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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Katherine Garbera

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Seis meses de paixão, n.º 2212 - janeiro 2017

Título original: Six-Month Mistress

Publicado originalmente por Silhouette® Books

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9412-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Está aqui Jeremy Harper.

– Ele que entre – disse Isabella McNamara, apesar de aquela visita não ter sido previamente combinada.

Desligou o telefone e recostou-se na sua elegante cadeira ao mesmo tempo que respirava fundo. Era apenas mais uma reunião. Reunia-se constantemente com os encarregados da empresa Fortune 500. Reunir-se com Jeremy não seria diferente.

Esfregou as palmas das mãos suadas na saia de seda e arrependeu-se de imediato. Queria estar no seu melhor, mostrar o encanto e a segurança de uma Angelina Jolie. Voltou a respirar fundo e repetiu mentalmente algumas palavras: «tranquilidade, indiferença, engenho…»

Mas com Jeremy era sempre tudo diferente. Nos últimos doze anos, vira-o exactamente doze vezes. E cada um desses encontros deixara-a trémula e a ansiar por mais. Uma vez que praticamente lhe cedera o seu corpo, a única coisa em que conseguia pensar, de cada vez que se viam, era em como seria sentir o toque da sua pele nua…

Céus! Aquele homem transformara-a numa tarada sexual. Sabia que ser amante de um homem não tinha a ver apenas com sexo, mas também com dinheiro. Mas jamais fora capaz de pensar em Jeremy apenas como um parceiro de negócios.

Não precisava de adivinhar o que o levava ali. Fizera um acordo com ele, três anos antes, e Jeremy estava ali para lhe cobrar a dívida. Não podia enganar-se ao pensar que estava ali por algum outro motivo.

A porta do seu escritório abriu-se e levantou-se para recebê-lo. Vestia um fato Dolce & Gabbana com o mesmo desembaraço com que os adolescentes vestiam calças de ganga e t-shirts. Entrou no escritório como se fosse dele.

Isabella conteve a respiração e lamentou achá-lo tão atraente. Mas aquilo acontecia-lhe sempre. E era, provavelmente, por isso que se encontrava naquela situação: estava em dívida para com aquele homem e não sabia se sobreviveria ao pagamento.

Jeremy fechou a porta com firmeza, mas Isabella mal reparou. Em vez disso, tentou ignorar o aroma da sua loção de barbear e o azul dos seus olhos enquanto a observava.

Aquele era o seu demónio. O homem a quem vendera a sua alma… e ele viera cobrar a sua dívida. Retorceu os dedos enquanto tentava convencer-se de que aquele homem de um metro e oitenta e cinco não a assustava. Mas não era verdade.

– Olá, Bella.

A sua voz era grave e profunda. Bella falara com ele ao telefone em numerosas ocasiões, mas a sua voz continuava a causar-lhe o mesmo impacto.

– Jeremy – respondeu enquanto recordava uma importante lição que a sua mãe lhe ensinara. «Nunca permitas que te vejam suar». Certamente, a sua mãe referia-se ao jet set de Palm Beach, ao qual tinham pertencido noutros tempos, mas calculou que aquela mesma regra podia ser aplicada a multimilionários sensuais. – Senta-te, por favor.

Jeremy ocupou uma cadeira em frente da secretária enquanto Bella abria a gaveta central para tocar na caneta Montblanc que pertencera à sua mãe e que se transformara no seu amuleto.

– O que posso fazer por ti? – perguntou com cautela. Era possível que Jeremy tivesse ido vê-la por outro motivo. Talvez quisesse que organizasse algo para a sua empresa, ou para a comemoração anual do quatro de Julho da sua família.

– Penso que sabes.

Bella suspirou.

– Terminou o tempo.

Jeremy riu-se e, por um momento, Bella esqueceu o seu medo, esqueceu que ele tinha todas as cartas naquela situação por sua causa.

– Esperava que o passar do tempo tivesse servido para aliviar os teus temores.

– Não tenho medo de ti – mentiu Bella.

Também não lhe interessava se Jeremy sabia disso. Desde que o seu pai morrera, quando ela tinha catorze anos, e que descobrira que toda a sua fortuna desaparecera, passara a conviver com pessoas que temia. Aprendera a viver com o medo de ser enganada pelas mesmas pessoas a quem chamara amigos.

Enfrentou de novo o medo quando a mãe morreu, quatro anos depois, e toda a responsabilidade de criar o seu irmão Dare, de catorze anos, recaiu sobre os seus ombros. Conhecera o verdadeiro medo da sobrevivência e jamais o admitira em voz alta.

Jeremy arqueou uma sobrancelha com uma expressão arrogante.

Bella forçou um sorriso.

– O Dare ainda está na universidade.

– Termina o curso no final do Verão e começa a trabalhar com a Fidelity no Outono.

– Como é que sabes? – perguntou Bella, surpreendida. Dare telefonara-lhe naquela mesma tarde para lhe dar a notícia do seu emprego. Soubera então que tinha que ligar a Jeremy para lhe dizer que estava pronta para cumprir a sua parte do acordo.

– Disse-te que me asseguraria do futuro do teu irmão.

– Pensei que te estavas a referir à bolsa de estudos – mas Bella suspeitava que ele tinha feito mais do que isso. Dare mencionara, em várias ocasiões, que Jeremy tinha ido visitá-lo.

Jeremy abanou a cabeça.

– Não estou aqui para falar do teu irmão.

Não, claro que não. Estava ali para falar dela e do contrato que tinham assinado três anos antes. Um contrato no qual aceitara ser sua amante durante seis meses em troca da ajuda que Jeremy lhes dispensara a ela e ao irmão.

– Então, começamos esta noite? – perguntou Bella finalmente.

Jeremy passara três anos à espera que Bella se visse livre das responsabilidades respeitantes ao seu irmão. Ao longo desses três anos, vira-o uma vez em cada três meses para confirmar que o seu acordo continuava de pé. Ela sonhara ao longo desses três meses com os seus apaixonados abraços… e alimentara a esperança de que, uma vez que começasse a sua relação, Jeremy se convencesse de que devia ser algo mais do que sua amante. Porque ela queria ser sua esposa.

– Acho que estás livre – disse Jeremy.

Bella estava. O novo director que contratara provara ser capaz de se encarregar de tudo e ela decidira tirar uma folga nessa noite, algo nada habitual. Mas como o descobrira Jeremy?

– Foi o Dare que te contou?

– Não foi preciso. Perguntei à tua secretária

Isabella assentiu enquanto pensava que ia ter de esclarecer algumas coisas com Shelley.

– És um homem muito consciencioso.

– Quando vejo algo que desejo…

– E desejas-me?

– Depois dos beijos que partilhámos, sei que não duvidas disso.

Bella não soube como responder àquilo.

– Hum… eu…

Jeremy levantou-se e aproximou-se dela. Bella levantou a cabeça para olhar para ele.

– Mudaste de ideias?

Bella não conseguia perceber nenhuma emoção no seu olhar. Parecia que a sua resposta lhe era indiferente. E tinha medo por isso. Quando aceitou o contrato estava desesperada por deixar de se sentir tão só no mundo.

Jeremy fez mais do que prometeu fazer e recomendou os seus serviços de catering e organização de festas aos seus sócios antes de ter qualquer referência real. Ajudou-a a fazer com que o seu negócio funcionasse e a assegurar o seu sucesso.

E ela desejava-o. Claro que o desejava. Mas assustava-a que a paixão secreta que sempre sentira por ele a fizesse acreditar que havia algo mais entre eles do que um mero acordo.

Sentira-se atraída por Jeremy desde que o conhecera, quando tinha dezasseis anos. Trabalhava como empregada de mesa no clube náutico de Palm Beach e Jeremy fora lá jantar com uns amigos da universidade. Estava bronzeado, em plena forma e parecia incrivelmente atraente. E foi muito amável com ela.

Quando finalmente a abordou, uns anos depois, Isabella sentiu-se muito entusiasmada… até que compreendeu que o que lhe estava a oferecer era um acordo de negócios. Um acordo que nunca lamentou ter aceitado.

– Não mudei de ideias. Dei-te a minha palavra – não se sentia culpada pelo contrato que assinara. Muitas mulheres casavam por dinheiro e depois divorciavam-se para se casarem de novo. No fundo, ela estava a fazer o mesmo.

– A tua palavra?

– Teve que ser assim. Quando me fizeste a oferta não tinha outra coisa – não gostava de recordar aquela época, o desespero e o sentimento de fracasso que sentiu.

– Tinhas o teu orgulho – disse Jeremy suavemente ao mesmo tempo que lhe segurava delicadamente no queixo.

Isabella humedeceu os lábios instintivamente.

– Ainda o tenho.

– Sim.

Isabella afastou-se dele.

– Sentir-me-ia mais confortável se tudo o que dissesses não parecesse tão arrogante.

– Não consigo evitar.

– Claro que consegues. Mas não queres.

– Tive trinta e quatro anos para chegar ao que sou.

– E nunca ninguém se queixou?

– Nunca à minha frente.

– Temo que não seja capaz de conter os meus comentários.

– Nem gostaria que o fizesses. Não tenciono pedir-te que finjas ser alguém que não és.

Mas estava a fazê-lo. Isabella não era a mesma mulher de há três anos atrás. E aos vinte e seis anos não tinha certeza de poder fingir que estavam juntos quando sabia a verdade. E a verdade era que ela era sua amante, que a relação tinha um prazo e que Jeremy planeava deixá-la sem voltar a olhar para ela e sem deixar para trás qualquer emoção.

 

 

Jeremy contemplou os grandes olhos castanhos de Bella e sentiu-se como se acabassem de lhe dar um murro no estômago que o deixara sem fôlego. Sentia que esperara séculos por aquela noite. Se Bella não parasse de parecer tão nervosa, não sabia o que ia fazer.

Era sua. Nunca esquecera esse facto ao longo daqueles três anos. A sua vida continuara como de costume, mas no fundo soubera sempre que Bella McNamara era sua. E finalmente podia reclamá-la.

Tinha um contrato com a sua assinatura. Um documento legal que proclamava que seria sua amante durante seis meses. Mas nem ele era capaz de ser tão miserável, não pretendia obrigar Bella a deitar-se na sua cama se ela não quisesse fazê-lo.

Mas não tinha qualquer problema em tentar seduzi-la, em usar a paixão que existira sempre entre eles para conseguir levá-la para onde queria.

– Como vão funcionar as coisas? Vamos directamente para tua casa? – perguntou Bella.

Tinha uma boca carnuda e tentadora. Foi a segunda coisa que chamou a atenção de Jeremy quando a conheceu. E já tinha saboreado aqueles lábios. Mas o que sentia por ela era… na verdade não sabia definir o que sentia por ela. Quis gritar bem alto.

– Não, directamente não. Esta noite vamos assistir à gala de beneficência do Instituto de Cancro Tristan Andrew. Quero manter o nosso acordo em segredo. Em público vamos fingir que estamos juntos.

– Obrigada – disse Isabella.

– Porquê?

– Por manteres o nosso acordo em privado. Não queria que toda a gente soubesse.

Jeremy não pretendia entender as mulheres, mas sabia que, socialmente, uma namorada e uma amante não eram a mesma coisa. Vira-o de perto com as mulheres do seu pai. Bella tinha suficientes marcas sociais contra si. Mas aquele era o único acordo que aceitaria dele. E ele entendia as amantes.

Teria gostado de poder organizar outro tipo de tarde… Um jantar íntimo para dois no seu iate, seguido de algumas danças debaixo das estrelas.

Os três anos anteriores tinham sido os mais longos da sua vida. Não permanecera solteiro, mas cada mulher com quem dormira transformara-se na sua mente em Bella. Era ela que ele desejava. Quando acordava de manhã imaginava que a tinha a seu lado, observando-o com os seus suaves olhos castanhos. Tornara-se uma obsessão… e um empresário de sucesso não podia permitir-se outra obsessão que não os negócios.

Bella voltou a humedecer os lábios e o corpo de Jeremy reagiu num instante. Queria saborear a sua boca de novo. Passara demasiado tempo desde o último beijo. Mas ia ter de se conformar em esperar até ao final da gala organizada pela sua mãe, que, para variar, não perdera a oportunidade de lhe telefonar e de lhe lembrar que estariam lá muitas jovens solteiras susceptíveis de se tornarem a esposa de Jeremy Harper III.

O que fazia com que aquela noite fosse ideal para ser visto com Bella em público.

– Sabias da gala?

– Perdemos o concurso para o catering – respondeu Isabella distraidamente enquanto ordenava alguns papéis na sua secretária. Só então Jeremy reparou no leve tremor da sua mão.

– Esquece o teu negócio por uma noite – disse enquanto tentava analisar a sua reacção. As suas próprias mãos tremiam perante a ideia de estar a sós com ela.

– Não me parece que isso seja boa ideia.

– Porque não?

– Porque a única coisa que existe entre nós é um acordo de negócios – respondeu Bella, observando-o.

Jeremy não soube interpretar com exactidão as suas palavras e a sua expressão. Se a única coisa que havia entre eles era um negócio, então não podia tê-la.

– O nosso negócio é demasiado pessoal – disse finalmente.

– Sim, é. E a verdade é que não tenho a certeza de…

Jeremy cobriu a boca de Isabella com os seus dedos.

– Podes mudar de opinião.

Ela abanou a cabeça.

– Não quero fazê-lo.

Jeremy sorriu com a esperança de que o seu alívio não fosse demasiado evidente. Era inquietante sentir-se tão atraído por uma mulher.

– Nesse caso, vamos à gala e esperemos para ver até onde a noite nos leva.

– E o contrato? – perguntou Bella, claramente incomodada.

Jeremy queria tranquilizá-la e sabia que tinha encanto de sobra para fazê-lo… mas com Bella não era como sempre. Descontrolou-se com ela desde que lhe sugeriu que fosse sua amante.

Nessa altura ela tinha apenas vinte e três anos, e parecia tão frágil…

– Podemos falar disso enquanto jantamos, depois da gala – respondeu. Não estava preparado para libertá-la do seu contrato. Sabia que um homem melhor do que ele o teria quebrado muito antes, mas era o seu único trunfo com Bella e não queria perdê-lo.

– De acordo. Vou dizer à minha secretária que nos faça uma reserva – disse Bella, esforçando-se por controlar a situação.

– Eu trato disso. Limita-te a pegar na tua mala para podermos ir.

– Ir? – Bella corou e olhou-o como se quisesse protestar. Jeremy sentiu que finalmente voltava a ver a verdadeira Bella, a mulher por quem se sentiu atraído pela primeira vez, uma mulher orgulhosa, apaixonada e decidida. Não dócil e temerosa.

– Sim. O meu motorista está à nossa espera lá em baixo.

Isabella sorriu com uma exagerada doçura.

– Agradeço a oferta, mas antes tenho que ir a casa mudar de roupa.

– Eu já tenho um vestido para ti.

– Também te agradeço, mas preferia vestir a minha própria roupa.

– E eu preferia que levasses o vestido que escolhi.

– Receio que nos encontremos num impasse.

– Não.

– Não?

– Não.

Bella permaneceu em silêncio por um instante.

– Sei que pensas que vais ter a última palavra, mas…

– Não penso. Sei.

– Porquê?

– Porque, como minha amante, terás que antepor as minhas preferências às tuas.