de que se orgulhava. Talvez a única.

Só então percebeu que a empregada ainda aguardava a resposta e que já não parecia ter pressa para terminar o expediente. Ele sorriu. A expectativa fez o seu coração acelerar.

– Porque cresci numa ilha grega onde não existem comboios e apenas alguns autocarros.

– Parece o paraíso.

O sorriso de Alek desapareceu. Que clichê! No momento em que se dizia «ilha grega», todos achavam que mencionava o paraíso. Mas havia serpentes no paraíso, certo? Algumas almas torturadas moravam nas casas brancas com vista para o mar azul. Havia toda a espécie de segredos sombrios escondidos nas vidas aparentemente normais. Ele próprio descobrira isso do modo mais cruel.

– Parecia muito idílico visto de fora. Mas as coisas raramente são o que parecem.

– Imagino – mudou a bandeja para a outra mão. – A sua família ainda mora lá?

O sorriso era tão cortante como uma faca. A família? Não seria a palavra adequada para descrever as pessoas que o tinham criado. As prostitutas do pai tinham feito o possível, com sucesso limitado, mas, com certeza, era melhor do que não ter mãe. Ou ter uma mãe que o abandonasse e não se tivesse dado ao trabalho de ligar para saber como ele estava.

– Não. A ilha foi vendida depois de o meu pai morrer.

– Uma ilha inteira? – entreabriu os lábios. – Quer dizer que o seu pai era dono de uma ilha?

Outra onda de luxúria atiçou-o quando ela entreabriu os lábios. Se ele tivesse anunciado que tinha uma casa em Marte, ela não pareceria mais chocada. Bom, a riqueza isolava. E, para uma jovem que nem carro tinha, devia ser difícil imaginar alguém como dono de uma ilha. Olhou para as mãos dela e, por algum motivo, as unhas sem verniz apenas intensificaram o seu desejo. Percebeu que não fora completamente honesto quando dissera que não planeava arrastá-la para um canto escuro. Adoraria isso.

– Está aí há tanto tempo que deve ter terminado o seu turno – disse. – Podia ter bebido um copo comigo.

– Acho que sim – Ellie hesitou. Ele era tão persistente. De uma forma simpática.

– De que tem medo? – desafiou. – Acha que não vou ser um cavalheiro?

Foi um daqueles momentos da vida. A Ellie sensata devia recusar e agradecer. Devia ter levado a bandeja de volta à cozinha, pegado na bicicleta e ido para o seu quarto numa vila ali perto. Mas a luz da lua e o perfume forte das rosas faziam-na sentir-se o oposto de sensata. Passara mais de um ano desde a última vez que um homem a convidara para sair e nem podia considerar-se um encontro. Trabalhara tanto que havia pouca oportunidade de se divertir. Observou-o.

– Nem pensei nisso.

– Bom, pense agora. Serviu-me toda a semana, porque não me deixa servi-la para variar? Tenho um frigorífico cheio de bebidas em que nem toquei. Se estiver com fome, posso oferecer-lhe chocolates ou pêssegos – levantou-se e ergueu as sobrancelhas. – Porque não lhe sirvo um copo de champanhe?

– Porquê? Alguma comemoração?

Ele riu-se baixinho.

– Não é preciso uma comemoração especial. Todas as mulheres gostavam de champanhe.

– Eu não gosto – abanou a cabeça. – As bolhas fazem-me espirrar. E vou voltar para casa a pedalar. Não quero atropelar algum pónei no meio da estrada. Prefiro algo mais suave.

– Claro – esboçou um sorriso estranho. – Sente-se e vou ver o que encontro.

Entrou na villa, localizada no terreno imenso do hotel, e Ellie sentou-se na ponta de uma cadeira, rezando para que ninguém a visse, pois não devia estar sentada na varanda de hóspedes como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

Observou o terreno silencioso onde um carvalho fazia uma sombra enorme. A brisa acariciava as flores e, no fundo, as luzes iluminavam o hotel. A sala de jantar ainda estava iluminada por velas e ela vislumbrava pessoas a tomar café. Na cozinha, os empregados deviam estar a lavar a loiça. Nos andares de cima, casais retirariam os chocolates de boas-vindas deixados sobre as almofadas com fronhas de algodão egípcio antes de se deitarem. Ou talvez entrassem nas banheiras pelas quais o The Hog era famoso.

Pensou ter visto algo a mexer-se atrás do carvalho e a mergulhar nas sombras, mas, antes de conseguir decifrar o que era, Alek voltou com um copo de refrigerante para ela e algo parecido com uísque para ele.