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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Katherine Garbera

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Completamente minha, n.º 2283 - março 2017

Título original: The Moretti Arrangement

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9441-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Está tudo bem, senhor Moretti? – perguntou-lhe a sua secretária, Angelina De Luca, quando ele voltou ao escritório.

Dominic não sabia o que faria sem ela. Aquela mulher era uma deusa e precisava mais dela que nunca, agora que tinha havido uma fuga de informações na empresa.

– Não, Angelina, não estou bem. Preciso de falar com o Antonio imediatamente. Diz-lhe que venha ao meu escritório.

– Sim, senhor Moretti.

– Angelina, já te disse que podes tratar-me por Dominic.

– Sim, é verdade, mas quando chega ao escritório tão zangado como hoje… acho que é melhor respeitar o protocolo e tentar passar despercebida.

– Alguma vez te tratei injustamente? – perguntou-lhe Dominic.

– Claro que não – sorriu Angelina.

Dominic também sorriu. Se não fosse pela maldição que pendia sobre a sua família, teria demonstrado àquela preciosa secretária o quanto estava interessado nela.

A maldição profetizava, exactamente, que todos os membros da família Moretti teriam sorte no amor ou nos negócios, mas nunca em ambas as coisas.

Lorenzo Moretti, o avô de Dominic, tivera muita sorte nos negócios, mas morrera só e amargurado. O pai de Dominic, Giovanni, fora, e continuava a ser, um homem muito feliz no amor e tinha uma relação maravilhosa com a mãe de Dominic.

E agora os seus irmãos estavam a estragar tudo, não cumprindo o pacto de sangue que tinham feito em adolescentes. Tinham prometido que conseguiriam devolver o bom nome à família, tanto nos circuitos de Fórmula 1 como na empresa, especializada em carros desportivos de luxo.

Dominic vivia em Milão, mas viajava por todo o mundo para acompanhar os convidados que chegavam aos grandes prémios de Fórmula 1. Como presidente da Moretti Motors, estava encarregado, naquele momento, do próximo lançamento do Vallerio Roadster, um clássico dos setenta, que tinha o nome de um dos pilotos de Fórmula 1 mais conhecidos da época, Pierre Henri Vallerio, grande amigo de Lorenzo Moretti.

– Posso fazer alguma coisa por si? – perguntou-lhe Angelina.

– Continuar a fazer o teu trabalho – respondeu Dominic.

Cada vez confiava mais na sua secretária e, graças a ela, as coisas corriam bem. No ano passado, Dominic apercebera-se de que alguém andava a roubar segredos da Moretti. No início, tinha sido o design do motor e algumas modificações. Dominic, Antonio e Marco não tinham levado muito tempo a perceber que havia uma toupeira. Chegaram à conclusão que o infiltrado estaria nos escritórios de Milão, mas não tinham conseguido avançar mais.

Marco estava muito ocupado porque era o condutor de Fórmula 1 da equipa Moretti, logo não tinha tempo para controlar o que acontecia nos escritórios. Antonio estava ocupado com a família Vallerio, certificando-se de que o uso que faziam do nome do corredor cumpria com o que Pierre Henri assinara.

Portanto, a única pessoa disponível para investigar quem era o infiltrado era ele, que estava decidido a encontrar o espião e a enfrentá-lo.

– Vou dizer ao Antonio que venha o mais depressa possível – anunciou a secretária. – Recebeu uma chamada de Ian Stark. Deixei o telefone tocar até passar ao atendedor de chamadas para ele poder gravar-lhe uma mensagem.

– Obrigada, Angelina.

Dominic entrou no seu escritório, o escritório que todos os presidentes da Moretti Motors tinham ocupado, desde que o seu avô comprara aquele edifício em 1964. Naquela época, o avô não tinha poupado em despesas porque queria que todo aquele que entrasse no escritório ficasse com a ideia precisa de que quem ali estava tinha muito poder, queria que soubessem que se tratava de um homem que podia fazer coisas importantes.

Dominic aproximou-se da parede onde estava pendurado o retrato do avô ao lado do seu primeiro carro de Fórmula 1, o primeiro carro da Moretti Motors, que ele mesmo desenhara e conduzira no Grande Prémio de Le Mans.

Ao olhar para o avô, lembrou-se das promessas que Antonio, Marco e ele tinham feito. Era evidente que os seus irmãos estavam convencidos de que o sonho de reconstruir a empresa era já uma realidade, mas ele queria mais, queria que o legado do avô continuasse, queria que a empresa fosse sinónimo de luxo, velocidade e esplendor.

E não o conseguiria enquanto nos escritórios de Milão houvesse um espião a vender os segredos que eles tinham levado três anos a desenvolver.

 

 

Angelina ligou para Antonio e depois cumprimentou-o educadamente quando este chegou ao escritório de Dominic. Assim que o irmão do chefe entrou no escritório, tirou o sorriso da cara.

Adorava o trabalho que fazia na Moretti Motors, mas não acreditava que fosse durar muito. Estava numa situação comprometedora. Tinha permitido que a manipulassem, mas também não podia pôr a culpa nos outros, era responsável pelas suas acções e sabia que, dissesse o que dissesse a Dominic Moretti para tentar justificar o que tinha feito, não lhe ia servir de nada.

Estava meio apaixonada por ele, por aquele homem alto, forte e bonito que era do mais sensual, com os seus olhos escuros e penetrantes. Às vezes, quando olhava para ela, Angelina tinha a sensação de que lhe estava a ler o pensamento. Ainda bem que sabia que isso não era possível, que Dominic não podia ver as mentiras que Angelina ocultava com tanto cuidado.

– Angelina – chamou Dominic pelo telefone interno.

– Sim?

– Por favor, reserva-me mesa para jantar com os meus pais na sexta-feira, no Cracco-Peck.

– Às nove está bem?

– Sim.

Angelina fez a reserva e, de seguida, enviou um e-mail a Dominic e outro aos pais dele para confirmação. Angelina estava ao corrente de todos os detalhes da vida de Dominic, que vivia dedicado à sua empresa.

Aquele homem não era o presidente da Moretti Motors, era a Moretti Motors em pessoa. Os irmãos também tinham responsabilidades na empresa, mas Dominic vivia por e para ela.

E Angelina estava a roubar os segredos que tanto lhe tinham custado a desenvolver. Na verdade, há dois dias tinha ido a Londres para encontrar-se com Barty Eastburn, da ESP Motors, para dar-lhe os últimos planos da empresa.

Naquele momento, tocou o seu telemóvel. Ao olhar para o ecrã, viu que se tratava do seu irmão.

– Renaldo, agora não posso falar.

– É importante, Ange. Preciso que me faças outro favor. Eastburn não está satisfeito com o que lhe deste.

– Renni, não posso falar agora, a sério. Estamos a ser vigiados.

– Vão-me matar, Ange. Já sei que não é justo pedir-te que voltes a ajudar-me, mas não tenho outra pessoa a quem recorrer.

Angelina teve vontade de chorar. O irmão era o único familiar que tinha no mundo, mas não podia confiar nele. Apesar de terem apenas quinze meses de diferença, sentia-se muito mais velha que ele.

– Verei o que posso fazer. O que é que ele quer?

– Vais ter que vir a Londres. Já te comprou o bilhete de avião.

Angelina não sabia se ia ser capaz de seguir em frente com tudo aquilo. Não queria que matassem o seu irmão e sabia que Renaldo não estava a exagerar. Jogara e perdera muito dinheiro e, pelos vistos, a única maneira que tinha de pagar as dívidas era obrigando a irmã a trair o chefe.

– Neste momento não te posso prometer nada. Para dizer a verdade, não gosto nada de fazer isto, Renni.

O irmão não respondeu logo. Angelina ouviu o ruído do mar ao fundo e perguntou-se como teria o seu irmão chegado àquela situação.

– Compreendo perfeitamente, Ange. Fizeste muito mais do que qualquer irmã deveria ter que fazer pelo seu irmão.

Tinha dito aquilo com um tom de voz que denotava estar prestes a fazer algo estúpido e perigoso e Angelina não queria ter de voltar a ir visitá-lo ao hospital.

– Eu vou a Londres – acedeu.

– Obrigado, Ange.

– É a última vez, Renni. Quero que voltes para Milão comigo. Acabou-se o jogo.

– Está bem, eu prometo-te.

Angelina desligou o telefone e massajou as têmporas. Sabia que as promessas do seu irmão não valiam de nada. Sabia que o irmão era sincero naqueles momentos, que realmente queria deixar o jogo, mas uma coisa era querer e outra poder.

Nesse momento, abriu-se a porta do escritório de Dominic e o seu chefe saiu com o irmão. Angelina teve vontade de dizer-lhe que deixava o trabalho e ia sair dali a correr, mas, em vez disso, ficou a ouvir a conversa.

Antonio estava a dizer ao seu irmão que tinha terminado o design do Vallerio Roadster e que o esboço do novo motor estava em cima da sua mesa.

– Angelina, poderias vir ao meu escritório um momento, por favor? – pediu-lhe Dominic depois do irmão se ir embora.

– Sim, levo o bloco?

– Não.

Angelina levantou-se e Dominic deixou-a passar primeiro. Uma vez no seu escritório, sentou-se enquanto o seu chefe fechava a porta. A seguir, ficou a olhar para ela e Angelina teve a sensação de que tinha sido apanhada.

Dominic descobrira que tinha andado a roubar informações secretas e a entregá-las à ESP Motors. Embora não achasse piada à ideia de ir para a prisão, sentia-se aliviada, pois não tinha nascido para roubar e já o fazia há um ano.

– Chamei-te porque quero que me ajudes a preparar uma armadilha.

Angelina ficou pálida.

– Uma armadilha?

– Mandei que me fizessem duas cópias com a configuração do novo motor e quero que mandes uma ao Emmanuel e outra ao Stephan.

– E não seria melhor chamá-los ao escritório e falar com eles? – sugeriu Angelina.

Não queria que Dominic suspeitasse daqueles dois directores, pois eram os dois bons homens e tinham família.

Dominic negou com a cabeça.

– Contratei uma empresa de investigadores privados e disseram-me que temos que apanhar o espião com a mão na massa. Caso contrário, não poderemos provar que foi ele. Não quero que esse homem se fique a rir de mim depois de me ter roubado.

Angelina assentiu, apercebendo-se de que o momento da verdade estava muito perto.

Evidentemente, mais tarde ou mais cedo iam descobri-la.

 

 

No dia seguinte à tarde, Dominic estava muito satisfeito. Estava tudo em marcha para apanhar o espião. Tinha contratado Ian Stark, da Stark Security, um companheiro da universidade que se tinha encarregado, da mesma forma que ele, da empresa da família.

A Stark Security protegia ricos e famosos há mais de 100 anos, não através da contratação de guarda-costas, mas protegendo a propriedade intelectual, e faziam-no muito bem.

Tinham-no contratado para que apanhasse o espião infiltrado na empresa e estava naquele momento a ir para lá, motivo mais que suficiente para comemoração.

Os seus irmãos estavam ocupados e, embora tivesse o jantar com os pais naquela noite, queria celebrar imediatamente.

Ou será que estava à procura de uma desculpa para convidar a sua lindíssima secretária para beber um copo?

Sim, era isso.

Dominic saiu do escritório e viu que a secretária de Angelina estava vazia. Tinha-se sentado na sua cadeira e estava a deixar-lhe um recado quando ela voltou.

– Ah, estás aqui – disse.

– Sim, precisa de alguma coisa? – respondeu ela.

– Sim, que vistas um casaco porque vamos beber um copo para celebrar.

Angelina sorriu com aquele seu sorriso tão tímido que fazia com que Dominic tivesse as fantasias mais eróticas.

– E o que vamos celebrar?

– O facto de tudo ter corrido bem.

– Excelente.

Ao pôr-se em pé, Dominic percebeu como a sua secretária era pequena e feminina. Naquele dia levava um vestido justo de decote aberto. Tinha o cabelo encaracolado, cortado à altura do queixo, portanto, quando se movimentava, este ondulava à volta do seu rosto de porcelana.

Angelina aproximara-se da sua mesa, mas Dominic não se tinha afastado. Da posição onde estava, fixou-se nos seus lábios, naqueles lábios que sonhava beijar. Ao fazê-lo, apercebeu-se de que o lábio inferior era mais volumoso que o superior e, sem saber o que fazia, começou a inclinar-se sobre ela.

– Dominic.

– Mmm?

– Em que está a pensar? – perguntou-lhe Angelina.

Parecia nervosa e isso levou-a a molhar os lábios.

Como desejava beijá-la, queria sentir o sabor da sua boca e tê-la entre os seus braços. Agora que estava prestes a apanhar o espião, teria todo o tempo do mundo para dedicar-se àquela encantadora mulher.

Dominic precisava de uma aventura e queria tê-la com Angelina.

– Estava a pensar em ti.

– Em que sentido?

Sim, estava nervosa. Normalmente, Dominic gostava de mulheres mais sofisticadas, mulheres que sabiam ao que iam e que não se apaixonavam. Depois de dois anos a trabalhar junto de Angelina, sabia que ela não era assim.

Talvez o mais inteligente, por sua vez, fosse esquecer-se dela, mas não conseguia. Tinha tentado ignorá-la desde o princípio. Nessa altura, tinha sido relativamente fácil, pois vira-se obrigado a concentrar todas as suas energias em recuperar a empresa, mas ultimamente não conseguia parar de pensar em como aquela mulher era atraente.

– No sentido de beijar-te – respondeu Dominic.

– Porquê? – respondeu Angelina tapando a boca.

– E por que não?

– Porque trabalhamos juntos.

– Isso pressupõe algum problema?

Angelina inclinou a cabeça. Ao fazê-lo, despenteou um fio de cabelo, que lhe foi cair sobre a cara. Dominic apressou-se a pô-lo no seu lugar antes que ela tivesse tempo de reagir. Pareceu-lhe que tinha a pele muito suave. Claro que nunca duvidara disso.

Angelina apoiou o rosto na palma da sua mão e fechou os olhos uns segundos, o que o surpreendeu.

– Sim, acho que pressupõe um problema, porque gosto muito do meu trabalho – disse-lhe.

Dominic afastou a mão e deu um passo atrás com profundo respeito.

– És uma secretária maravilhosa e ser-me-ia muito difícil encontrar uma substituta.

– Então, despedia-me?

– Não, só te enviaria para outro departamento para que não te sentisses pressionada… ultimamente, não consigo parar de pensar em ti.

– Eu também pensei em ti – confessou Angelina, tratando-o por tu.

Dominic ergueu uma sobrancelha.

– A sério? E pensaste em quê?

– Não te vou dizer, mas aceito sair para tomar um copo contigo. Que celebramos?

– A Stark Security ter encontrado o espião. Amanhã pela manhã essa pessoa será entregue à polícia e nós seguiremos em frente com as nossas vidas.

Angelina corou.

– Já tens o nome?

– Não, ainda não. O Ian não gosta de dar esse tipo de informação por telefone.

– Como chegou à conclusão de quem se tratava?

– Eu conto-te enquanto bebermos esse copo.

– Ah, tinha-me esquecido que é quarta-feira.

– E depois, o que se passa às quartas-feiras?

– Vou a uma tertúlia literária. Esta semana toca-me a mim moderá-la, por isso não posso faltar. Sinto muito, Dominic. Parabéns por terem encontrado o espião – despediu-se pondo a mala ao ombro.

Dominic ficou a observá-la enquanto ela se ia embora. Gostaria de passar aquela noite com ela, mas sabia que, se queria que a Moretti Motors triunfasse, interessava-lhe que Angelina continuasse a trabalhar para ele.